Por: William França

BRASILIANAS | Sem ouvir a população, SEMOB estabelece que em 45 dias as passagens do transporte público coletivo no DF só poderão ser pagas por meio eletrônico. E promete "upgrade" para os cobradores, que ficarão sem função

A subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública, coronel Cíntia Queiroz, o secretário de Transporte e Mobilidade, Zeno Gonçalves, e o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, durante entrevista coletiva | Foto: Renato Alves/Agência Brasília

Desde 2019, quando o Banco de Brasília (BRB) assumiu a controle sobre a bilhetagem do transporte público do DF, já se acreditava que, mais dia, menos dia, os ônibus do transporte urbano da cidade só seriam pagos com cartão ou tiquetes, sem uso de dinheiro. Ontem, uma portaria publicada no Diário Oficial do DF trouxe a data fatídica: 1º de julho, daqui a 45 dias.

"Passagens do transporte público coletivo do DF só poderão ser pagas por meio eletrônico", anunciou a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob). E completa a nota da secretaria: "A medida vai valer na maioria dos ônibus do DF. (...) A Semob vai divulgar uma lista com poucas linhas onde, excepcionalmente, ainda será permitido o pagamento da tarifa com dinheiro".

Ao ser questionado em coletiva de imprensa na tarde de ontem, sobre o desconhecimento da população diante de uma mudança tão radical, e em tão pouco tempo para sua implementação, o secretário de Mobilidade, Zeno Gonçalves, disse à "Brasilianas" que "o comportamento do usuário no sistema indicou que já pode ser feita a mudança". Ele baseia-se no fato de que, hoje, 29% das viagens diárias são pagas com dinheiro, contra um montante de 46% em 2019.

Mas, o que representam 29% das viagens pagas com dinheiro? Respondo: são 391 mil passagens, dos cerca de 1 milhão e 350 mil passageiros que usam o transporte público do DF, todos os dias. É muita gente que será impactada. E, em sua maioria, são pessoas com menor esclarecimento e dificuldades, seja com uso de celular, seja com uso de sistemas digitais de cartões. E com o tal de QR Code, então?

E como esse contingente todo fará para trocar o uso do dinheiro, na catraca, por um cartão? Bem... Segundo o GDF, haverá facilidades oferecidas pelo BRB, que administra o sistema. O presidente do banco, Paulo Henrique Costa, falou ontem em dobrar o número de quiosques de atendimento direto do banco, hoje com 128 pontos de bilhetagem.

Das facilidades que o GDF prometeu, também, estará a possibilidade de pagar por meio de cartão de débito e de crédito, diretamente na catraca. Ainda poderá ser feito uma transferência, via PIX - desde que o usuário tenha um APP e use o Cartão Mobilidade. Aí já será outra novela. Para ter o cartão, o usuário tem de ir a postos do BRB (são 14, segundo o banco), enfrentar fila, levar seus documentos pessoais, fazer um cadastro e, daí, pegar o cartão. Sobre as filas - que deixarão de existir nas catracas, e vão se transferir para os guichês do banco - o presidente da instituição promete intervir para reduzi-las.

Haverá vantagens no sistema "Dinheiro não anda de ônibus" - o nome espirituoso do novo serviço? Sim, haverá. Além da promessa de agilidade na entrada dos coletivos, o Cartão Mobilidade permite usar até 3 modais do transporte (metrô e 2 ônibus, por exemplo) pagando apenas uma tarifa, de até R$ 5,50. A Secretaria de Segurança Pública - presente na coletiva de imprensa - afirmou que haverá também redução nos assaltos aos ônibus, que tiveram queda de 62% do ano passado para cá, segundo a Coronel Cíntia Queiroz.

Cobradores com demissão ou upgrade?

E o que será feito dos 5.300 cobradores, que atendem às 900 linhas de ônibus que serão impactadas? O presidente do Sindicato dos Rodoviários, João de Deus, afirmou à esta coluna que "o GDF prometeu" não demitir nenhum cobrador. Segundo ele, a categoria não foi ouvida e ele soube das mudanças ontem, pela imprensa. "Não entendemos o motivo de tanta pressa."

Segundo ele, os cobradores atualmente são mais do que recebedores de dinheiro. "Eles colaboram com os usuários, ajudam deficientes e mulheres. São um apoio ao motorista", afirmou o sindicalista. Já o deputado distrital Chico Vigilante (PT), também ouvido por "Brasilianas", disse ouviu do GDF a garantia de que "a figura do cobrador não vai desaparecer do sistema de transporte do DF".

Ontem, na coletiva, o secretário de Mobilidade revelou os planos para a categoria, que soam como um "upgrade" das atividades: "Os cobradores serão agentes de comercialização", afirmou. Segundo Zeno Gonçalves, os rodoviários não deixarão de lidar com o dinheiro, apenas sairão de dentro dos veículos. "Eles poderão atender nos guichês das empresas, em pontos de comercialização ou mesmo usar uma maquininha para carregar o crédito para as operadoras", afirmou.

Da mesma forma que não combinou com a população, a Semob não combinou com os rodoviários. A conferir...

 

Abertas inscrições para bolsas de pesquisa sobre produtos florestais não madeireiros do Cerrado

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Estudos propostos buscarão valorizar os recursos naturais presentes no Cerrado | Foto: Agência Brasília

O projeto Caminhos da Restauração: Valoração de Produtos Florestais não Madeireiros do Cerrado, realizado em parceria pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), a Secretaria do Meio Ambiente e Proteção Animal (Sema) e o Fundo Único do Meio Ambiente (Funam), está com inscrições abertas para contratação de pesquisadores bolsistas. São quatro vagas, com duração de 14 meses para mestres e doutores nas áreas ambientais e ciências econômicas, com bolsa remunerada de R$ 4 mil a R$ 6 mil.
O objetivo é compreender o potencial econômico dos produtos florestais não madeireiros das espécies do Cerrado, como plantas medicinais, óleos essenciais, frutos, sementes e outras matérias-primas valiosas para as indústrias de alimentos, cosméticos e farmacêuticas.
O projeto atuará na Região Integrada de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal (Ride-DF), que está totalmente inserida no bioma Cerrado – que enfrenta desafios relacionados ao avanço da produção agropecuária, impactando negativamente na manutenção dos mananciais de água, na biodiversidade de fauna, flora e na sobrevivência humana. Os estudos propostos buscarão valorizar os recursos naturais presentes no Cerrado, contribuindo para o desenvolvimento da bioeconomia da região e promovendo a conservação do bioma.
As inscrições devem ser feitas até o dia 23 no site do IPEDF. Basta preencher o formulário de apresentação de candidatura disponível no Edital nº 02/2024, e encaminhar a documentação exigida.

 

PRD EMPOSSA NOVA DIRETORIA EXECUTIVA NO DF 

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Executiva do PRD no DF: [da esquerda para a direita] Sidney Pessoa (vice-presidente), deputado distrital Rogério Morro da Cruz, Lucas Kontoyanis (presidente regional do PRD) e Marcos Vicenzo (Secretário-geral) | Foto: Assessoria do PRD
 

A posse da 1ª executiva do Partido da Renovação Democrática (PRD) no DF aconteceu ontem, na Câmara Legislativa. O PRD é o resultado da fusão entre os antigos PATRIOTAS e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Após a fusão, o partido iniciou sua organização nas unidades da federação, especialmente nos Estados onde as eleições municipais são mais acirradas.

Mesmo não havendo eleições municipais no DF, os bastidores políticos já estão em movimento, preparando o terreno para as eleições gerais de 2026. O partido no DF, representado pelo deputado distrital Rogério Morro da Cruz, está se organizando, "com a nomeação de uma executiva forte para liderar o partido na capital" - diz a nota do partido.

Três importantes figuras políticas do Distrito Federal uniram-se para liderar o partido e organizar o diretório: Lucas Kontoyanis (Presidente), Sidney Pessoa (Vice-Presidente) e Marco Vicenzo (Secretário Geral).

Segundo o distrital, "o PRD tem como objetivo apoiar os grupos políticos do DF, além de preparar o terreno para lançar candidaturas competitivas para cargos distritais e federais em 2026". Segundo Morro da Cruz, a legenda também deverá compor uma chapa para cargos majoritários (governador e senador) na próxima eleição.

 

POLÍCIA CIVIL ARRECADA 93,5 TONELADAS DE DOAÇÕES PARA OS GAÚCHOS - Até ontem à tarde, a Polícia Civil do DF arrecadou 93,5 toneladas de doações, incluindo nesse total o material que as unidades policiais já entregaram diretamente à Base Aérea e o que está na Divisão de Recursos Materiais (DRM) da PCDF. O volume de doações ainda pode aumentar, pois nesse quantitativo não estão incluídos os donativos que, neste momento, ainda se encontram nas unidades policiais arrecadadoras.

"A solidariedade é o caminho para enfrentar as adversidades e a Polícia Civil do DF está à frente dessa causa. Em um movimento conjunto, a comunidade brasiliense atendeu ao nosso chamado e mobilizou uma grande arrecadação de donativos destinados às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul", afirma a nota da entidade.