BRASILIANAS | Zoo Brasília reproduz 21 espécies em extinção
Duas filhotas de lobo-guará integram a mais recente leva de animais com risco de extinção que nasceu sob manejo controlado.
Caio Cavalcante - São duas fêmeas as filhotes de Lobo Guará nascidas em junho. Elas são a 2ª geração da espécie nascida no Zoo DF.
Duas filhotas de lobo-guará integram a mais recente leva de animais com risco de extinção que nasceu sob manejo controlado.
Enquanto o Zoo Brasília se ajusta para cumprir as etapas finais que lhe darão o exigente e prestigiado Certificado de Bem-Estar Animal, título aferido pela Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil - entidade que representa no Brasil a WAZA (Associação Mundial de Zoológicos e Aquários) -, novos animais que nasceram ou que chegaram recentemente estão sendo apresentados para o público.
Os caçulas da fila de animais que nasceram sob cuidados especiais são duas fêmeas de lobo guará. Ainda sem nome (o Zoo sempre faz uma enquete para batizar seus integrantes), elas integram a segunda geração da espécie a se reproduzir aqui no DF, um fato que está sendo amplamente comemorado pelos zootecnistas.
A mãe delas, a loba-guará Mônica, de 9 anos, também nasceu no Zoo Brasília - é filha de uma loba que havia sido resgatada pela Polícia Ambiental de Minas Gerais e que recebeu o nome de Gisele. O pai das lobinhas é o Zangado, que chegou a Brasília em 2021 após ser salvo do tráfico de animais pela Secretaria de Meio Ambiente de Cuiabá (MS).
As bebês ainda não podem ser expostas ao público. Estão sob cuidados atentos dos veterinários e da mamãe, zelosa. Mas, a partir da próxima semana, os brasilienses irão conhecer o casal de suricatos que chegou o mês passado vindos do Animália Parque, que fica em Cotia (SP). É a primeira vez que o Zoo do DF recebe essa espécie.
O Timão tem 8 anos. A suricato fêmea (ainda sem nome) vai fazer um ano em novembro. Os dois estão plenamente adaptados à nova casa, já formam um casal e existe a torcida entre os tratadores para que se reproduzam em breve - há relatos de que eles "têm química".
Junto com os suricatos veio a zebra Ailin, que está "recebendo visitas" desde o final do mês passado. Nascido em 2021, Ailin é o macho de zebra-das-planícies, uma espécie em extinção na natureza - o que torna a presença do animal ainda mais significativa para os esforços de conservação do Zoo.
Embora moradores do Zoo Brasília há 3 anos, os irmãos onça-pintada Peter e George ganharam também, esta semana, um novo tanque de água, especialmente projetado para eles. A nova estrutura atende as necessidades comportamentais e fisiológicas desses felinos, uma vez que as onças-pintadas são conhecidas pela afinidade natural com a água e pela habilidade de nadar.
"A introdução do tanque de água é essencial para proporcionar um ambiente que estimule tanto o aspecto físico quanto o mental dos animais", afirma o diretor-presidente do Zoo Brasília Wallison Couto. "Temos trabalhado para revitalizar os recintos, garantindo que os animais vivam em ambientes que mimetizam seus habitats naturais", completou.
Além disso, diz o chefe do Zoo, essas melhorias também têm como objetivo "proporcionar uma experiência mais enriquecedora e educativa para os nossos visitantes, conectando-os de forma mais profunda à natureza e à importância da preservação".
O Zoo Brasília foi criado em 1957 como um espaço de diversão para os candangos (os construtores de Brasilia). Atualmente, abriga cerca de 600 animais. No ano passado, recebeu 579.667 pessoas - o que representa quase 20% da população do DF.
"Não apenas conservar, mas reverter a situação"
O Zoo Brasília integra o Programa Nacional de Manejo Ex Situ de Espécies Ameaçadas, coordenado pelo ICMBio e pelo Ministério do Meio Ambiente. Para auxiliar o leitor: a conservação ex situ (fora do lugar de origem) é considerada complementar à conservação in situ (feita no local de origem do animal) e assegura a sobrevivência de espécies ameaçadas de extinção por meio do estabelecimento de populações de segurança (backup) nos zoológicos, aquários e criadouros conservacionistas ou científicos.
"Neste âmbito, os programas de manejo são ferramentas para garantir a representação da espécie quanto à variabilidade genética e demográfica, permitindo, quando necessário, a reintrodução de indivíduos, o revigoramento e crescimento populacional", afirma o protocolo do programa.
Na última atualização da Lista Vermelha, feita pelo Ministério do Meio Ambiente em 2022, foram reconhecidas 1.249 espécies ameaçadas no Brasil, entre os quais estão 102 mamíferos, 257 aves, 71 repteis, 59 anfíbios, 291 peixes continentais e 97 peixes marinhos - além de 372 invertebrados.
Desse conjunto de animais ameaçados, o Governo Federal elencou 25 como prioridade, dos quais 21 têm exemplares abrigados no Zoo Brasília. Entre eles está um macho do Sauin-de-Coleira, um macaco sagui de duas cores da região de Manaus (AM) e que está em estado considerado "crítico de extinção". O Zoo DF foi autorizado e espera a chegada de até 3 fêmeas, que irão formar novas famílias aqui no DF.
O Zoo DF ainda tem um casal jovem de Cervo do Pantanal - que poderá se reproduzir em breve. Abriga também um novo casal de ariranhas - a fêmea veio de São Paulo e o macho da Alemanha. Vale lembrar que no Zoo Brasília já nasceram mais de 60 filhotes da espécie.
A Jacutinga, uma ave da região de Mata Atlântica que está em via de extinção devido ao desmatamento e à caça predatória, também é abrigada no programa de manejo das espécies sob cuidados especiais do Zoo Brasília.
"Nosso compromisso é com a conservação das espécies ameaçadas de extinção. A cada dia, buscamos não apenas conservar, mas também reverter a situação crítica em que muitos desses animais se encontram", disse à "Brasilianas" a zootecnista e gestora de políticas públicas Ana Raquel Faria - que há 30 anos trabalha no Zoo Brasília.
Conheça os programas especiais para visitantes
Além da visitação normal (de terça a domingo), das 8h30 às 17h, o Zoo Brasília volta a oferecer, a partir da próxima semana, dois programas de visitação especiais.
Ao preço de R$ 50 por pessoa, é possível fazer um passeio noturno ou ainda visitar locais específicos do zoológico, conhecendo os bastidores e como determinados animais são alimentados e cuidados.
Tanto o "Zoo Noturno" quanto o "Zoo Experiência" acontecem duas vezes por semana (terça e quinta), em grupos de até 30 pessoas, e são agendados a partir do e-mail do Zoo: atendimento@zoo.df.gov.br