Por: William França

BRASILIANAS | Painéis de Athos Bulcão na Sala Martins Pena serão restaurados

Painel acústico de Athos Bulcão, instalado no interior da Martins Pena, está preservado. | Foto: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília

Primeira fase das obras no Teatro Nacional está com a infraestrutura praticamente pronta e entra na fase de acabamento: pintura, paisagismo e mobiliário.

Com a chegada das obras da Sala Martins Pena à reta final, a de acabamento, os dois painéis de Athos Bulcão - instalados no foyer e no forro acústico da Sala Martins Pena do Teatro Nacional Claudio Santoro - foram vistoriados na última sexta-feira (23), após a retirada da proteção que foi instalada pela empresa que faz a obra.

As obras de arte estavam protegidas para que fossem preservadas durante as intervenções mais pesadas no complexo cultural, que passa por uma modernização e adequação da infraestrutura para atender a normas vigentes de segurança, combate a incêndio e acessibilidade.

"Como estamos chegando na reta final, viemos trazer os restauradores para verificar quais danos existiam. E para a nossa surpresa, vimos que as obras se mantêm com qualidade imensa. Elas precisarão de algumas intervenções, mas já estamos contratando para, quando o teatro reabrir, termos essa arte acessível a todos que vão estar aqui", revelou o secretário de Cultura e Economia Criativa, Claudio Abrantes.

A presidente da Fundação Athos Bulcão, Marcia Zarur, não escondeu a emoção ao rever os painéis reabertos. "Para mim é muito emocionante. Tínhamos uma ansiedade para ver como estava o estado do relevo acústico dentro da Martins Pena e do painel de azulejos na entrada da sala. Foi muito feliz a sensação. Foi um alívio ver que está bastante preservado", disse.

"Claro que tem uma necessidade de restauro, porque o teatro está fechado há mais de 10 anos e isso, com certeza, vai dando uma desgastada nas obras, mas o trabalho de preservação que fizeram aqui durante a obra foi muito eficaz", defendeu Márcia.

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A presidente da Fundação Athos Bulcão, a jornalista Márcia Zarur. | Foto: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília

 

Serviço de restauro será simultâneo

Agora, os dois painéis serão restaurados. O serviço será feito pela empresa Solé Associados, contratada pelo Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Novacap e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), para fazer as intervenções no Teatro Nacional Claudio Santoro, com apoio da Fundação Athos Bulcão - responsável pela preservação e divulgação das obras do artista plástico.

Serão duas equipes trabalhando simultaneamente no painel de azulejo composto por três padrões de peças na cor amarela, que fica no foyer, e no relevo acústico em madeira na Sala Martins Pena.

"Os dois painéis ainda preservam totalmente a originalidade, mas estão precisando de alguns reparos para que sejam devolvidos à comunidade com sua legibilidade", destacou o restaurador da Fundação Athos Bulcão, Wagner Matias de Sousa. "Felizmente, a equipe que hoje cuida da restauração do Teatro Nacional tem feito um trabalho cuidadoso. Eles foram respeitosos com as obras criando afastamentos e proteções para que evitassem danos maiores", acrescentou.

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O restaurador da Fundação Athos Bulcão, Wagner Matias de Sousa, afirma que a empresa que faz a restauração do Teatro Nacional foi respeitosa com as obras do artista. | Foto: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília

De acordo com o restaurador, o trabalho será de reintegração das partes danificadas por meio do processo de identificação de patologias. "Hoje nós temos manchas e intervenções anteriores que fizeram perder a legibilidade. Nessa ação, nós vamos poder limpar novamente os painéis. A limpeza é muito importante porque revela vários danos que não estamos vendo e até mesmo algumas coisas que imaginávamos como danos, que são sujeiras", revelou. "Acredito que nós vamos conseguir fazer uma boa intervenção que permitirá que o espectador chegue aqui e encontre peças íntegras", complementou Sousa.

O presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), Fernando Leite, destacou que os danos identificados nas obras de arte eram menores do que se esperava, e a maior parte deles ocorreu em função do período em que o teatro ficou fechado - o equipamento público foi interditado em 2014. "Na prática, o que foi encontrado não foi o dano esperado. O segredo foi a proteção, que foi feita bem orientada e rigorosamente dentro do projeto de restauro", explicou.

Como é a reforma do Teatro Nacional

Com investimento de R$ 70 milhões, a primeira etapa da obra do Teatro Nacional tem como foco a Sala Martins Pena e as alterações relativas à segurança. As duas novas saídas de emergência estão prontas, bem como os novos banheiros, o reservatório de incêndio com capacidade para 350 mil litros de água e as salas de geradores. Todos os serviços de demolição, alvenaria e estrutura na Sala Martins Pena também foram concluídos. O trabalho agora consiste na conclusão da obra, com serviços de acabamento.

"A parte estrutural está toda pronta. Estamos fazendo pinturas, cuidando das instalações e da parte de paisagismo, que vamos fazer tanto na parte de dentro como de fora, e do estacionamento" afirmou o presidente da Novacap, Fernando Leite. O secretário Claudio Abrantes acrescentou: "Estamos na fase de acabamento, com pintura, forração e restauração. As cadeiras estão compradas. Realmente são os detalhes finais".

As obras do Teatro Nacional Claudio Santoro serão feitas em quatro etapas. A Sala Martins Pena e seu respectivo foyer foram escolhidas para a primeira fase. A reforma completa compreenderá ainda toda a Sala Villa-Lobos, o Espaço Dercy Gonçalves, a Sala Alberto Nepomuceno e o anexo.

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As obras agora estão na fase de acabamento, que incluem paisagismo. | Foto: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília