Por: William França

BRASILIANAS | Fundação Athos Bulcão mais próxima de ter seu espaço definitivo

Audiência pública discutiu a concessão de área pública para a Fundação Athos Bulcão | Foto: Divulgação/Secretaria de Cultura

Com a manifestação favorável da população ao processo de concessão de uso de um terreno no Eixo Monumental, na última sexta-feira (12), para que a Fundação Athos Bulcão possa construir a sua sede, foi dado mais um passo decisivo para resolver o imbróglio, que dura desde 31 de julho de 2008. Naquela data, há 16 anos, quando da morte do artista plástico - imortalizado por seus azulejos icônicos - foi prometida a construção de um repositório para o seu acervo.

Entre idas e vindas, promessas e doações (seguidas por "desdoações" - segundo a secretária-executiva da Fundação, Valéria Cabral), o terreno de 1.300 m² localizado ao lado da antiga Funarte, no Eixo Monumental, agora parece que será mesmo repassado para a edificação do prédio. O passo seguinte para concretizar a concessão é a elaboração de um projeto e, depois, a obtenção de autorização da Câmara Legislativa.

O terreno, localizado no lote 12 no Setor de Divulgação Cultural (SDC), está sob gestão da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), o secretário Claudio Abrantes disse, durante a audiência pública, que a secretaria se posicionaria de forma positiva quanto à cessão.

"A Fundação Athos Bulcão oferece uma série de atividades culturais para a população do Distrito Federal. Por conta disso, o nosso parecer técnico é que ela atende aos princípios e funcionalidades estabelecidos pelas atividades de destinação do lote, se enquadrando como uma instituição de preservação patrimonial", explicou.

O processo de concessão atende ao Decreto n.º 271/1967, que trata a respeito de loteamento urbano, concessão de uso e espaço aéreo no Distrito Federal, e à nova Lei de Licitações e Contratos (Lei n.º 14.133/2021), que autoriza a concessão de uso por um período de até 35 anos.

Passada a (esperada) concessão, a próxima etapa será a de levantar fundos para a edificação do projeto, que foi criado em 2009 pelo arquiteto Lelé Filgueiras - o mesmo que projetou os hospitais da Rede Sarah em todo o país. Ele é considerado um mestre na concepção de edifícios que usam a iluminação e ventilação naturais como elementos-chave. E, num reforço da parceria entre os dois arquitetos, em todos os hospitais da Rede Sarah existem obras de Athos Bulcão.

O projeto de Lelé Filgueiras deve custar R$ 8 milhões. O prédio proposto por ele para ser a sede da fundação ocupa 70% do lote. Nos restantes 30%, foram previstos jardins que se integram à área da administração e um café. "A cobertura ondulada se eleva na parte central do edifício formando uma grande claraboia, protegida por policarbonato que ilumina o salão de exposições", descreve o projeto. "A área do jardim que se integra ao edifico é protegida do devassamento por painel executado com peças de argamassa armada proposto por Athos para o hospital Sarah de Salvador", completa.

Para que a Fundação Athos Bulcão possa trabalhar a promoção, documentação, preservação, pesquisa e difusão da obra do artista brasiliense, ela atualmente funciona na 510 Sul, num prédio alugado. E está com dificuldades financeiras. No local, além de uma exposição com a produção de Athos, há uma galeria destinada a mostras de outros artistas e um lugar reservado para guardar o acervo de 700 peças doado pelo artista para a fundação que leva seu nome.