BRASILIANAS | Martins Pena terá cadeiras by Sérgio Rodrigues

Novas cadeiras mantém o design icônico e o conforto das peças do designer. ‘Brasilianas’ errou no prazo da entrega total do projeto, mas adianta o cronograma da nova fase da obra

Por William França

O espaço terá 488 novas cadeiras, desenhadas de acordo com a estética original esboçada por Sérgio Rodrigues

Novas cadeiras mantém o design icônico e o conforto das peças do designer. ‘Brasilianas’ errou no prazo da entrega total do projeto, mas adianta o cronograma da nova fase da obra

Antes de tratarmos dos avanços na reforma do Teatro Nacional, como o do resgate de detalhes de seu patrimônio artístico e cultural, é preciso fazer uma correção: "Brasilianas" errou, quando em nota no último dia 1º disse que 70% das obras do Teatro Nacional estavam concluídas.

Alertada pelo jornalista e amigo Chico Sant'Anna, "Brasilianas" foi checar a informação - que havia sido repassada pelo Ministério Público do DF, após vistoria da Procuradoria Distrital dos Direitos do Cidadão (PDDC) às obras da reforma. Errou o MP e, por consequência, errou "Brasilianas".

Segundo o presidente da Novacap, Fernando Leite, que supervisiona as obras da reforma - que são feitas pela Porto Belo Engenharia -, o que está quase pronto no momento é a parte referente à sala Martins Pena, a segunda maior do espaço (são 4 salas de espetáculos no Teatro Nacional). A expectativa é que ela seja aberta até dezembro.

Todos os serviços de demolição, alvenaria e estrutura na Sala Martins Pena foram concluídos. O trabalho agora consiste na conclusão da obra, com serviços de acabamento - tais como a restauração de dois painéis de Athos Bulcão, já anunciados aqui em "Brasilianas".

Ainda segundo a Novacap, a expectativa é que sejam gastos cerca de R$ 54 milhões nesta etapa da obra, que deve durar ao todo dois anos (fora o tempo anterior de projetos e aprovações). Foram atendidas 13 exigências feitas pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil, como rotas de fuga, acessibilidade real (inclusive para os atores, nas coxias e camarins) e sistemas de combate a incêndio.

O Ministério Público foi alertado, pela coluna, do erro. "Agradecemos pelo alerta e pela parceria", disse a assessoria do MPDFT, em nota. E a você, leitor, por conta do erro, "Brasilianas" pede desculpas.

Obras da sala Villa Lobos serão licitadas no início de 2025

Mas, nem tudo é falha. "Brasilianas" aproveitou a ocasião para questionar ao presidente da Novacap sobre as obras da sala Villa Lobos. Segundo ele, os projetos da reforma do maior espaço cultural da cidade estão em fase final de aprovação pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

"Se tudo correr como planejamos, assim que entregarmos a sala Martins Pena, queremos publicar o edital de licitação da sala Villa Lobos", disse Fernando Leite. Dentro desse cronograma, a seleção da empresa - ou consórcio - que irá conduzir a etapa final da reforma do Teatro Nacional começará no início de 2025.

E quanto vai custar a segunda etapa? Segundo disse recentemente o secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Claudio Abrantes, a expectativa é que seja da ordem de R$ 260 milhões - quase 5 vezes o valor investido na reforma da Martins Pena. A reforma completa compreenderá ainda toda a Sala Villa-Lobos, o Espaço Dercy Gonçalves, a Sala Alberto Nepomuceno e o anexo.

O custo é muito maior porque, além de ser muito grande (a Villa Lobos tem capacidade de 1.407 lugares ante as 488 da Martins Pena), ela possui um palco de 450 m², com 17 m de abertura e 25 m de profundidade, além de 2 elevadores - um deles para o fosso da orquestra, que é móvel - e 7 camarins, além de salas de ensaio. A Martins Pena tem palco de 235 m², com 12 m de abertura e 15 de profundidade, 1 elevador e 15 camarins.

Isso tudo sem contar em equipamentos de som e de mecânica, nas coxias, para a troca de cenários. Tudo será trocado e receberá o melhor equipamento possível, para tornar a Villa Lobos "a melhor sala de espetáculos do país", segundo Fernando Leite.

Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília - Os novos assentos seguem padrões de conforto, mas com materiais e segurança contra incêndio

Cadeiras foram inspirados nas peças do designer Sérgio Rodrigues

Agora, sim, vamos tratar das novas poltronas da Martins Pena. Em sua etapa final de acabamento, o espaço acaba de receber as 488 novas cadeiras que irão compor a área destinada à plateia.

Os assentos foram desenhados exclusivamente para o local seguindo o padrão e a estética originais esboçados pelo arquiteto Sérgio Rodrigues, falecido em 2014 e considerado o maior nome do design de mobiliário nacional. Elas garantem mais conforto aos espectadores.

Em visita técnica ao teatro na semana passada (10), o secretário de Cultura e Economia Criativa, Claudio Abrantes, afirmou que as poltronas precisaram ser trocadas devido ao material inflamável na composição do estofado: "Embora fossem do Sérgio Rodrigues, as cadeiras da Sala Martins Pena foram substituídas porque o material usado naquela época era tóxico e fácil de pegar fogo. Seguindo as recomendações do Corpo de Bombeiros do DF, nós fizemos a troca".

As poltronas desenhadas foram inspiradas nas originais, de Sérgio Rodrigues, e passaram por uma aprovação prévia do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Foram feitos vários protótipos até que se chegasse ao modelo ideal, seguro e confortável para espectadores.

"As cores escolhidas por Athos Bulcão vão permanecer. No caso da Martins Pena, será um tom de laranja. A nova cadeira é mais ergonômica, em veludo e tem um material mais adequado com a estrutura em madeira, que ajuda na acústica da sala", detalhou Claudio Abrantes.

"Outra novidade é que elas serão alocadas de uma forma que não impeça a visão de quem está atrás. Elas ficarão intercaladas para que todos consigam enxergar o palco", anunciou o secretário.

Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília - A nova rede de climatização do Teatro Nacional Claudio Santoro tem uma central de água gelada

Sistema de água gelada servirá para todo o teatro

A primeira etapa da obra do Teatro Nacional tem como foco a Sala Martins Pena e as alterações relativas à sua segurança, mas alguns sistemas estruturais servirão para todo o Teatro Nacional, como é o caso da climatização.

Durante a visita técnica, foi apresentada a nova rede de climatização do Teatro Nacional Claudio Santoro: uma central de água gelada precisou ser criada para armazenar os equipamentos de refrigeração do espaço.

"Essa central vai atender não só a Martins Pena, mas todo o teatro. Ela vai trazer mais conforto térmico para os usuários e promover uma melhora na qualidade do ar que circula aqui dentro", completou Claudio Abrantes.

O reservatório externo de incêndio com capacidade para 350 mil litros de água e as salas onde serão armazenados os cinco geradores de energia também integram o conjunto de equipamentos de uso comum.