O novo Centro Integrado de Inteligência Artificial (CIIA) terá, como primeira tarefa, buscar soluções para a fila de espera na saúde. Ele será apresentado ao governador Ibaneis Rocha na próxima semana.
Quase um ano após sua criação, o Grupo de Trabalho encarregado de desenvolver soluções de Inteligência Artificial para o Distrito Federal apresentará suas conclusões ao governador Ibaneis Rocha (MDB). Entre elas, a de criação do Centro Integrado de Inteligência Artificial (CIIA). “A proposta será apresentada formalmente na próxima semana”, disse à “Brasilianas” o coordenador do GT, professor Ricardo Sampaio.
Inicialmente, o CIIA deverá funcionar nas dependências do Biotic, um dos edifícios que estão situados no Parque Tecnológico de Brasília – localizado próximo à Granja do Torto. Depois, deverá ganhar uma sede própria, também dentro do terreno de 121 mil hectares destinado à inovação.
O GT, que reuniu 30 pessoas entre especialistas da Universidade do Distrito Federal (UniDF), da Universidade de Brasília (UnB) e da Fiocruz, entre outras entidades, foi criado em setembro de 2023 pelo decreto distrital nº 44.969. O trabalho foi coordenado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), com supervisão da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Informação (SCTI).
À “Brasilianas”, o professor Ricardo Sampaio contou sobre o trabalho do grupo e das conclusões a que chegaram. “Fizemos um elenco de ações viáveis. Entre elas, está a criação deste centro”, explicou.
Agora, caberá ao governador Ibaneis Rocha, por exemplo, definir qual o modelo legal do CIIA – se uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil com Interesse Público) ou se um ICT (Instituto de Ciência e Tecnologia), que foi previsto no Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação, que estabeleceu as diretrizes para o desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil.
Tão logo seja definido o modelo legal, a expectativa é que o CIAA seja criado ainda este ano, por meio de um projeto de lei proposto pelo Executivo, que terá de ser apreciado pela Câmara Legislativa do DF. Se o cronograma pensado pelo GT for exitoso, em maio ou junho do ano que vem as primeiras instalações do Centro Integrado poderão ser inauguradas.
Por ora, o novo centro de inovação conta com aproximadamente R$ 20 milhões. Os recursos poderão ser usados para a aquisição de supercomputadores, por exemplo. E, dependendo do modelo a ser definido, poderão ser captados recursos dentro do pacote de R$ 23 bilhões anunciados pelo Governo Federal, dentro do plano nacional de investimento em inteligência artificial (IA).
“Prioridades prioritárias” do GDF
Ricardo Sampaio, que coordenou o GT, é experiente no tema. Foi ele quem idealizou e coordenou também o NIAJus, o Núcleo de Inteligência Artificial Aplicada à Justiça. Esse trabalho está balizando o Poder Judiciário de todo o país para usar a IA, por exemplo, na elaboração de sentenças de processos que tenham o mesmo fato gerador. “Sempre com um magistrado como supervisor”, esclarece.
Para o GDF, durante este ano de trabalho foram feitos diversos levantamentos das demandas e necessidades das secretarias e órgãos públicos. Por ora, foram elencados os setores prioritários: saúde, educação, meio ambiente, segurança pública e agricultura.
Dentre esses setores foi feito um segundo ranking, com as “prioridades prioritárias” do governo local. Venceu a busca de uma solução para a marcação de consultas, exames e cirurgias – a tal da fila de espera da saúde.
“Em números gerais, são mais de 1 milhão de pedidos não atendidos, em fila. Mas nem sempre eles são reais. Tem casos em que o paciente já foi atendido de outra forma, tem casos registrados erroneamente e tem outros indicando que algum procedimento não é mais necessário. No momento, não há como organizar isso”, disse o professor.
Segundo Ricardo Sampaio, antes mesmo que o CIIA esteja em funcionamento, deve ser possível que seja anunciada alguma ferramenta ou aplicativo que possa começar a organizar, ao menos, parte dessa fila. “Vamos começar ainda este ano esse trabalho”, afirmou o professor.
Na área de educação, uma demanda que deve ser atendida pela IA é a da correção de redações de forma automatizada. “O professor poderá ter mais tempo livre para cuidar de preparar as aulas”, explicou. Na área de Meio Ambiente, o georreferenciamento feito com ajuda da IA será importante na gestão das ações de preservação e fiscalização. Na Agricultura, também será usado o mapeamento por IA.
Atualmente, o Corpo de Bombeiros do DF já está usando um sistema de IA para monitorar incêndios no cerrado. Com 4 câmeras de altíssima resolução instalados no alto da Torre de TV Digital (em Sobradinho), que alcançam praticamente todo o território do DF, e com o cruzamento de imagens de satélites, já é possível identificar um foco de incêndio logo no seu começo, e diferenciar esse fogo de uma caldeira industrial, por exemplo.
Ainda na segurança pública, além das câmeras de reconhecimento facial, estão sendo elaborados sistemas que auxiliem a ver padrões de crimes cometidos para identificar seus autores. Também será utilizado na gestão de câmeras para a gestão do trânsito, de maneira mais coordenada.