Por: Aristóteles Drummond

Oportuna memória eleitoral do Rio

Proeminentes políticos e gestores fluminenses: Carlos Lacerda, Negrão de Lima, Ernani do Amaral Peixoto e Roberto Campos. | Foto: Arquivo Câmara dos Deputados, Senado Federal e Wikipedia

O governador Cláudio Castro e o prefeito Eduardo Paes vivem um momento político curioso, de certa forma, nestes tempos singulares.

Ambos têm boa aceitação face à gestão do Estado e da capital, são políticos sem carimbos ideológicos ou partidários. Na verdade, são do centro-democrático, sem rejeição que possa afetar o relevo eleitoral deles. Os dois vão disputar cargos majoritários em 2026 — o governador uma cadeira no Senado e o prefeito, muito possivelmente, o governo do Estado.

O governador, embora seja do partido de Bolsonaro, nada tem do estilo, comportamento e postura do controvertido ex-presidente, em evidente processo de esvaziamento diante de fatos de difícil explicação. Zero de rejeição, boa gestão, parece ter eleição independente do quadro nacional.

Dono de inegável liderança popular, Bolsonaro pode manter alguma importância no processo eleitoral, mas não é político confiável, avesso a alianças, que chocou a classe política ao declarar seu voto para o Senado, no dia do pleito, diferente do senador Romário, de seu partido e que votou com ele nos quatro anos de governo. Teve a coragem de declarar voto em uma figura menor, controvertido, sem conceito e trair o partido a que pertence.

O prefeito Eduardo Paes tem se mostrado melhor administrador do que político. Pode ficar acima de questões partidárias e ideológicas, adotando postura mais pragmática que o permita fechar com sucesso seu mandato, fazer o sucessor e disputar o governo sem atritos desnecessários. Ao que tudo indica, só erro político lhe pode roubar relevância na política fluminense. Perdeu em 2018 pela opção desastrada e desnecessária , assim como Bolsonaro em 2022, que foi derrotado por ele mesmo.

O Estado anda pobre de nomes de alta expressão, embora tenha atores competentes e com serviços prestados, como o atuante senador Carlos Portinho, o incansável deputado Julio Lopes, o vereador identificado com o bom senso Paulo Duarte. No mais, são lideranças de áreas específicas do Estado, alguns com condições de crescer mais adiante. A morte de Dornelles acentua a orfandade.

O processo de recuperação do Estado e do município teria uma continuidade desejável se, de alguma maneira, os dois bem avaliados se entendessem no campo eleitoral.

O Rio já teve personalidades nacionais relevantes na sua política e administração, como Lacerda, Negrão, Amaral Peixoto, Gilberto Marinho, Roberto Campos, Dornelles. Não pode abrir espaço para figuras menores como vem ocorrendo nas últimas décadas. O eleitor não quer se decepcionar mais.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.