Por: Agência Brasil

Painel Conserva Flora facilita acesso à flora ameaçada de extinção

 

Desenvolvido no âmbito do programa Pró-Espécies: todos contra a extinção, o painel Conserva Flora, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, facilita para pesquisadores e o público em geral o acesso a dados da flora brasileira ameaçada de extinção, que engloba quase 7,5 mil espécies.

O Pró-Espécies é um projeto coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Ele foi lançado em 2018, financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente e implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). A agência executora é o WWF-Brasil.

Agora em junho, mês marcado pela comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente (dia 5), o Jardim Botânico destaca que o painel Conserva Flora funciona como uma medida importante para proteção e conservação da biodiversidade do planeta.

O painel foi organizado de forma a tornar o processo de busca mais simples para todos os interessados. Há filtros que incluem bioma de ocorrência, unidades de conservação (UC), origem da espécie, tipo de vegetação, forma de vida, habitat e estados brasileiros.

Consultas

O Jardim Botânico recebe demandas de alunos para realização de trabalhos escolares e pessoas que identificam espécies diferentes nas próprias casas, além de atender solicitações de ministérios, agências e outros órgãos governamentais. Por isso, a coordenadora-geral do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora) do jardim, Thais Laque, afirma que a disponibilização de dados é fundamental para facilitar as consultas.

O painel foi disponibilizado em outubro do ano passado. Segundo Thais, o desafio agora é fazer a avaliação do estado de conservação das mais de 40 mil espécies botânicas nativas catalogadas no Brasil.

"Ainda não conhecemos o estado de conservação de mais de 30 mil espécies botânicas", diz ela. Daí a importância de fomentar e investir em pesquisa e projetos que proporcionem avanços nesse trabalho de avaliação do risco de extinção da flora", explica.

Diretrizes

O processo de avaliação do estado de conservação de espécies segue diretrizes da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) utilizadas em todo o mundo.

Thais informa que, para fazer a avaliação, é imprescindível saber dados robustos sobre as espécies, entre os quais quem coletou, quando e em que lugar. A partir daí, os avaliadores podem gerar o polígono de ocorrência e encaminhar a análise reunindo informações como dados biológicos, dados populacionais e principais vetores de ameaças, entre os quais fogo, urbanização, agricultura e pastagem. Só assim é possível definir a categoria em que a espécie se encontra. Por exemplo, se ela está em perigo, vulnerável, menos preocupante, quase ameaçada ou com dados insuficientes.

Até 2020, a coordenadora recorda que o Brasil avaliava, em média, 600 espécies por ano. O método de análise está sendo aprimorado, o que contribui para elevar o número de avaliações efetivadas por ano, com objetivo de alcançar o total da flora brasileira nativa com risco de extinção. Ela acredita que, muito em breve, 100% da flora brasileira estarão com o status atualizado.

Ação conjunta

O Conserva Flora integra uma das ações do Jardim Botânico no âmbito do Projeto Pró-Espécies, que visa adotar ações de prevenção, conservação, manejo e gestão que possam minimizar as ameaças e o risco de extinção de espécies, especialmente 290 ameaçadas, em conjunto com 13 estados brasileiros - Maranhão, Bahia, Pará, Amazonas, Tocantins, Goiás, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

O projeto visa compreender o estado de conservação da biodiversidade brasileira, que é o ponto de partida para reduzir o risco de extinção das espécies e garantir a sobrevivência delas.

Thais reforça que a biodiversidade não se sustenta de forma isolada. "Todos têm papel fundamental. Se, por exemplo, um inseto é extinto e desaparece, outra espécie passa a ter risco. Todas as interações são fundamentais para o funcionamento de um ecossistema", alerta.

Ela sustenta que, quando se tira uma peça, algo fica em desequilíbrio. Não importa se é uma árvore ou gramínea [erva]. A coordenadora defende que "todos precisam estar em estado pleno para a manutenção da biodiversidade".

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