Por: Pedro Sobreiro

'Chaves' completa 40 anos no Brasil e ganha exposição voltada ao seriado no MIS Experience

Roberto Gómez Fernández se emocionou na inauguração da exposição sobre o legado de seu pai, o lendário Chespirito | Foto: Pedro Sobreiro

Por: Pedro Sobreiro

Lançado em 1971, o seriado 'Chaves' só chegou ao Brasil em 1984. Ele veio no pacote de programas da Televisa, mas dizem os boatos que o show não teria agradado Silvio Santos. Mesmo assim, quis o destino que o 'Homem do Baú' mudasse de ideia e decidisse exibir a comédia latino-americana, dando início a quatro décadas da mais brasileira produção mexicana já feita. Agora, para comemorar os 40 anos do 'Chaves' no Brasil, o MIS Experience, em parceria com o Ministério da Cultura e a Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, inaugurou 'Chaves: A Exposição', a maior mostra já feita para celebrar o legado de Roberto Bolaños, o Chespirito.

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Vila do Chaves foi recriada com uma riqueza de detalhes fantástica | Foto: Diego Valverde/MIS

Ao longo de 26 salas, totalizando mais de mil metros quadrados de pura cultura e informação, a exposição reúne itens originais das séries 'Chaves' e 'Chapolin Colorado', como figurinos utilizados pelo elenco e até mesmo a Marreta Biônica original do 'vermelhinho', além de recriar - com uma riqueza de detalhes absurda - os cenários da turma vila mais famosa do Brasil.

Diferentemente de algumas ativações de eventos, a mostra permite ao público tirar muitas fotos, mas firma um compromisso de trazer informações para quem passar pelo MIS Experience, contando a história dos figurinos, revelando segredos de bastidores e emocionando os fãs do Chespirito.

Dentre as atrações, cenários como o restaurante da Dona Florinda, o pátio da Vila e a 'guerra de refrescos' entre Chaves e Kiko impressionam pela fidelidade ao que é retratado na série. É impossível não se emocionar ao ver esses elementos que marcaram a infância - e por que não a vida? - de milhões pelo Brasil.

Para quem optar por acompanhar a exposição por meio do audioguia, há uma grande surpresa. A pessoa poderá ouvir vozes bastante familiares. Isso porque Carlos Seidl e Cecília Lemes, dubladores do Seu Madruga e da Chiquinha, respectivamente, foram convidados e gravaram o guia interpretando os personagens.

"A gente se 'apropriou' do Chaves, porque usa bordões no dia a dia. No fim, o Chaves virou um personagem brasileiro. Essa exposição celebra a história do Roberto Bolaños, mas diz muito sobre a gente. O Chaves era um menino abandonado que acabou sendo acolhido por um coletivo para tentar ajudá-lo. É um personagem que perpassa gerações. Com a exposição, ao trazê-lo de volta ao Brasil, a gente quer mostrar um pouco do Chaves para as crianças. Ele é atemporal", comentou a Secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, Marilia Martan.

A Secretária reviveu momentos de sua infância e ressaltou a importância da cultura não só para o desenvolvimento social, mas também financeiro de São Paulo.

"A gente vivenciou essa experiência imersiva de estar nos cenários da série, como na Casa da Bruxa do 71, que eu lembro ter sido um episódio muito esperado, porque a gente dependia da programação para ver os programas na TV, e foi algo muito incrível. Entrar lá e ver os elementos, como o bonequinho do Seu Madruga, foi perfeito. É uma exposição que mexe diretamente com esse fator cultural, mas a gente não pode deixar de falar o quanto ela gera de empregos, o quanto ela movimenta financeiramente a cadeia produtiva de São Paulo, e a gente precisa lembrar disso o tempo todo. Cultura traz entretenimento, traz conhecimento e gera renda. A Cultura é a grande ferramenta do Século XXI", concluiu.

"Meu pai ficou surpreso com o sucesso da série no Brasil diariamente até seu último dia de vida"

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Roberto Gómez Fernández se emocionou na inauguração da exposição sobre o legado de seu pai, o lendário Chespirito | Foto: Pedro Sobreiro

A convite do MIS Experience, o CORREIO DA MANHÃ foi conferir a inauguração de 'Chaves: A Exposição' e pôde conversar brevemente com Roberto Gómez Fernández, presidente do Grupo Chespirito e filho de Roberto Bolaños, que se emocionou bastante ao ver o legado do pai celebrado em uma mostra tão rica e significativa. E o que mais o surpreende até hoje é ver como uma obra em espanhol conseguiu transcender as barreiras do idioma e virou um fenômeno cultural no Brasil, que fala português.

"Meu pai estaria perplexo com essa exposição se pudesse estar aqui. Ele ficaria de queixo caído com o impacto que sua obra causou em um país que fala outra língua. Ele ficou surpreso com o sucesso da série no Brasil diariamente até seu último dia de vida. Ele me disse que jamais conseguiu compreender o tamanho do carinho brasileiro e todo esse sucesso não-planejado no país. Ele não conseguia mensurar o tamanho do que era o Chaves aqui no Brasil, mas era o país que mais declarava amor a ele. Se estivesse vivo, certamente viria a esta exposição todos os dias", afirmou Roberto.

"Essa exposição é a manifestação perfeita de todo o reconhecimento e, mais importante, o carinho do público ao meu pai. Fico muito emocionado e surpreso com o nível de produção dessa mostra. É uma estrutura de primeiro mundo que consegue capturar de forma emocionante a essência das séries e dos personagens", concluiu o presidente do Grupo Chespirito.

Diante do filho da lenda da TV latina, não tinha como não perguntar qual o episódio favorito do homem que cresceu em meio aos bastidores. Para ele, os capítulos mais dramáticos, que ressaltam a inocência do Chavinho, são os melhores.

"É difícil de escolher um episódio favorito. O de Acapulco é muito divertido e virou um ícone da série. O especial de natal me emociona muito, porque o Chaves acha que não vai ganhar presentes, mas acaba sendo surpreendido com um carrinho e decide presentear o filho do porteiro, que também é pobre, com o presente que havia acabado de ganhar. Mas acho que o que mais me emocionou foi aquele episódio em que acusam o Chaves de ladrão. Esses episódios mais dramáticos são os que me agradam mais", disse.

Fora da TV desde 2020, por uma briga judicial envolvendo a Televisa, 'Chaves' e 'Chapolin' fazem falta para os fãs e para a molecada mais jovem. Por isso, Roberto afirmou que a resolução dessa questão é a prioridade do Grupo Chespirito no momento.

"Para mim, meu trabalho mais importante é seguir na luta para que a série original volte a ser exibida no mundo. Estou negociando todos os dias, porque há trâmites muito complexos no meio, mas saibam que minha prioridade é trazer a exibição de volta para todos. Minha missão é manter vivo o legado de meu pai e exibir as séries é fundamental", explicou.

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As 'armas' originais do Chapolin são algumas das atrações da mostra | Foto: Fotos/Pedro Sobreiro

Por fim, com exclusividade ao CORREIO DA MANHÃ, Roberto Gómez Fernández confirmou que o filme do Chapolin Colorado segue em desenvolvimento.

"Temos um plano muito ambicioso de fazer o filme do Chapolin Colorado com atores de carne e osso. É um projeto grande que toma tempo, então ainda não temos uma previsão de lançamento, mas estamos, sim, trabalhando sem parar para trazê-lo à vida", disse Roberto.

'Chaves: A Exposição' fica no MIS Experience, em São Paulo, até o dia 30 de março de 2024. De terças a sextas, domingos e feriados, ela funciona das 10h às 20h. Já nos sábados, fica das 10h às 21h. Os valores começam em R$20 e vão até R$ 60. E ressaltando o compromisso cultural, as sessões das terças-feiras são gratuitas. Mais informações sobre preços e horários podem ser conferidas no site www.expochaves.com.br.

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