BRASILIANAS | Lula é cobrado por solução no transporte no Entorno do DF

Aposta é a criação de um consórcio Inter federativo - os estudos devem ser concluídos em novembro. Celina Leão já tratou do tema com o Palácio do Planalto, que até agora ainda resiste à ideia

Por William França

Daniel Vilela (Goiás) cobra do presidente Lula solução para o problema do transporte urbano no Entorno do DF

Aposta é a criação de um consórcio Inter federativo - os estudos devem ser concluídos em novembro. Celina Leão já tratou do tema com o Palácio do Planalto, que até agora ainda resiste à ideia

Altas tarifas, demora, baixa qualidade marcam o dia a dia de quem precisa sair do Entorno para Brasília todos os dias. São pelo menos 225 mil pessoas. A busca por uma solução para esse problema foi cobrada na última sexta-feira diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na primeira visita dele a Goiânia, desde o início deste seu terceiro mandato.

O governador do Estado, Ronaldo Caiado (União), está em férias na Grécia. Coube ao governador em exercício, Daniel Vilela (MDB), cobrar "medidas concretas" para resolver a situação crítica do transporte semiurbano no Entorno do Distrito Federal.

"O povo do Entorno de Brasília vive uma situação dramática do ponto de vista do transporte. Quem determina e executa o serviço do transporte coletivo é ANTT uma agência que não tem como finalidade a execução das políticas públicas e sim a regulação e a fiscalização", afirmou Vilela. A ANTT é a Agência Nacional de Transportes Terrestres.

Vilela lembrou a Lula sobre a possibilidade de criação de um consórcio Inter federativo, que além de DF e Goiás teria a participação do Governo Federal para custear o complemento do valor da tarifa paga pelo usuário do transporte público. "Nosso governo (de Goiás) já se colocou à disposição", enfatizou.

Gil Ferreira/ASCOM SRI - Celina Leão (DF) e Ronaldo Caiado (GO) se reuniram no Palácio do Planalto, em fevereiro do passado

Celina Leão destaca a situação única do Entorno do DF

Em fevereiro do ano passado, enquanto estava à frente do GDF - por conta do afastamento do governador Ibaneis Rocha, em virtude dos ataques antidemocráticos de 8 de Janeiro - a vice-governadora Celina Leão (PP) esteve no Palácio do Planalto, junto com Caiado, para tratar do tema.

"Nós arcaríamos com uma parte, Goiás com outra e a União com a terceira parte. É uma condição específica, geográfica, que em nenhum outro lugar do país existe" disse Celina Leão, à época. "Dessa forma, DF, Goiás e governo federal dividiriam os custos da tarifa, complementando o valor pago pelo usuário ao custo real da passagem."

Naquele momento, a ANTT havia determinado um aumento de 40% no valor das passagens - o que gerou críticas dos usuários e dos governadores. Daquela reunião, que teve como interlocutor o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi definida a criação de um Grupo de Trabalho para buscar soluções para o problema.

O Grupo de Trabalho é composto pela ANTT, INFRA SA (Empresa pública da União, vinculada ao Ministério da Infraestrutura, responsável pelo planejamento e estruturação de projetos para o setor de transporte), Secretaria de Mobilidade do Distrito Federal, Secretaria Geral do Governo de Goiás e a Secretaria de Estado do Entorno do DF.

"Brasilianas" apurou que o GT deve concluir seu relatório em novembro e deve sugerir a criação do consórcio tripartite. Também apurou que, embora tenha empenho por parte do governo de Goiás e apoio do GDF, a resistência maior é da União, que teme abrir precedentes.

Isso porque há outras regiões metropolitanas (não oficiais) que também querem o mesmo modelo de gestão. Entre elas, as prefeituras de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) e a região de Teresina (PI), que faz divisa com Timon (MA).

Sobre esse ponto, na reunião do ano passado, Celina Leão enfatizou que o Entorno do DF "é uma condição específica geográfica que em nenhum outro lugar do país existe", porque envolve a Capital da República e os seus Poderes, além das sedes de embaixadas.

Romullo Carvalho/Jornal Opção - O presidente Lula, ao lado de outras autoridades, faz a entrega de 60 ônibus elétricos para o BRT Norte-Sul, de Goiânia

Lula inaugurou o BRT Norte-Sul em Goiânia

A visita de Lula teve como destaque o lançamento de um trecho do BRT Norte-Sul, que agora conta com 60 novos ônibus - 100% elétricos - adquiridos pelo Governo de Goiás. O sistema de transporte da Região Metropolitana de Goiânia, gerido pelo Governo de Goiás, é considerado um modelo de sucesso no país, sendo totalmente integrado e com tarifa única, congelada em R$ 4,30.

Os investimentos feitos no BRT Norte-Sul, no trecho 2, que vai do Terminal Recanto do Bosque até o Terminal Isidória, somam R$ 324 milhões, sendo que R$ 140 milhões foram repassados pelo Governo Federal.

Segundo o ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), a obra vai impactar a vida de cerca de 500 mil de pessoas que podem economizar cerca de 30% a 40% do tempo de deslocamento. "O BRT aqui de Goiânia vai fazer com que as pessoas tenham mais tempo para o lazer e para estudar e melhorar a sua qualidade de vida aqui na capital", disse o ministro.

"Nosso objetivo é levar os avanços do sistema de Goiânia para a região do Entorno de Brasília", destacou o governador em exercício, reforçando a necessidade de uma governança compartilhada entre os entes federados. Daniel Vilela, 40 anos, é filho de Maguito Vilela, que foi governador, senador, deputado federal e deputado estadual. Foi também prefeito da capital Goiânia e de Aparecida de Goiânia, além de vereador de Jataí.

Para a secretária do Entorno do Distrito Federal de Goiás (SEDF-GO), Caroline Fleury, a fala pública do governador em exercício demonstra mais uma vez o compromisso do Governo de Goiás em solucionar o problema.

"Temos atuado fortemente no Grupo de Trabalho, fornecendo todos os dados necessários, para que saia uma solução definitiva, sólida e que garanta a dignidade para o usuário", disse.

 

Divulgação/Secretaria do Entorno do DF - Carol Fleury, secretária de Goiás para o Entorno do DF