Por: William França

BRASILIANAS | Senac-DF inaugura a Casa de Chá na Praça dos Três Poderes, que continua com os mesmíssimos problemas. Como dificuldade de acesso

O governador Ibaneis Rocha discursa, ao pôr-do-sol, tendo como pano de fundo o prédio do Congresso Nacional. Essa imagem é a que inspirou Oscar Niemeyer a criar a Casa de Chá | Foto: Renato Alves/Agência Brasília

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A Casa de Chá também vai atender aos turistas que estiverem na Praça dos Três Poderes, acumulando as atividades. | Foto: Renato Alves/Agência Brasília

Cumprindo prazos e promessas, o Senac-DF inaugurou na tarde/noite de quinta-feira a Casa de Chá, localizada no centro da Praça dos Três Poderes. A partir de agora, de quarta a domingo, de 10h às 19h, estará funcionando lá o Café Escola Senac.

Esta coluna faz torcida e coro para que esse espaço seja longevo. Já é a terceira vez que se tenta dar uso ao espaço como um ponto de alimentação. É mais uma tentativa de fazer o lugar voltar aos áureos tempos, vividos nos anos 70 e 80. A construção semienterrada com 250 m², a poucos metros do Palácio do Planalto, era um cenário de festas na capital.

Mesmo com a nova destinação, o problema persiste. A principal dificuldade (na verdade, são duas) para que o local volte a ter o charme pensado por Niemeyer é a falta de público. A praça, hoje, não é um local de fácil acesso. E, depois dos episódios do 8 de Janeiro do ano passado, um policiamento ostensivo impede aglomerações. E não há local para estacionar perto dali (apenas atrás do Mastro da Bandeira, mas o brasiliense não gosta de andar a pé).

O segundo problema é a própria Praça dos Três Poderes. Segue abandonada, cheia de mato, buracos entre as pedras portuguesas e sem nenhum atrativo para os turistas. Pelo contrário. Suja, espanta todos.

Esse é um problema que o IPHAN promete dar um jeito. Juntamente com o Ministério da Cultura (MinC), anunciou no último 22 de abril a abertura do edital de licitação para a contratação do projeto de restauro da Praça do Três Poderes. O valor é de R$ 993 mil. A previsão é de que o projeto de restauro vencedor seja concluído até fevereiro de 2025.

Na festa de anteontem, o governador Ibaneis Rocha (MDB) discursou ao pôr-do-sol. Tal como foi pensada por Oscar Niemeyer. "Criada para encontros e descanso", disse o arquiteto, numa concepção quase romântica de Oscar Niemeyer. A construção proporciona uma visão livre do horizonte, criando uma sensação de leveza e flutuação. É reconhecida como patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Em sua fala, o governador enalteceu o criador do espaço. Ibaneis Rocha afirmou estar muito feliz com a entrega da Casa de Chá e elogiou o Sistema Fecomércio. "Essa Casa de Chá representa um sonho do nosso querido arquiteto Oscar Niemeyer. Graças a essa parceria com o Sistema S, estamos fazendo essa entrega para a população do Brasil e do mundo que visita a nossa capital", disse Ibaneis.

O presidente do Sistema Fecomércio-DF, José Aparecido Freire, responsável pela interlocução que resultou na parceria do projeto junto à Secretaria de Turismo (Setur-DF), resumiu a emoção em poder entregar à população de Brasília e aos turistas um projeto idealizado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. "O Café Escola Senac Casa de Chá vem para estimular o turismo cívico e arquitetônico da capital, além de oferecer um espaço moderno, aconchegante e que privilegia o saber, o produto e a cultura local", explicou Aparecido.

Ponto servirá também como Centro de Atendimento ao Turista

O secretário de Turismo do DF, Cristiano Araújo, parceiro do projeto, aproveitou para anunciar o aumento no número de turistas no DF neste ano. Segundo ele, o projeto vem no momento certo. "O Distrito Federal recebeu 24.842 turistas estrangeiros nos primeiros cinco meses deste ano. A marca é 33,4% superior às visitas registradas no mesmo período em 2023, quando 18.622 pessoas vieram em busca dos atrativos da capital", disse Araújo.

Além de café-escola, a Casa de Chá funcionará como Centro de Atendimento ao Turista (CAT). Os turistas e frequentadores poderão experimentar receitas simbólicas, com gastronomia inspirada em ingredientes da Amazônia, da Caatinga, do Cerrado, da Mata Atlântica, dos Pampas e do Pantanal. O cardápio é assinado pelo chef brasiliense Gil Guimarães.

Em parceria com a Associação dos Designers de Produto do Distrito Federal (Adepro-DF), o espaço foi decorado com móveis desenhados por designers de Brasília e as peças carregam um conceito modernista como se tivessem sido projetadas desde o princípio para o local. Outros móveis originais da época, de grandes artistas, foram cedidos pela Aquiles Gallery. As cerâmicas utilizadas também são todas de ceramistas brasilienses, garantindo originalidade e reforçando o conceito autoral da Casa de Chá.