Após uma passagem de muito sucesso por São Paulo, onde tomou o Parque Ibirapuera e recebeu mais de 100 mil visitantes, a ExpoDinos chega ao Rio de Janeiro, trazendo o acervo do Museu Paleontológico Egidio Feruglio, da Patagônia, para uma tenda com mais de 3 mil metros quadrados montada no estacionamento do Barrashopping.
É uma oportunidade única na vida para que crianças e adultos possam aprender um pouco mais sobre a origem da vida na Terra e sobre o passado de algumas das principais espécies do planeta. São várias peças exóticas, incluindo cópias 3D para as crianças passarem a mão, réplicas e fósseis originais de dinossauros que estão disponíveis em pouquíssimos museus do mundo, sendo algumas exclusivas do museu patagônico, que agora chegam ao Rio pela primeira vez.
O passeio é uma verdadeira aula de história e ciências, passando pela geologia, biologia, paleontologia e história natural. Se os dinossauros já encantavam nos cinemas, feitos de acordo com a imaginação dos diretores, os fósseis impressionam ainda mais, porque estão próximos do público, dão uma sensação de escala muito interessante e são registros reais desses animais fantásticos que dominaram a Terra por milhões de anos.
O CORREIO DA MANHÃ foi convidado para conferir a exposição e foi impressionante! Durante as explicações do paleontólogo e professor da USP, Luiz Eduardo Anelli, crianças e adultos sequer piscavam diante dos fósseis e das explicações do professor, que agregaram conhecimentos inestimáveis aos que estavam na visita e despertaram ainda mais a imaginação da molecada, que fez todas as perguntas possíveis para entender melhor o que eram aqueles animais expostos na tenda.
Além dos dinossauros, a tenda com mais de 3 mil metros quadrados no Barrashopping impressiona. A exposição tem uma iluminação mais escura, que remonta aos clássicos documentários sobre dinossauros feitos nos museus estrangeiros. E para Júlio Cesar Figueiredo, sócio da Atual Produções e organizador da ExpoDinos, o maior desafio foi mesmo a logística.
“Essa exposição foi um desafio enorme, principalmente por conta da logística. A ideia começou em 2018 e era para ser só em São Paulo. Com a pandemia, a gente acabou perdendo o patrocinador. Mas conseguimos vender o projeto para um novo patrocinador, e por uma provocação da BB Seguros, conseguimos fazer a exposição viajar. Agora estamos no Rio, depois vamos para Minas Gerais e aí Brasília. [...] O projeto é realmente encantador. Quando eu fui para a Patagônia conhecer o museu, vi que esses animais são lindos. É impressionante ver o tamanho e as formas, mas é muito mais impressionante ver o que eles contam. Saí muito impactado pela mensagem dessa exposição. O que você sente, o que você aprende quando sai dela é fantástico. Ela te instiga muito. Ela tem muito de entretenimento, mas absolutamente muita informação”, explicou Júlio Cesar.
E para ajudar os mais curiosos, a exposição conta com especialistas para explicar mais a fundo sobre as peças ali exibidas. Além disso, ter uma mostra com essa riqueza de detalhes e valor histórico é uma forma de expandir o turismo na Cidade Maravilhosa, que tem muitos encantos fora das belezas naturais. É um projeto que traz turistas de fora para apreciar e aprender sobre esses animais, mas também instiga os próprios cariocas a fugirem de suas rotinas e explorarem mais a própria cidade. E nesse caso, quem sai como grande beneficiada disso tudo é a Barra da Tijuca.
Para o paleontólogo, professor da USP e curador da ExpoDinos, Luiz Anelli, a mostra é mais do que tudo uma oportunidade. Não só de ver animais que já não mais existem, mas principalmente de entender sobre a origem e a importância de preservar a Terra.
“Essa exposição é, de fato, um grande presente para os jovens, os adultos e as crianças... É um presente para a cidade do Rio de Janeiro. É realmente uma forma de tratar os cariocas com dignidade, proporcionando uma experiência dessas. Os dinossauros nos contam uma história muito espetacular. A história deles aconteceu no intervalo de tempo geológico mais impressionante da Terra, que foi de 250 milhões até 65 milhões de anos, que foi quando teve a grande explosão. É um mundo que começa com um continente e dois oceanos, e termina com seis massas continentais e cinco oceanos. Ou seja, foi um tempo de transformação. Tudo que conhecemos hoje, praticamente tudo, é fruto da Era Mesozoica, do tempo dos dinossauros. Daqui a 10 milhões de anos, talvez até bem menos, nenhuma das espécies que nós conhecemos hoje existirá. Elas serão extintas e esse é um processo natural. Novas espécies aparecerão, porque o mundo se transforma. A geologia se transforma. A fim de sobreviver, a vida precisa de novas espécies adaptadas a novos ambientes. E os dinossauros viveram em um mundo de muita transformação. Foi um intervalo de tempo único. O que a gente vê na exposição é um espetáculo de anatomia, um show de morfologias que a gente não está acostumado. O tempo dos dinossauros foi o tempo que os mamíferos nasceram. Nossos ancestrais surgem de um mamífero no tempo dos dinossauros. As plantas com flores, que estamos tão acostumados hoje, surgiram no tempo dos dinossauros. Essas plantas se transformaram e transformaram o mundo até os dias de hoje. Essa história dos dinossauros é muito educativa porque nos ajuda a entender o mundo atual, e eu acho que muitas das atrocidades que a raça humana comete com a natureza vem muito dessa falta de conhecimento e amor pela história da Terra. É uma grande oportunidade de ver 200 anos de trabalhos científicos, experimentos e testes. E o resultado é essa exposição esplendorosa”, explicou o professor Luiz Anelli.
A principal atração da mostra é, claro, o maior dinossauro do mundo. Com cerca de 40 metros de comprimento, o Patagotitan tem uma ala dedicada exclusivamente a ele. Quando vivo, estima-se que o animal tenha pesado em torno de 72 toneladas. Então, para comportar um colosso desses, nada mais justo que dedicar uma seção todinha para ele. Além do impressionante esqueleto, há também várias informações fascinantes sobre o Patagotitan. Por exemplo, mesmo sendo um dinossauro de dimensões colossais, ele colocava ovos do tamanho próximo ao de uma bola de basquete, gerando bebês que nasciam do tamanho de um neném humano. Outro ponto interessante é uma caixa com um tamborzinho para simular os batimentos cardíacos do dinossauro. Segundo o professor Anelli, o Patagotitan tinha apenas 10 batimentos cardíacos por minuto. Em nível de comparação, um coração humano saudável gera entre 50 e 90 batimentos por minutos.
Mas não pense que a exposição vale “apenas” pelo Patagotitan. A coleção conta com vários outros fósseis, como o famoso Carnotauro, vilão da animação “Dinossauro” (2000), da Disney, e um crânio de Giganotossauro, que fez sua estreia nos cinemas em “Jurassic World: Domínio” (2022). Só que a outra grande estrela é justamente um dos menores dinossauros do acervo. Logo no início da ExpoDinos, um pequeno fóssil meio arqueado chama a atenção. Se trata de um Buriolestes, reconhecido pelo Guinness Book como o fóssil de dinossauro mais antigo do planeta. Com mais de 233 milhões de anos, essa ossada foi descoberta aqui no Brasil, no Rio Grande do Sul.
Saber que o dinossauro mais antigo do mundo é brasileiro é apenas uma das impressionantes informações que a ExpoDinos proporciona. É uma exposição fantástica, que mescla como poucas o entretenimento com o conhecimento. E para as crianças menores, há uma série de atividades interativas, como uma caixa de areia em que elas podem escavar fósseis. A exposição já está aberta para o público e ficará no estacionamento do Barrashopping até o dia 16 de abril de 2023. Até o dia 28 de fevereiro, haverá sessões todos os dias da semana. A partir de 1º de março, a exposição passará a funcionar de terça a domingo. Os ingressos custam R$ 25 (meia entrada) e R$ 50 (inteira), sendo que crianças de até dois anos não pagam.