Por: Rogerio Dardeau
Essa é uma pergunta muito frequente. Vamos por partes. Primeiramente, é importante informar que nós não temos, no Brasil, uvas viníferas próprias, como os países
produtores tradicionais do Velho Mundo. E logo vem uma segunda questão: tendo sido Portugal o colonizador, por que os vinhos brasileiros são elaborados predominantemente com uvas de origem francesa? Mais: se foram os colonos italianos que desenvolveram a vitivinicultura brasileira, como nossos vinhos não são majoritariamente de uvas italianas?
A verdade é que os ítalo-descendentes estabelecidos na serra gaúcha, ao decidirem elaborar vinhos finos comercialmente, sabiam da fama das castas francesas. Foi isso! Mas, hoje, o cenário é outro e, na expansão de nossa fronteira vitivinícola, encontramos grande variedade de castas e um lugar onde a dedicação às italianas é muito grande.
Os vitivinicultores da Indicação de Procedência Vinhos de Altitude de Santa Catarina conseguiram! O cultivo e a vinificação de uvas de origem italiana são êxito total! Ali, encontramos, pelo menos, as brancas Garganega, Grechetto Bianco, Ribolla Gialla, Verdello, Vermentino, além das tintas Aglianico, Corvina, Molinara, Montepulciano, Nero D’Avola, Pignolo, Rebo, Rondinella, Sangiovese e Teroldego. O Villaggio Conti Teroldego 2020 é um belo exemplo. Uma cor rubi brilhante, límpida. Os aromas nos lembram violeta e cereja bem madura, entre outros. No paladar, um tinto realmente fino, macio, de corpo médio, taninos educados e bom equilíbrio entre os 13% de álcool e a acidez. Os aromas de boca nos levam a notas de café e chocolate. Os 12 meses em barricas de carvalho americano agregaram discreta presença. É um Teroldego com a personalidade da IP Vinhos de Altitude de SC e ainda tem muita vida.
