O projeto do BRT que ligará o Sol Nascente ao Plano Piloto, inicialmente com 38,7 km de extensão, está sendo modificado e passará agora pelo Pistão Norte, de Taguatinga. Trechos na Hélio Prates ainda serão licitados
Umas das obras de mobilidade que mais pontuaram os discursos do governador Ibaneis Rocha (MDB), o Corredor Eixo Oeste, não estará concluído até o prazo da sua desincompatibilização, em abril de 2026. Modificações necessárias no trajeto inicial e atraso na execução de algumas etapas impedirão a conclusão da obra ainda ano atual mandato de Ibaneis.
"Brasilianas" vem apresentando uma série de reportagens sobre o ajustamento do calendário de obras do GDF ao calendário eleitoral. Na prática, a gestão de Ibaneis Rocha se encerra dentro de 1 ano e 6 meses - caso ele mantenha a ideia de ser candidato ao Senado pelo DF.
Dentro desse prazo de 18 meses, não será possível concluir esse corredor para o BRT. O governador afirmou, por várias vezes, que esta seria uma das principais obras de sua gestão, pois fará a ligação do Sol Nascente (região administrativa que fica após Ceilândia, e considerada uma das mais pobres do DF) ao Eixo Monumental.
O Corredor Eixo Oeste foi idealizado para permitir que a viagem entre o Sol Nascente e a área central do Plano Piloto dure apenas 30 minutos. Estima-se que o impacto dessa mudança atingirá até 1,8 milhão de pessoas, por dia. Ao todo, deve custar cerca de R$ 500 milhões.
Mudança para não atrapalhar o comércio
Inicialmente, o corredor sairia da intersecção do Sol Nascente com o centro de Ceilândia, passando pelas avenidas Hélio Prates e Comercial Norte, onde se encontraria com os novos acessos do Túnel Rei Pelé (que integrava o projeto), no centro de Taguatinga. Esse é o trecho que agora será alterado.
"Vimos que não será possível transformar a Avenida Comercial Norte num corredor para o BRT. Inviabilizaria o comércio na região, que é uma marca de Taguatinga", disse à Brasilianas o secretário de Obras, Valter Casimiro. "Imagina um corredor expresso de ônibus pesados e rápidos, misturado a cruzamentos de pessoas e intersecção de carros, numa via apertada. É inviável", completou.
Casimiro usou uma analogia para expressar a decisão de abandonar o trecho do Corredor Eixo Oeste, que cruzaria o comércio de Taguatinga. "Ficaria igual à Avenida Anhanguera, no centro de Goiânia. Só se consegue passar de carro lá em fila indiana, sem parar, e essa dificuldade atrapalhou muito o comércio de lá", sentenciou Casimiro.
No novo trajeto, mais dois viadutos
A solução encontrada foi utilizar o Pistão Norte como nova rota. As obras previam que, na altura do Taguacenter (Comercial da QNG), o corredor virasse à direita, entrando na Avenida Comercial Norte. Agora, seguirá em frente (ladeando a QND/QNG) até a entrada de Vicente Pires. De lá, vai seguir ladeando o Taguaparque (área de lazer dos taguatinguenses) até encontrar a Estrada-Parque Taguatinga (EPTG), na altura da Estação Concessionária do Metrô-DF - agora, após o Tunel Rei Pelé, e não mais sobre ele, como foi projetado inicialmente.
Para as novas conexões, deverão ser projetados pelo menos mais dois viadutos: um na ligação da QND/QNG com o Pistão Norte, na altura da entrada de Vicente Pires, e outro para viabilizar a conexão do novo corredor com a EPTG (já próximo à estação Concessionárias). Nada desse novo trajeto foi projetado, ainda.
"No início do próximo ano, vamos fazer a licitação para os Termos de Referência (estudos técnicos, o projeto preliminar) desse trecho que foi modificado", afirmou à coluna o secretário de Obras. "Essa obra vai ficar para outros governos, não para este mandato do governador Ibaneis", concluiu.
Hélio Prates somente em 2025
Outro trecho atrasado desse corredor é o que está transformando o perfil da Avenida Hélio Prates (que liga Taguatinga Norte à Ceilândia Centro). Há alguns meses, foi concluído o trecho inicial, mais próximo ao Sol Nascente até a Feira de Ceilândia. Agora, está sendo concluída uma etapa mais próxima ao Taguacenter. "A gente está na fase do paisagismo, da restauração de calçadas, iluminação e sinalização viária", disse o secretário de Obras.
No trecho inicial do corredor, ainda falta refazer um trecho intermediário, que passará ao lado da Feira dos Goianos (QNH) até a Feira de Ceilândia, no centro daquela cidade. Esta etapa entrará em obras somente o ano que vem, "depois do período das chuvas", segundo Casimiro.
Neste corredor, ainda há dois trechos importantes em obras. Um que fará a conexão da nova via com o Terminal da Asa Sul e o que ligará a EPTG ao Eixo Monumental, ladeando o Setor Sudoeste e o Parque da Cidade. Sobre eles, tratarei oportunamente.
