Por:

Coluna Luiz Antônio Mello: os negócios da China

| Foto:

O coronavírus devolveu a China as manchetes populares em todo o mundo. China, potência econômica e militar, quase um bilhão e meio de habitantes, terceiro maior país (só perde para Canadá e Rússia) há milênios um mistério da civilização.

Fernando Gabeira escreveu, semana passada: “Os chineses fizeram um hospital em dez dias, e alguns analistas acharam que isso era uma vantagem de um governo autoritário: não precisava de trâmites burocráticos da democracia. (...) O médico Li Wenliang, que chamou a atenção para a propagação do coronavírus, foi visitado pela polícia política e forçado a admitir que propagava fake news.(...)

Não acredito em nenhuma informação partida das autoridades chinesas com relação ao coronavírus, ou qualquer outro assunto, porque a manipulação de notícias faz parte do protocolo. Ninguém sabe o que acontece na China ou, melhor dizendo, nas Chinas. São várias as culturas, diversas sociedades, submetidas a um regime duro e temido.

Mistura florestas e desertos (como os de Gobi e de Taklamakan) no norte seco e frio, próximo da Mongólia e da Sibéria (Rússia), e florestas subtropicais no sul úmido e quente, próximo ao Vietnã, Laos e Mianmar. O terreno do país, a oeste, é de alta altitude, com o Himalaia e as montanhas Tian Shan formando fronteiras naturais entre a China, a Índia e a Ásia Central. Em contraste, o litoral leste da China continental tem uma longa faixa costeira de 14.500 quilômetros, delimitada a sudeste pelo Mar da China Meridional e a leste pelo Mar da China Oriental, além dos quais estão Taiwan, Coreia (Norte e Sul) e Japão.

O chinês é perseguido há milênios em todo o mundo. Ninguém sabe explicar exatamente por que, mas a mentira de Estado acabou contaminando a imagem dos chineses. No imaginário popular de muitos países, chinês significa falsidade, mentira, rasteira.

A superpopulação e as guerras mantem vivo o fantasma da fome, por isso morcegos, ratos, cachorros, cobras estão no cardápio chinês, que não podia se dar ao luxo de escolher. Uma necessidade que acabou se infiltrando nos costumes. Sopa de morcego, guisado de cachorro, frita da de gafanhotos, podem ser encontrados e consumidos normalmente. Especula-se que dessa dieta pode ter nascido o coronavírus.

Os chineses surgiam (e surgem) “do nada. Por exemplo, no México dos anos 1930 foram caçados a pauladas porque ofereciam mão de obra barata no período pós depressão de 1929, nos EUA. Morreram dezenas. Nos EUA, os “amarelos” também foram perseguidos e não levam vida fácil em lugar nenhum.

Recentemente assistimos ao caso de um misterioso caminhão frigorífico na Inglaterra lotado de corpos, abandonado em uma rua. Corpos de chineses, provavelmente submetidos a escravidão. O episódio até hoje não foi esclarecido.

A História conta que dos séculos 16 a 18 um navio ia da Índia para a China em um ano e meio (ida e volta). Viagem muito perigosa, em geral de um grupo de três naus, duas afundavam. Ainda assim o negócio dava lucro. Daí a expressão “Negócio da China”.

Atualmente qualquer negócio da China, ou com a China, para quem não conhece minimamente o sistema, é a maior roubada para qualquer pessoa ou país em qualquer ponto do planeta. A China nega, mas faz vista grossa para um regime escravocrata de trabalho, utilizando mão de obra totalmente desqualificada, em muitos casos com tecnologia pirateada. O “negócio” é “tão bom” que a maioria dos gigantes industriais do ocidente abriram fábricas por lá. Aliás, desafio o leitor encontrar um produto eletrônico que não tenha sido produzido na China.

Muitos brasileiros compram produtos chineses que são baratos porque, em geral, são vagabundos. A China tomou conta do planeta e ameaça a economia do Brasil. O governo nada faz porque os chineses são os maiores compradores de commodities, sustentam a balança comercial verde e amarela.

O coronavirus é mais um capítulo dessa interminável novela chamada “Decifrando a China”. Tenho conhecidos que vivem lá e gostam porque são tratados com respeito. Reclamam da poluição, da falta de florestas, do trânsito. Um deles está lá há 15 anos, tem um filho e não pretende voltar. Ele diz “só vindo e passando um tempo para começar a querer entender isso aqui, mas acho impossível entendermos totalmente”.