Por: Redação

Comitiva da Emater-Rio visita vinícolas mineiras em busca de fomentar cultura no estado

Vinho de qualidade produzido no Rio de Janeiro: essa foi a missão da Emater-Rio no intercâmbio técnico, ocorrido no sul de Minas Gerais, durante os dias 13 e 16 de junho, em iniciativa organizada em conjunto da Emater-MG e Vitacea Brasil, com o propósito de disseminar conhecimentos e promover o desenvolvimento da produção de uvas em solo fluminense.

Os extensionistas visitaram, ao todo, quatro vinícolas: Bárbara Eleonora, Albuquerque Davo, Vitacea Enologia e Estrada Real foram os destinos dos técnicos. E, em cada uma das idas, novas perspectivas, ações e planejamento foram apresentadas. Os profissionais conheceram de perto como é realizado todo o processo, em cada esfera de produção do vinho, no cultivo da uva até chegar à taça.

Conhecido pela forte produção de vinhos, o sul de Minas Gerais mostrou que, não produz ótimos produtos a nível nacional, mas mundial - rótulos que não devem nada a verdadeiros clássicos da França, Argentina e Chile, países com grande tradição em produzir vinhos.

“Nós produzimos um vinho de excelente qualidade, porque nós colhemos a uva para produção de vinho no inverno, com baixas temperaturas durante a noite e altas temperaturas durante o dia. Essa amplitude térmica, além do clima seco e da altitude, dá uma boa condição para produzir vinho”, afirma o coordenador de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio

A Emater-Rio reuniu cerca de 20 profissionais e rumou aos municípios de São Gonçalo do Sapucaí e Caldas, em logística organizada pelo Coordenador de Culturas da Emater-MG, Sérgio Regina.

Em Albuquerque Davo, vinícola localizada no município de São Gonçalo do Sapucaí, Mariana Gonçalves e Aline Mabel foram responsáveis por receber todos os visitantes, mostrando a eles os resultados, esclarecendo dúvidas e destacando os principais pontos que podem prejudicar um vinhedo.

Dificuldade na produção de vinhos no estado

Especialista em vinhedos, a engenheira agrônoma Mariana Gonçalves apresentou os principais pontos que devem ser observados pelos técnicos na implementação da vitivinicultura em território fluminense:

“O primeiro passo é fazer amostragem de solo, ter a recomendação dos corretivos e dos fertilizantes, os corretivos devem ser aplicados de forma que consiga cumprir o prazo mínimo para que eles reajam no solo, depois é feito o todo preparo de subsolagem, aração e gradagem. Nas sequências, são montadas as espaldeiras bem alinhadas porque isso vai ser primordial para o manejo adequado para a condução das plantas. O plantio deve ser feito com mudas de raízes nuas e provenientes de um viveiro certificado pelo Mapa, com mudas de qualidade fitossanitária assegurada, que vai evitar problemas futuros”, esclarece.

A doutora em solos, ainda frisa o que para ela é outro fator importantíssimo para uma boa vitivinicultura no estado do Rio de Janeiro:

"Um outro ponto que nós devemos atentar, que é de extrema relevância, é a mão de obra. Recomenda-se uma pessoa por hectare, porém há alguns momentos que vai precisar de mais gente trabalhando no vinhedo, porque no momento de uma capina, alguma coisa mais trabalhosa, é necessário que se contrate ou que tenha mais pessoas trabalhando no vinhedo, para não deixar acumular os manejos. A videira exige muito manejo de desfolha, desbrota e aí a mão de obra essencial. Se passar do momento de fazer esses manejos, vai prejudicar toda a sequência das atividades", finalizou.

Consome muito, produz pouco

Segundo maior consumidor de vinhos no Brasil, o Rio de Janeiro ainda peca na produção do produto. Exatamente por isso, as visitas técnicas permitem aos extensionistas conhecerem de perto técnicas e práticas utilizadas nas vinícolas, além de trocar experiências com os produtores locais.

Areal, município da região Serrana, é o maior produtor de vinhos e uvas no estado, levando, assim, o título de capital estadual da uva. São cerca de trinta hectares de área plantada, com mais de oito variedades de uva. Existem 12 vinícolas se instalando na região, com uma produção estimada de 60 mil garrafas de vinho por ano.

Junior Florenzano, extensionista no município e um grande apreciador da vitivinicultura, ressalta a importância do intercâmbio rural não só para ele como profissional, mas também para o estado do Rio de Janeiro que agora pode vislumbrar uma nova perspectiva na produção de vinhos.

"Muita troca de conhecimento técnico entre as colegas. Para mim, principalmente, este intercâmbio foi fundamental, para nós técnicos. Também acho muito importante destacar como a gente vai atender o produtor que buscar por essa atividade”, destaca.

Murilo de Albuquerque, sócio do Grupo Vitacea Brasil, recepcionou a equipe da Emater-Rio no último dia de visitas técnicas, mostrou harmonizações com diferentes tipos de vinhos e as individualidades na produção dos mesmos. Por fim, ele ainda deu uma pequena palestra sobre a produção dos vinhos - temas como solo, manejo das plantas, colheita e características entre as uvas foram apresentadas.

O presidente da Emater-Rio, Marcelo Costa, por fim, agradeceu a parceria com a Emater-MG na logística, apresentação dos vinhedos e ressaltou a importância desse intercâmbio não só para os extensionistas, como também para a cultura na região fluminense:

"Conhecemos a tecnologia de produção, vinícolas, e todo esse ambiente ligado à produção de uva e de vinhos de qualidade, especialmente os vinhos de inverno aqui do sudeste do Brasil. Essa ação com uvas e com vinhos é importantíssima, levando tecnologia e conhecimento para os produtores do Rio de Janeiro, procurando contribuir com iniciativa privada, com produtores, com prefeituras e com as políticas públicas no estado. Nós estamos aqui com técnicos ligados à fruticultura lá no estado do Rio de Janeiro, de todas as regiões do estado, procurando alternativas para o território fluminense. Também agradeço a oportunidade e hospitalidade dos colegas da Emater-MG, a Integração entre Emater-Rio e a Emater-MG, que já vem trabalhando juntas em diversas ações, especialmente nas áreas próximas, nos municípios vizinhos, é essencial para o país”, disse.

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