Por: Aristóteles Drummond

A lealdade na política do Rio de Janeiro

Homens que honraram suas biografias: Danton Jobim, Aguinaldo Caiada de Castro, Amaral Peixoto e Mauro Magalhães | Foto: ABI, Agência Nacional, Câmara dos Deputados e Reprodução

O eleitor do Rio, capital e do interior, através da história política, tem sido tradicionalmente feliz na eleição de homens que honram suas biografias com relevantes exemplos de lealdade, honestidade intelectual, gratidão. Os oportunistas, traíras, como o povão se refere, deixam os cargos e, quando não vão diretamente ao ostracismo, mantêm distância das urnas pela absoluta falta de credibilidade e conceito.

São figuras que são lembradas pela correção e ética, servindo às lideranças por espírito público e convicção, sem nada reivindicarem de pessoal. Oportuno lembrar alguns destes casos.

Nos anos 1950, cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, elegeu deputado federal o getulista histórico Danton Jobim, que mereceu do presidente Vargas a consagradora definição do "amigo certo das horas incertas". Danton foi presente em São Borja nos anos de ostracismo do grande presidente.

Outro eleito na então capital, senador em 54, foi o general Aguinaldo Caiado de Castro, chefe da Casa Militar do presidente e que, como Danton, foi testemunha do desejo de Vargas de apoiar a sucessão de Adhemar de Barros, que viabilizou sua volta ao poder em 1950. Ficaram ao lado do líder paulista, sendo Danton o companheiro de chapa.

Em 1981, o líder do Estado do Rio, senador Amaral Peixoto, foi para o PDS, partido da abertura democrática levada a cabo pelo presidente João Figueiredo. O então vice-governador, Hamilton Xavier, com carreira no MDB, acompanhou o seu líder e, questionado por um repórter, foi rápido na resposta de que na política fluminense "será sempre melhor errar com Amaral Peixoto do que acertar sozinho". Amaral Peixoto foi exemplar na correção com companheiros.

No Rio — embora fora da política, mas cidadão relevante —, o ex-deputado Mauro Magalhães mantém vivo o culto a Carlos Lacerda, de quem foi líder na Assembleia.

Por isso é que políticos que não sabem escolher companheiros com qualidades éticas, morais, intelectuais e espírito público fazem o voo da galinha. E não o fazem certamente por não terem estas qualidades. Escolhem mal ou nem escolhem cultuando o isolamento que plantaram com frieza, egoísmo e complexos.

O talentoso, carismático Carlos Lacerda não sabia o que era companheiros. Diziam que tinha "instantes de amizade". Mas pelo menos foi genial como orador, escritor, jornalista, bom gestor público.

 

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