Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Entressafra em Hollywood

'Duna - Parte 2' é o filme de maior arrecadação de 2024, com US$ 685 milhões - uma cifra modesta se comparada aos anos anteriores | Foto: Divulgação

Ao faturar cerca de US$ 25 milhões em três dias e assumir o primeiro lugar no pódio dos longas-metragens mais vistos dos EUA, no último fim de semana, "Guerra Civil" ("Civil War") reafirmou uma mudança no circuito exibidor, já encenada antes por "Oppenheimer" e pelos demais concorrentes ao Oscar deste ano, que é o interesse popular por tramas adultas, sem concessões. No entanto, os números na média geral nos lançamentos de fôlego comercial em Hollywood andam aquém do esperado. O maior sucesso desta temporada, "Duna: Parte 2", faturou cerca de US$ 685 milhões, posicionando-se a léguas distância da cobiçada marca do bilhão tão almejada pelos estúdios. Há um ano, esse recorde foi conquistado, no primeiro semestre, pela animação "Super Mario Bros.", com US$ 1,3 bilhão de receita, e, depois, a partir de julho, veio "Barbie", que contabilizou US$ 1,4 bilhão nas salas de projeção. Ao lado deles veio a oscarizada cinebiografia do físico J. Robert Oppenheimer, com US$ 970 milhões.

Animação aparece logo atrás de 'Duna 2'

Jason Statham é o zangão de uma colmeia de agentes assassinos em 'Beekeeper' | Foto: Divulgação

Nos Estados Unidos, de janeiro até hoje, quem ficou logo atrás de "Duna 2" foi "Kung Fu Panda", com US$ 454 milhões em sua poupança, tendo, logo atrás de si, "Godzilla e Kong: O Novo Império", com US$ 440 milhões. A surpresa maior de 2024 foi "Bob Marley: One Love", a cinebiografia do ícone maior do reggae, que faturou US$ 177 milhões desde sua estreia, em meados de fevereiro.

Igualmente surpreendente foi a marca de US$ 152 milhões alcançada pelo thriller "Beekeeper", que comprova a popularidade do inglês Jason Statham como Midas da pancadaria. A decepção maior foi "Ghostbusters: Apocalipse de Gelo", que somou US$ 160 milhões a duras penas. Vale lembrar que no Top Tem do ano há um título asiático, vindo da Coreia do Sul: "Exhuma", thriller sombrio sobre as consequências nefastas da remoção de um túmulo. Sua renda é de US$ 92 milhões.

Em anos anteriores, essas cifras seriam maiores, até porque os filmes de super-herói eram a maior diversão dos multiplexes, encarados como garantia de sucesso. Hoje, o filão está em fase de naufrágio, vide a desastrosa carreira dos títulos recentes do Flash e do Aquaman. A baixíssima performance de "Madame Teia" na conquista de público é uma prova. A aventura com Dakota Johnson chegou aos US$ 100 milhões, a duras penas, quando a expectativa era de muito mais, pelo menos três vezes mais.

A exceção dessa triste regras pode vir de "Deadpool & Wolverine", que estreia no fim de julho, com Hugh Jackman de volta ao papel do mutante mais amado da Marvel. Em outubro, os quadrinhos têm outra chance de mostrar seus poderes de regeneração nas telas com "Coringa: Delírio a Dois", com Joaquin Phoenix no papel do Príncipe Palhaço do Crime e com Lady Gaga de Arlequina.

Para as próximas semanas, o filme que pode elevar o ânimo de Hollywood é "O Dublê" ("The Fall Guy"), com Ryan Gosling no papel de Lee Majors, personagem vivido na televisão por Lee Majors na série "Duro na Queda". Estreia em 3 de maio. No dia 23 é a vez de "Planeta dos Macacos: O Reinado", de Wes Ball. Na mesma data chega "Furiosa: Uma Saga Mad Max", de George Miller, que terá projeção no Festival de Cannes no dia 15.

No Brasil, no ano passado, o maior faturamento foi de "Nosso Sonho: A História de Claudinho e Buchecha", com meio milhão de pagantes. Este ano, "Minha Irmã e Meu" arrancou sorrisos de redes exibidoras ao vender 2 milhões de tíquetes do réveillon ao carnaval, apoiado no duo carismático Tatá Werneck e Ingrid Guimarães.