Ex-aluno do Estado realiza o sonho de ser professor

Alan Moreira afirma que quer fazer a diferença na vida dos estudantes

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A história de Alan Moreira, de 34 anos, é mais uma prova de que a educação amplia oportunidades e transforma vidas. Ex-aluno da rede estadual de ensino, o cria de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, admite que sua perspectiva de vida não era boa por vir de família pobre e morar em comunidade. No entanto, com dedicação aos estudos e ajuda de educadores, reverteu a própria expectativa e conseguiu realizar o sonho de ser professor, formado em Educação Física, em 2023. No início de agosto deste ano, ele comemorou outra grande conquista: tornou-se professor contratado da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc-RJ).

"Para ser sincero, minha perspectiva era ser só mais um. Sou muito grato a todos os professores que me ajudaram na minha jornada e não desistiram de mim. Através do ensino, me tornei um profissional. A educação foi importante para me transformar na pessoa que sou hoje", diz.

Empolgado com o trabalho, Alan dá aulas para aproximadamente 250 estudantes em sete unidades escolares da rede em Caxias: os colégios estaduais Herbert Mouse e Vinícius de Moraes, e os Cieps 118 Vilson Macedo, 404 Clarice Lispector, 434 Professora Maria José Machado, 131 Professora Armanda Álvaro Alberto e 201 Aarão Steinbruch. A carga é de 30 horas semanais, além de outras atividades que ele faz voluntariamente.

"Quero fazer a diferença na vida de meus alunos, assim como outros professores fizeram na minha. Pretendo ser para eles 50% do que foi meu ex-professor Rogério Elias. O que ele fez por mim e por outros estudantes eu nunca vi outro fazer", conta.

Alan se refere a Rogério Elias Vieira, professor de Educação Física, a quem considera um pai e uma inspiração. Na época, ele estudava no Ciep 031 Lirio Laguna, também em Caxias, onde cursou do 5º ano do Ensino Fundamental até a 2ª série do Ensino Médio. Como aluno, no início, era indisciplinado, gostava de fazer bagunça, mas melhorou o comportamento e passou a se identificar mais com os esportes graças aos conselhos do educador.

Durante mais de 30 anos, ele morou na comunidade Parque Vila Nova, conhecida como Lixão. A infância e a adolescência foram conturbadas. A mãe trabalhava fora e só ia para casa uma vez por mês. Enquanto isso, sem pai, que abandonou a família, os sete filhos ficavam aos cuidados do irmão mais velho e dos vizinhos. Casos de alcoolismo e violência doméstica também fazem parte de suas memórias. Por isso tudo, Alan garante que sabe lidar muito bem com os jovens que vêm da mesma origem.

"Por ter estudado em escola pública e vivido em comunidade, tenho uma convivência muito boa com os alunos. Consigo falar a linguagem deles, respeitar o que sentem. Sou um cara muito brincalhão, extrovertido, trato como eles devem ser tratados, tudo com muito respeito", declarou.