Por: Aristóteles Drummond

A chuva na política

Alto volume de chuvas causou estragos também na Baixada Fluminense. Em Belford Roxo, água invadiu casas, fazendo moradores perderem tudo. | Foto: Agência Brasil

Não é apenas o Rio de Janeiro que sofre com as chuvas. O fenômeno é nacional e internacional. Vivemos mesmo uma crise climática e seus efeitos.

A responsabilidade dos gestores públicos, prefeitos e governadores, é muito relativa. Primeiro, por não depender deles a intensidade das chuvas; segundo, pelas mais recentes serem superiores à média dos últimos anos. Pode-se questionar a gestão, como no recente caso da BR-040, na Baixada, que quase levou à loucura milhares de usuários da estrada que tem uma concessionária que não vem correspondendo ao prometido.

A polarização política está beirando o absurdo e sempre em detrimento do interesse público. Nesta temporada de verão chuvoso, que ainda vai durar uns dois meses, algumas medidas de baixo custo poderiam ser tomadas em curtíssimo prazo. Na parte do poder público, a Polícia Militar deve ficar atenta à primeira retenção de tráfego nas rodovias e acionar policiamento emergencial para evitar os arrastões e assaltos. E as concessionárias - ou mesmo o poder público - precisam dispor de bombas portáteis que possam remover o acúmulo de água e que interrompam a circulação de veículos, como ocorreu na Washington Luís neste final de semana. O que impressionou foi a demora em resolver a situação por parte da concessionária e a abertura da via alternativa, mantendo muitos encurralados.

Na Avenida Brasil, também se faz necessário um plantão policial a ser acionado em tempo hábil, assim como veículos que possam circular na zona alagada. Não só a PM, mas a Guarda Municipal também.

A responsabilidade pelo fenômeno não é dos governos nem das concessionárias, mas é necessário minimizar em tempo, sim. E não custa muito.

Mas, para que a população acredite nos governantes, não bastam as notícias de liberação de recursos. A experiência mostra que os desvios são frequentes, como ocorreu em Petrópolis, onde o dinheiro sumiu. Foi prometida a ligação Quitandinha-Bingen, que seria feita em 120 dias. Nada foi feito. Foram destinados recursos para a construção de casas populares, e também nada. Os aluguéis de habitações para os desabrigados foram realizados, mas cercados de suspeições.

Em termos de reação de governantes todos se portaram bem. O Prefeito Eduardo Paes acompanhou tudo pessoalmente e manteve a população informada, o Governador Claudio Castro interrompeu férias e assumiu o comando das operações e o Presidente Lula falou ao telefone com Prefeito e Governador dando apoio federal. Interesse público não tem partido.

No passado, falava-se muito da "indústria da seca" e, hoje, estamos vendo que existe a "a indústria das chuvas".

 

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