Por:

É hora do chá!

Mestras chinesas no serviço do chá servem a bebida aos visitantes da exposição | Foto: Robert S/Divulgação

Revitalizada em outubro e reaberta ao público, a Casa Pacheco Leão - um dos mais emblemáticos prédios históricos do Jardim Botânico - apresenta a exposição inédita "Rota do Chá - Botânica, Cultura e Tradição", com curadoria de Alexandre Murucci. A mostra conta, de maneira imersiva e multissensorial, toda a história desta bebida milenar desde suas origens ancestrais na China até sua disseminação global, com destaque para os rituais, as artes e a evolução social, associados à sua produção e consumo.

Além de ser uma bebida consumida mundialmente, o chá carrega consigo milênios de história, tradições e rituais que transcendem fronteiras. É uma representação líquida de culturas de diversos povos e épocas. Ao focar na história do chá, o projeto enfatiza não apenas a importância da bebida, mas também as múltiplas histórias e interações culturais que ela inspirou ao longo dos séculos.

O objetivo é que o público faça uma imersão sobre a rica tapeçaria cultural do chá, explorando suas origens, sua jornada global e seu papel na construção de conexões entre diferentes culturas, especialmente entre Brasil e China. A entrega do imóvel e a exposição fazem parte das ações em comemoração aos 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países.

O Jardim Botânico foi o primeiro lugar no Brasil onde foi introduzido o cultivo da planta do chá (Camellia sinensis (L.) Kuntze), por chineses trazidos pela coroa portuguesa especialmente para esse trabalho, no início do século XIX.

"Estamos muito contentes em descortinar para os cariocas esta joia escondida no Jardim Botânico, que é a Casa Pacheco Leão, inaugurando o espaço com uma exposição totalmente inédita sobre a rota do chá, que, além de ser uma bebida consumida mundialmente, carrega consigo milênios de história, tradições e rituais que transcendem fronteiras", destaca Steffen Dauelsberg, CEO da Dellarte, que organizou a exposição e ingressa em nova área de atuação, a revitalização cultural. Continua na página seguinte

 

Lendas e fatos se entrelaçam nas origensda bebida

Dividida em vários ambientes, a exposição conta a história do chá desde suas origens ancestrais na China até sua disseminação global, com destaque para os rituais, as artes e a evolução social, associados à sua produção e consumo | Foto: Robert S/Divulgação

Aexposição "Rota do Chá - Botânica, Cultura e Tradição" comporta vários ambientes e inúmeras peças para contar a história dessa bebida tão enraizada nas profundezas da China antiga que lendas e fatos se entrelaçam para criar uma narrativa envolvente. Uma das mais conhecidas conta a história do imperador Shen Nong, que teria descoberto a bebida acidentalmente ao deixar algumas folhas caírem em água fervente.

Embora a veracidade dessa história seja questionável, o que se sabe é que o chá era consumido na China há milênios, inicialmente como uma bebida medicinal. Com o passar do tempo, tornou-se parte integrante da cultura chinesa, sendo apreciado por suas propriedades estimulantes e relaxantes.

A partir da China, o chá se espalhou por toda a Ásia, ganhando popularidade em países como Japão, Índia e Sri Lanka. Cada cultura desenvolveu suas próprias tradições e rituais em torno da bebida, enriquecendo ainda mais a sua fascinante história.

A chegada do chá à Europa ocorre somente no século XVI, quando navegadores portugueses que estabeleceram rotas comerciais com a Ásia. Inicialmente, a bebida era considerada um produto de luxo, consumido apenas pelas classes mais altas. No entanto, sua popularidade cresceu rapidamente, e logo o chá se tornou parte da vida cotidiana em diversos países europeus.

No Brasil, seu cultivo teve início no século XIX, durante o período colonial. As primeiras mudas foram trazidas de Portugal e plantadas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A produção, no entanto, só se expandiu de forma significativa no século XX, com o estabelecimento de grandes plantações no sul do país.

O chá branco é o mais nobres dos chás por ser preparado com as folhas mais jovens da planta e possui um sabor delicado e floral. Já o de tipo verde é rico em antioxidantes e conhecido por seus benefícios para a saúde, como a prevenção de doenças cardíacas e o combate ao envelhecimento. O preto é o mais oxidado de todos, o que lhe confere um sabor mais forte e encorpado. è o tipo de chá mais consumido fora da China. E o chá mate é originário de uma planta nativa da América do Sul, uma bebida estimulante e rica em nutrientes.

Entre os destaques da exposição está a coleção de louças de porcelana e prata usadas para o consumo de chá de 12 países e estilos diferentes, dos séculos 18, 19 e 20, introduz o público no universo do chá, além do vídeo que fala sobre os 5 mil anos de história.

Uma instalação artística leva o visitante a refletir, de forma lúdica, sobre questões relacionadas à ciência e meio ambiente, dados sobre o cultivo e o impacto das mudanças climáticas na cadeia produtiva do chá.

Na sala sensorial, o público pode sentir as diferenças entre os vários tipos originais de chá, pela sutilezas de cheiro, cor e textura das seis categorias originais da China. A sala Cerimônia do Chá apresenta o preparo da bebida conforme a tradição chinesa, com a presença de chinesas mostrando o passo a passo da cerimônia desde o preparo até a apreciação do chá. Num outro ambiente, a sala Serviços do Chá, o público faz uma viagem afetiva sobre os rituais do chá, com mais de 100 peças expostas de épocas, estilos e procedências variadas.

Há também a sala das iconografias e rotas do chá, com games e porcelanas táteis que levam o visitante à história botânica, científica e geográfica da "Camellia Sinensis, a planta do chá.

E na sala O Chá conectando Culturas os visitantes têm acesso a objetos de todo o mundo, indo de samovares ao mate carioca nas praias do Rio, apresentados em mais um item expográfico com a assinatura do curador, artista e designer Alexandre Murucci.

SERVIÇO

ROTA DO CHÁ - BOTÂNICA,

CULTURA E TRADIÇÃO

Casa Pacheco Leão (Rua Jardim Botânico, 1008)

Até agosto/25, de quinta a terça (10h às 17h) | Grátis