Por: William França

BRASILIANAS | Brasília visualmente poluída (3): Sobram totens e painéis de LED pela cidade. Faltam anunciantes.

Dezenas de engenhos publicitários da cidade estão sem anuncio. Os da foto, estão localizadas no Setor de Indústrias Gráficas, próximo ao Palácio do Buriti e da Câmara Legislativa | Foto: Ivan Felilx/Brasilianas

Macaque in the trees
Detalhe de um engenho publicitário sem anuncio. | Foto: Ivan Felilx/Brasilianas

Macaque in the trees
Mais um painel publicitário sem anúncio. | Foto: Ivan Felilx/Brasilianas


Tem tanto totem publicitário na cidade que vários deles estão vazios, à espera de anunciantes. Dirigentes do mercado publicitário disseram que não há negócios para todos.


Basta observar os tótens publicitários espalhados pela cidade (são mais de 2.000) para perceber que, em muitos deles, a propaganda exibida é um anúncio dizendo que ele está disponível... para anúncios. Ou seja: são dezenas (ou centenas) desses engenhos publicitários que nem deveriam estar ali, espetados, à beira das rodovias ou no meio da cidade. Por total desnecessidade.
Na terceira nota da série sobre a poluição visual que assola Brasília, provocada sobretudo por conta de totens e painéis de LED – alguns gigantescos, com 14 metros de altura e com uma área de exposição de 70 m² (o equivalente a uma boa casa popular, com direito a quarto com suíte), a conversa é sobre a inutilidade do excesso de painéis.

“São uma excrescência”, definiu com ênfase uma leitora desta coluna, ao comentar as notas publicadas anteriormente. Para ajudar: ela afirma que essa quantidade de painéis pela cidade “é supérflua, é uma coisa que desequilibra a harmonia de um todo”. Neste caso, o que está sofrendo é a escala bucólica do Plano Piloto, projetado por Lúcio Costa. E os cidadãos, expostos à poluição visual abusiva.

Voltando ao mercado publicitário. “Brasilianas” conversou com alguns empresários que respondem por grandes agências de publicidade. O que ficou patente é que alguns desses painéis são altamente disputados para publicarem os anúncios. Outros, sequer lembrados.

Dentre os que têm fila para receber anúncios estão aqueles próximo ao Aeroporto, e os dispostos ao longo das vias L2 e L4 Sul e Norte – além dos que circundam a Esplanada dos Ministérios. Justamente os que têm mais visibilidade. “Ninguém e nenhum órgão público faz anúncio e quer deixar de ser visto”, afirmou um desses publicitários à coluna.

Os desnecessários são ruins para todos, inclusive os anunciantes

Mas, se por um lado alguns engenhos publicitários são disputados, outros tantos estão ociosos. “Esse excesso de pontos de anúncio provoca um efeito ruim para todos. Desvaloriza a estratégia publicitária, o que faz com que ele acabe sendo depreciado. Custa caro manter um engenho desses. Daqui a pouco, teremos um tanto deles completamente abandonados, nas ruas. Ninguém ganha com isso”, completa o empresário, que faz anúncio em cerca de 600 pontos de publicidade de rua pelo DF – tanto os OOH (que são estáticos, como os tradicionais outdoors) quanto os DOOH (que são digitais, como os painéis de LED).
Um paradoxo entre o regular e o invasivo: na Rodoviária do Plano Piloto, que está sendo sob etapa final de sua concessão à iniciativa privada, tem um conjunto com 120 totens, instalados dois a cada baia de ônibus (são 60, hoje), que servem para indicar as linhas de ônibus e, também, exibem anúncios e notícias. Esses foram objeto de licitação e estão concedidos. Estão regulares.
Eles convivem com outra centena de painéis totalmente irregulares, afixados nas colunas do terminal rodoviário. Alguns, até dependurados no teto. Esses, não foram licitados – mantém uma autorização precária. A pergunta a ser feita é: quem autorizou? Os vários órgãos consultados por “Brasilianas” não souberam responder.
Mas ganha um doce quem responder quem foi a principal empresa beneficiada... Eu respondo: o Metrópoles, do ex-senador Luiz Estevão – a mesma empresa que está invadindo outras tantas as áreas públicas da cidade.