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Novo caso de racismo em escola particular é denunciado no DF

Por Mayariane Castro

Nesta segunda-feira (27), pais de um adolescente de 14 anos denunciaram caso de racismo sofrido pelo filho dentro de um colégio particular na Asa Sul, em Brasília. A denúncia foi feita através de um jornal local após reincidência dos ataques dentro da instituição. Neste ano, o DF registrou outros quatro casos de racismo em escolas em pouco mais de um mês.

"Durante uma partida de futebol, gratuitamente, o colega do mesmo ano, mas de sala diferente, o chamou de 'macaco', disse 'volta pra África, pra senzala que lá era o lugar dele', e a todo momento que ele pegava na bola, era o mesmo ataque. No segundo dia, novamente. Na entrada da escola, eles se cruzaram e houve o mesmo ataque racista, passou por ele e xingou de macaco", informou o pai do adolescente em denúncia.

Ainda em relato, os responsáveis informaram que o ataque ocorreu em março deste ano. Na época, os pais decidiram não divulgar o caso porque a instituição informou que medidas cabíveis seriam tomadas diante da situação. Entretanto, segundo a família, a escola realizou apenas uma palestra para os estudantes e o aluno não havia sido punido.

Em números

Segundo dados da 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a taxa de injúrias raciais no DF foi três vezes maior que a média nacional em 2022. A taxa na capital federal foi de 22,5 casos para cada 100 mil habitantes. Os dados de 2023 ainda não foram divulgados.

Para a advogada Isadora Mascarini, este número é alarmante para a região. "Se dentro do ambiente escolar já são identificados casos de injúria deste nível, do lado fora esse cenário se perpetua. Os casos são reflexos de como o racismo estrutural ainda causa grandes impactos em diferentes ambientes. Faz-se necessário um trabalho árduo no que tange à luta antirracista para evitar situações deste porte. Este adolescente precisa não só de amparo social, mas também psicológico para trabalhar este trauma", informa a especialista.

Medidas

Em nota para a imprensa, o colégio Sigma afirmou que "reforça seu compromisso com a educação antirracista, atuando de forma educativa e disciplinar". A instituição informou que o aluno que proferiu as ofensas à vítima foi suspenso das atividades escolares, mas continua matriculado e retornará ao fim da punição. Após a denúncia, o caso foi encaminhado ao Conselho Tutelar do DF e o Sigma diz que está fornecendo apoio necessário para a família.