E o recorde negativo pode ser superado já na próxima quarta, quando se completarão 147 dias sem chuva - prevista só para o fim do mês. CLDF vai discutir o tema na próxima semana
Brasília está há 143 dias sem chuva, e hoje, 13 de setembro, iguala o terceiro período mais longo de seca, desde 1995. Mas este recorde negativo pode ser quebrado já na próxima quarta-feira, quando serão completados 147 dias consecutivos sem precipitações.
Se isso ocorrer, Brasília atingirá a marca registrada em 2004, quando o Distrito Federal ficou o mesmo período sem chuvas. Isso porque, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é que as chuvas só retornem após o dia 25 deste mês.
"A cada dia a gente atualiza a previsão. Os modelos mudam. Mas, no momento, a tendência é de que somente vá chover depois do dia 25", disse à "Brasilianas" a meteorologista Maytê Coutinho, do Inmet - responsável pelo levantamento histórico.
Segundo ela, até ontem havia a possibilidade de a chuva chegar no dia 20 deste mês. Mas as novas medições afastaram ainda mais a chance de chuvas para breve.
Pela série histórica levantada por Maitê, o recorde de períodos de sem chuvas no DF aconteceu em 1963 - primeiro ano de funcionamento do Inmet na Nova Capital. Naquele ano, o DF ficou 163 dias sem chuva. "Espero que esse recorde não seja quebrado", disse a meteorologista.
CLDF debate o Plano de Adaptação Climática no DF
Com o agravamento da seca e das queimadas no cerrado do Distrito Federal, a Câmara Legislativa do DF marcou para a próxima quarta-feira (18), às 19h, uma audiência pública para debater o Plano de Adaptação aos Efeitos Adversos da Mudança Global do Clima para Reduzir as Vulnerabilidades e Ampliar a Adaptação no Distrito Federal.
O evento contará com a participação de especialistas, pesquisadores, movimentos sociais e coletivos locais, com o objetivo de discutir soluções para a crise climática no DF e em seu entorno. A audiência pública foi proposta pelo deputado Max Maciel (Psol).
O debate abordará as consequências do aquecimento global, como a alteração do regime de chuvas e o aumento de eventos extremos, e as estratégias do Governo do DF para mitigar esses impactos, com destaque para a redução de vulnerabilidades nos recursos hídricos e a formulação de um plano de mitigação de emissões de gases de efeito estufa.
Bombeiros diversificam estratégias
Além dos combates diretos aos focos, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) estabeleceu uma série de ações preventivas e planos que possibilitam que uma média de 100 ocorrências sejam atendidas diariamente.
"Nesse período, é esperado que [o trabalho] se intensifique, devido ao longo período de estiagem. Para colaborar com isso, temos a operação Verde Vivo. Todos os anos, a gente se prepara. Ela é dividida em fases, começa em meados de março com a fase preventiva. [Antes da seca,] a gente consegue fazer trabalhos educativos com chacareiros, a gente vai até as zonas com vegetação mais exuberante — que podem virar combustível — fazer planos de manejo e todas as ações preventivas para que, quando chegar esse período, a gente esteja o mais preparado possível", explica o tenente Anderson Ventura, do Grupamento de Proteção Ambiental (GPRAM).
"Em paralelo, a gente prepara um contingente de militares, viaturas e equipamentos para conseguir atender a essa demanda altíssima, que é normal nesse período do ano. O sintoma claro de que a Operação Verde Vivo dá certo é o fato de a gente conseguir atender todas [as ocorrências], apesar de haver um aumento abrupto de um mês para o outro", completa o militar.
A média nesta época, estima o tenente, é de 100 ocorrências por dia. Ao todo, de janeiro até a última segunda-feira (9), foram 10.442 registros — que resultaram em 16.039,4 hectares queimados. A área atingida é maior que a do ano passado, quando choveu em agosto, mas está dentro da média histórica (de 23.607,76 hectares anuais), levemente acima apenas por causa dos recordes negativos de umidade. Para o combate, o CBMDF tem 180 bombeiros dedicados exclusivamente à função, que usam 43 viaturas equipadas.