Por: Aristóteles Drummond

Judeus e brasileiros

A guerra que vai se arrastando entre Israel e o terrorismo islâmico baseado na Síria, Líbano e Irã, além dos territórios dados por Israel, a Faixa de Gaza, não perde importância e muito menos pode deixar de mobilizar a maioria silenciosa que forma a população brasileira.

Choca o certo alheamento de forças vivas da sociedade e a postura oficial francamente tolerante com os autores do covarde e cruel ataque a Israel. Afinal, nosso povo foi formado a partir de portugueses, muitos de origem semita, que fugiam da perseguição intolerante e bruta da Inquisição. Depois, com Pedro II, recebemos os primeiros judeus da Europa numa articulação do nosso monarca com os barões Rothschild e Ulrich. Pedro II estudou hebraico e visitou por duas vezes a Terra Santa.

Ao longo do século XX, foi ininterrupta a chegada de judeus. Formaram uma preciosa comunidade, hoje mais de 90% nascidos, com filhos e netos brasileiros como os demais. Aqui nunca vingou discriminações. A criação do Estado de Israel teve na sessão a presidência de um brasileiro, Oswaldo Aranha. São de origem semita grandes médicos, engenheiros, empresários. Marca de nosso comércio. E homens públicos relevantes como parlamentares Horácio Lafer, Rubem Medina, Milton Steinbruch Lomacinsky, Silbert Sobrinho e Aarão Steinbruch, entre outros.

Na cultura, nas artes, são muitos os judeus brasileiros. Temos o dever moral de estarmos solidários com estes que tiveram parentes alvo de tão bárbara ação.

Somos um povo miscigenado, com ampla diversidade na fé, acolhemos povos relevantes na formação da população, libaneses, sírios, espanhóis, italianos, além, claro, dos portugueses.

Esta guerra precisa ter fim com garantia internacional de que atos de agressão não serão tolerados. A paz precisa da garantia das grandes nações. Mas com o Brasil sendo bem claro na sua posição. Até em respeito à comunidade sírio-libanesa, parte muçulmana. Integrada, inclusive, por casamentos com judeus.

Este comportamento conivente com o terrorismo não é antissemita, mas sim a identidade com teses de esquerda.

Vamos ser coerentes com nossas tradições de um povo de cultura judaico-cristã. É plural.