Por: Cláudio Magnavita

Coluna Magnavita | Trocou o governo? Na surdina, pastor-comandante demite TODAS as chefias (73) dos Bombeiros

Secretário e comandante-geral do CBMERJ, Tarciso Salles | Foto: Divulgação

O risco da volta das velhas e imorais práticas

Na parada de 7 de setembro do Rio, o desfile de quase 100 viaturas novinhas em folha do Corpo de Bombeiro arrancou aplausos. Alguns saíram do porto direto para a parada cívica. O governador Cláudio Castro foi o que mais investiu na corporação. Equipamentos foram comprados em concorrência internacional, acabando com negócios sempre questionáveis que eram feitos na corporação. Não houve nenhum registro de falta de transparência pela corporação que passou por um período de feitos heroicos, principalmente nas tragédias da Região Serrana.

O choque de gestão que o governador ainda como interino deu no CBMERJ acabou com alguns vícios que estavam encruados no Quartel do Comando. Vícios que fizeram a fortuna pessoal que misturava negócios privados com o poder público. Durante quase 4 anos, um grupo de oficiais graduados na ativa e na reserva tiveram seus negócios prejudicados.

O que estamos assistindo nos últimos dias merece uma atenção especial do quinto andar do Palácio Guanabara. Muitas coisas estão ocorrendo longe da vista do governante. A troca de um comando geral não deve ser questionada, até porque ela está erroneamente ligada ao status de secretário de Estado da Defesa Civil. Um SE deve ler diariamente o Diário Oficial para saber se deve ir trabalhar. É um cargo de confiança máxima. Cabe ao governante o poder de trocar, doa a quem doer. Ele pode fazer isso quando sente que, por uma questão de foro íntimo ou política, a troca é necessária.

No caso da Defesa Civil, isso implica na troca automática do Comando Geral do centenário Corpo de Bombeiro Militar do Estado do Rio. A oxigenação dada pela chegada da turma dos quarentinhas, agora sofre o reverso no comando da corporação. Antes mesmo da troca, o coronel Tarciso Salles tomou uma atitude de causar perplexidade e longe dos olhos da sociedade civil, já que seus atos são publicados em boletim interno e não do Diário Oficial, outro erro pela ausência de transparência. Ele simplesmente exonerou coletivamente todos os 73 ocupantes de diretorias e chefias, a grande maioria Coronéis graduados. Nenhum dos ocupantes ficou no cargo original. . Não sobrou ninguém. Agora ele se prepara para mexer nos quartéis. Será que nestes quatro anos a equipe não tinha ninguém que prestasse na função que merecesse continuidade?

O sentimento de restauração das velhas práticas é evidente nas mãos do pastor Tarciso e suas ovelhas encarnadas. Apareceu agora um coronel, acusado de corrupção em vídeo de um subtenente por ter manipulado um concurso recebendo propina. Ele vai chefiar um importante organismo ligado a corporação. Outro, que atacou o governador com termos impublicáveis quando foi exonerado o comandante geral do Governo Witzel. Um terceiro sargento, que foi preso, acusado de corrupção por fraude em respiradores da pandemia, fez chamadas de vídeo nas véspera da nomeação do pastor para ex-oficiais que trabalham no setor para dizer que era ele o responsável pela indicação e quem deveria receber as bênçãos. Um falastrão que coleciona bravatas e que aproveita uma proximidade com o poder para assumir falsas paternidades.

O Cel bmJose Albucacys Junior, chefe do Estado Maior e candidato natural à sucessão, foi trocado pelo Cel bm Luciano Sarmento. Albucacys terá de ir para a reserva tem muito o que contribuir.

A demissão de 73 ocupantes de todas as chefias seria aceitável se fosse Marcelo Freixo o governador. Mas a troca ocorre dentro de um mesmo governo, apenas com a substituição do ocupante da Secretaria da Defesa Civil. Por que esta mudança abrupta, se não há escândalos ou nada que desabone? Só a sede de vingança e a pressa de restabelecer os velhos métodos justifica a pressa. No governo, uma carta branca é dada para não ser usada e para avaliar a sede de poder. Quem a recebeu vai receber, de forma apequenada, o comando geral no próximo dia 12, às 9 da manhã.

Será que o pequeno Tarciso acredita mais no poder da oração do que na sua tropa e nas chefias que estavam aí? Será que ele não sabe que enfrentamos um período de seca e incêndios para mudanças abruptas? Até agora só os guarda-parques do valoroso Inea estão agindo nas reservas ambientais .

A troca de comando é salutar ao longo de um período. O ex-comandante Leandro Monteiro sai deixando um legado histórico. Ninguém é eterno neste posto. O governador sabe o que faz, já as pessoas que receberam o poder no CBMERJ deveriam saber é que este legado deixado só foi possível pelo carinho de Cláudio Castro à corporação e o apoio que colocou os salários entre os maiores do Brasil e reequipou com o que existe de mais moderno no mundo. Castro restaurou a dignidade da corporação, algo que esta turma que voltou não está percebendo e já estão se lambuzado como se independente fossem e abusando da confiança depositada.