Por: Thamiris de Azevedo

História do Quadradinho corre o mundo

A exposição "Brasília: da utopia à capital" se despede da cidade do Porto, em Portugal, e se prepara para sua próxima parada em 2024. A exibição narra, por meio da arte, a história da construção de Brasília. A mostra circula desde 2010 e já passou por 11 capitais: Madri, na Espanha; Buenos Aires, na Argentina; Santiago, no Chile; Nova Delhi, na Índia; Paris, na França; Berlim, na Alemanha; Roma, na Itália; Moscou, na Rússia; Lisboa e Porto, em Portugal; e claro, que também por Brasília. | Foto: Walter Craveiro

A exposição “Brasília: da utopia à capital” se despede da cidade do Porto, em Portugal, e se prepara para sua próxima parada em 2025. A exposição está no Instituto Pernambuco Porto desde 1º de agosto e termina sua estadia ali em 27 de outubro. A exibição narra, por meio da arte, a história da construção de Brasília.

A mostra circula desde 2010 e já passou por 11 capitais: Madri, na Espanha; Buenos Aires, na Argentina; Santiago, no Chile; Nova Delhi, na Índia; Paris, na França; Berlim, na Alemanha; Roma, na Itália; Moscou, na Rússia; Lisboa e Porto, em Portugal; e claro, que também pela capital Brasília.

A exposição já teve mais de 350 mil visitantes. O acervo inclui 300 obras variadas de mais de 50 artistas. São quase três toneladas de materiais que são deslocados de um país para outro.

Obras

Estão expostas esculturas de Maria Martins, Bruno Giorgi e Alfredo Ceschiatti. Também quadros de Athos Bulcão, Roberto Burle Marx e fotografias históricas de Marcel Gautherot, Peter Scheir, Jesco Puttkamer e Mario Fontenelle. Além disso, há projeções de filmes, desenhos arquitetônicos e muito mais.

“Em cada país visitado a curadoria faz uma pesquisa sobre as relações entre os dois países”, diz Danielle Athayde, curadora e idealizadora da exposição.

Segundo Danielle, em entrevista exclusiva ao Correio da Manhã, em cada lugar por onde a exposição passa, os visitantes têm reações diferentes. Destaca que em Paris, os visitantes passavam horas olhando as obras e desenhando os edifícios de Oscar Niemeyer. Já na India, questionaram se realmente a cidade existia e se a capital não era o Rio de Janeiro.

GDF

O Secretário de Estado de Cultura e Economia do Distrito Federal (Secec), Claudio Abrantes, esteve na cidade do Porto visitando a exposição. Conta que a exposição reflete o que representa Brasília.

“Um produto como essa exposição se agrega perfeitamente àquilo que imaginamos que é Brasília. É ousada, criativa, fomenta e inspira. Então quando isso chegou na Secretaria de Cultura, estávamos à frente de algo que temos a certeza de que representa tanto essa vocação, esse DNA de Brasília, como também representa o desejo da secretaria em mostrar toda essa beleza e arte, esse lúdico que se traduz em uma realidade, para o mundo. Estamos orgulhosos de ser parceiros dessa exposição”.

O secretário de Estado de Turismo do DF, Cristiano Araujo, também esteve por lá. Destaca como é importante observar Brasília de fora e que a capital é eleita a melhor cidade do país.

“Apoiar a exposição no Porto é fundamental para reforçarmos a conexão entre nossas culturas e compartilharmos a grandiosa história da construção de Brasília com o mundo. Composta por um acervo rico e uma maquete que ilustra com precisão o planejamento e a organização da nossa capital, é uma oportunidade única de promovermos o legado cívico, arquitetônico e urbanístico de Brasília” afirma o secretário.

Mestrado

Danielle Athayde relata que tudo começou em 2008. Na época, ela fazia mestrado no Instituto de Investigacción José Ortega y Gasset, em Madrid, e pensava com muita nostalgia em Brasília.

Percebeu que quando falava da cidade, gerava muita curiosidade por onde circulava. Daí, decidiu fazer o projeto com o intuito de apresentar Brasília para o mundo.

Pesquisou durante dois anos em um recorte que começou em 1750 com a decisão de Marquês de Pombal de transferir a capital para o interior, passando pelo sonho de Dom Bosco, pela carta de Atenas em 1933 feita por Niemeyer e Lúcio Costa até as metas de Jucelinho Kubitschek com a concretização da capital.

Parceria com Portugal

A exposição de Lisboa teve tanto sucesso que firmou parceria com o Instituto Pernambuco Porto Brasil (IPP), que também tem parceria com a Universidade do Porto.

O objetivo principal é estreitar os laços entre Brasil e Portugal, e subsidiariamente entre a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). As instituições oferecem um espaço de exposições sobre o Brasil na cidade.

A Gestora do IPP, Germana Soares, destaca ao Correio da Manhã que o projeto permite um intercâmbio cultural entre os países.

“A exposição permitiu à comunidade uma reflexão sobre os ideais e desafios que envolveram a construção dessa capital, idealizada como um projeto audacioso. A importância de acolher essa exposição vai além da exibição de um marco histórico, trata-se de um momento de diálogo intercultural, onde puderam revisitar o conceito de utopia através da materialização de um sonho urbano”.

A exposição termina com o seminário “Brasília Porto: Patrimônio, turismo, sustentabilidade e a CPLP”. Na ocasião, a coordenadora do Seminário e acadêmica do Instituto Histórico e de Geografia do DF, LeiIiane Rebouças, irá exibir o documentário sobre a mostra.

“O Seminário vem como uma inovação nessa edição da exposição que já existe há mais de 10 anos”.

Professor renomeado da UP Jorge Olímpio Bem lembra que Pedro Vaz de Caminho era do Porto e da importância da cultura brasileira para Portugal. Também destaca as contribuições que surgiram na cidade para a independência do Brasil.

“Importa que eu me refirme alguns pressupostos. Em primeiro lugar a relação que a cidade do Porto tem com o Brasil, em que foi aqui que partiu o primeiro capitão donatário da capitania de Pernambuco, Duarte Coelho, expôs os ideais liberais que desaguaram na declaração da independência do Brasil. Importa, ainda, destacar que o IPP se situa perto do Rio Douro, próximo ao mar e é a casa do Brasil e da língua portuguesa. Pois bem, esse seminário é a coroação da exposição de Brasília em Porto”.