Por: Aristóteles Drummond

Entre esquecidos e lembrados

Presidente Lula vem deixando a desejar na gestão do país neste primeiro ano de governo. | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Curioso como muitos homens públicos que levados pelo destino a altas funções no Executivo, onde normalmente é o acaso que determina, deixam passar a oportunidade de fazerem o bem E não o fazem levados pela omissão, egocentrismo e até deslumbramento. Nada fazem e, quando fazem, é mal feito.

A avaliação não deve ser emocional, passional, como temos assistido no Brasil, com esta lamentável polarização, que briga com uma sociedade que se pretende medianamente culta e educada.

Não se pode dar uma opinião sensata, com base na verdade, que as críticas surgem e, lamentavelmente, de forma grosseira.

O presidente Lula, por exemplo, vem deixando a desejar na gestão do país neste primeiro ano de governo. Muito equivocado nas aspirações internacionais; com dezenas de viagens, não acertou uma. No campo interno, não saiu do palanque e palpita de maneira infeliz na economia, que hoje é o que determina ser um governo melhor ou pior. Mas não se pode negar habilidade e sabedoria política. Conseguiu governar o Brasil pela terceira vez, depois de condenado e preso por delitos inquestionáveis. Soube agregar e escolher um vice que foi determinante na sua vitória, apesar do mesmo já ter se referido a ele com afirmações fortes, contundentes. Nos dois mandatos anteriores, teve José Alencar de vice, maior empresário têxtil do país e presidente da Federação das Indústrias de Minas.

Já Bolsonaro, liderança carismática singular na República, fez um bom governo, mas foi um desastre no comportamento pessoal, mal cercado, anulando tudo que fez ao Brasil pela sua incontinência verbal e companhias deploráveis. Sua referência é o Daniel Silveira e a Carla Zambelli. No final não conseguiu nem um vice para lhe dar votos.

Não se pode negar que Sérgio Cabral está na galeria dos melhores governos que tivemos eleito duas vezes e fazendo o sucessor. Os erros que o levaram a condenações e à prisão são outros 500, como se diz. Mas negar uma realidade não faz sentido. Pior são os que cometeram o mesmo tipo de erros, não confessaram, não foram presos, não realizaram nada e hoje têm o capim crescendo na porta. Alguns bem dotados de faro para o poder.

Triste são aqueles que usufruem da vida pública, colhem de volta o desprezo que dedicaram às forças vivas da sociedade e nada deixaram que os faça ser lembrados. Uns provincianos, medíocres, outros até que preparados, mas com ressentimentos, de um lado, e ingratidão, por outro.

Por isso, entre tantos que passaram na política carioca e fluminense, os lugares de honra na memória e na história são de homens que podem não ter tido a unanimidade, mas sim o respeito de todos pelos seus valores, independentemente de erros e acertos. Entre eles, três são destaques: Negrão de Lima, Amaral Peixoto e Carlos Lacerda. Foram realizadores, andaram em excelentes companhias, famílias bem-comportadas e educadas.

Este ano, que começa agora, na quaresma, pede moderação em tudo. Inclusive na avaliação dos governantes. Olhar o passado só para acertar e não para vingar.

 

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