Por: William França

BRASILIANAS | Dengue já matou 440 pessoas no DF em 2024 (até ontem). Um recorde

Número de mortes em 2024 supera, em 270%, a soma de outros sete anos | Foto: Painel da Dengue no DF

Número de mortes por dengue este ano é 270% maior do que a soma de todos os últimos sete anos. A prevenção deve ser feita ainda nesta época de seca

Este ano, mesmo com todas as medidas já adotadas, vacinação de crianças e campanhas realizadas, o número de óbitos por dengue no DF superou em 270% a soma de todas as mortes ocorridas entre 2019 e 2023 - um período de sete anos.

Em 2024, foram 440 óbitos confirmados (até ontem), segundo os dados divulgados pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Saúde do DF, apresentados no Painel da Dengue no DF (acesse aqui). Somados, os anos de 2017 a 2023 resultam em 163 mortes.

Detalhando melhor o número de óbitos, na série história: 12 em 2017; 2 em 2018; 59 em 2019; 43 em 2020; 11 em 2021; 13 em 2022 e 23 no ano passado.

O painel da dengue no DF também traz o número de casos atendidos na rede hospitalar: 274.858 ocorrências (até ontem).

Por conta desses dados - alarmantes - o Ministério Público do DF, por meio da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) recomendou que a Secretaria de Saúde (SES) e a Secretaria de Economia (SEEC) adotem uma série de medidas de combate à dengue e outras arboviroses, como nomeação de agentes de vigilância e ações de prevenção e controle no Distrito Federal. A recomendação foi publicada no último dia 2.

Entre as recomendações, estão: definir estratégias contínuas para redução da proliferação do mosquito Aedes aegypti; intensificar as ações sanitárias de prevenção, especialmente no atual período não epidêmico, incluindo a nomeação de agentes de vigilância ambiental em saúde (Avas) e agentes comunitários de saúde (ACS); e garantir os estoques estratégicos de todos os insumos necessários, como inseticidas e kits de diagnósticos.

O documento destaca ainda a necessidade de intensificar, de forma permanente, as atividades de educação em saúde, comunicação e mobilização social, com ações educativas em escolas, órgãos públicos e locais de grande circulação de pessoas, como estações rodoviárias e metrô. Além disso, há a recomendação de otimizar a execução orçamentária dos recursos destinados às ações e serviços de vigilância em saúde.

A SES deverá informar mensalmente à Prosus as medidas administrativas realizadas para minimizar os riscos de uma nova epidemia de dengue, incluindo as providências indicadas no documento.

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O deputado distrital Chico Vigilante (PT) teve dengue 2 vezes apenas este ano: "Algo que me deixou muito chateado" | Foto: Agência CLDF

Distrital contraiu dengue 2 vezes este ano

Na última terça-feira, o deputado distrital Chico Vigilante (PT) voltou ao trabalho, após ter ficado em repouso médico. "Infelizmente, contraí a doença pela segunda vez em 2024, algo que me deixa muito chateado, principalmente em um período de seca. Isso só reforça o quanto precisamos agir com urgência", afirmou.

O distrital faz um alerta: "Se agora, com o tempo seco, estamos enfrentando esses casos, imaginem quando as chuvas voltarem e os alagamentos se tornarem comuns. A situação pode piorar muito, colocando a saúde da nossa população em risco."

Na mesma linha do Ministério Público, Chico Vigilante fez um apelo ao governo: "Intensifiquem as ações de prevenção e combate ao mosquito transmissor da dengue! Precisamos cuidar da nossa gente e evitar que essa doença horrível continue afetando tantas vidas."

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Peça publicitária da nova campanha de conscientização sobre os riscos da dengue | Foto: GDF/Divulgação

GDF usa publicidade para alertar e conscientizar

Na última semana de agosto, o Governo do Distrito Federal começou campanha publicitária de conscientização para alertar a população para promover a prevenção do mosquito mesmo antes do período das chuvas.

"Dengue: A hora de prevenir é agora. Não espere as chuvas para agir", afirma a campanha. Este jornal, "Correio da Manhã", já publicou peças dessa campanha publicitária.

Diz o GDF: "A batalha contra a dengue é constante e, mesmo em época de seca, é importante manter o trabalho preventivo contra a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, sem esperar a chegada das chuvas e o aumento das temperaturas, quando cresce o risco de proliferação do mosquito".

O subsecretário substituto de vigilância à saúde, Victor Bertollo, reforça a importância da participação da população nas ações contra a dengue, realizadas o ano inteiro. "O combate à dengue não depende apenas das ações individuais, mas também do engajamento coletivo. Mobilizar a comunidade para eliminar focos do mosquito, participar de mutirões e denunciar locais com água parada são ações fundamentais para evitar surtos."

Ele completa: "Por mais que nessa época de seca haja uma redução de casos, há mosquitos em focos permanentes, como caixa d'água por exemplo. Entrar no período de chuvas com incidências altas causa dificuldade em interromper o ciclo da dengue, então é necessário mitigar antes que se torne epidêmico. Temos que estar com o maior preparo possível, o engajamento dos cidadãos é a parte mais importante nesse combate", destaca Bertollo.

Há vacinas disponíveis para crianças

Além da vacinação disponível para as crianças de 10 a 14 anos, que é a população mais vulnerável em casos mais graves da dengue, o secretário Bertollo frisa a importância da checagem semanal em casa, que visa barrar o tempo de eclosão dos ovos do Aedes aegypti e interromper a reprodução do mosquito.

O Aedes aegypti é um mosquito pequeno, de cor escura e com listras brancas no corpo e nas pernas. Ele se reproduz em água parada, o que significa que qualquer recipiente, por menor que seja, pode se tornar um criadouro. Vasos de plantas, pneus, garrafas e até mesmo tampinhas de garrafas são locais ideais para o inseto depositar seus ovos.

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Ações preventivas contra a dengue, como evitar o acúmulo de água parada em casa, devem ser mantidas mesmo no período da seca | Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

Confira as principais ações de cuidados que se deve ter para evitar a proliferação do mosquito.

Elimine focos de água parada. Verifique semanalmente sua casa e quintal para eliminar qualquer recipiente que possa acumular água. Mantenha caixas d'água, tonéis e barris bem tampados.

Use repelentes. Aplicar repelente nas partes expostas do corpo ajuda a evitar picadas. Reaplique conforme as instruções do fabricante, especialmente se estiver ao ar livre.

Proteja a casa. Instale telas em janelas e portas para impedir a entrada de mosquitos. Mosquiteiros sobre as camas também são uma boa opção.

Mantenha-se informado. Acompanhe as campanhas de conscientização e siga as orientações das autoridades de saúde.

Fique alerta aos sintomas

Os sintomas da dengue incluem febre alta, dores intensas no corpo e nas articulações, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, náuseas, vômitos, manchas vermelhas na pele e cansaço extremo. Em casos mais graves, a dengue pode evoluir para a forma hemorrágica, que é potencialmente fatal.