Quando o câncer de mama é detectado nos estágios iniciais, os custos do tratamento são significativamente menores. Procedimentos menos invasivos, como a quadrantectomia, utilizada em diagnósticos precoces, apresentam um custo médio de R$ 7.783,7. Já a mastectomia, indicada para casos mais avançados, teve um custo médio de R$ 13.408,8 no mesmo período
Com a chegada de outubro, o câncer de mama volta a ser o foco das discussões sobre saúde pública, especialmente no cenário pós-pandemia. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2024 o câncer de mama deve se consolidar como o tipo mais incidente entre as mulheres no Brasil, com uma estimativa de 73.610 novos casos. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) prevê que 2024 será encerrado com o registro de 73.610 casos novos de câncer de mama . A estimativa de risco é de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. Apenas cerca de 1% dos casos ocorre em homens.
Embora os números sejam preocupantes, um fator agrava ainda mais essa situação: o diagnóstico tardio. Dados recentes mostram que o rastreamento do câncer de mama no Brasil sofreu uma queda drástica nos últimos anos, passando de 61% em 2019 para apenas 31% em 2023. Esse cenário é particularmente desafiador, uma vez que a detecção precoce é fundamental para aumentar as chances de cura e reduzir os custos com tratamentos complexos.
De acordo com um estudo da Sandbox, empresa especializada em dados e analytics em saúde, a importância do diagnóstico precoce vai além dos benefícios à saúde das pacientes. Analisando mais de 8.650 casos ao longo de cinco anos, o levantamento apontou que, quando o câncer de mama é detectado nos estágios iniciais, os custos do tratamento são significativamente menores. Procedimentos menos invasivos, como a quadrantectomia, utilizada em diagnósticos precoces, apresentam um custo médio de R$ 7.783,7. Já a mastectomia, indicada para casos mais avançados, teve um custo médio de R$ 13.408,8 no mesmo período.
Sobrecarga financeira sobre a saúde
Alexandre Vieira, diretor médico e científico da Sandbox, ressalta que esses valores aumentam de forma considerável quando tratamentos complementares são necessários. "Além do procedimento cirúrgico, o câncer de mama em estágios avançados costuma exigir quimioterapia, radioterapia e outros tratamentos que elevam ainda mais os custos para o sistema de saúde", explica. Um dado que chama a atenção é o aumento progressivo do valor das mastectomias, que subiu de R$ 10.788 em 2019 para R$ 15.242 em 2023.
Além dos números, a diferença entre os tipos de tratamento é significativa. A quadrantectomia, realizada em diagnósticos precoces, preserva boa parte do tecido mamário e resulta em uma recuperação menos traumática para as pacientes. Em contrapartida, a mastectomia, necessária em casos mais avançados, exige um período de recuperação mais longo e tem um impacto emocional e físico maior.
Outro ponto importante revelado pela análise da Sandbox é a disparidade regional no Brasil. Enquanto o tempo médio de internação para uma mastectomia em São Paulo é de 1,35 dias, no Tocantins essa média sobe para 2,33 dias, evidenciando desigualdades no acesso e tratamento da doença em diferentes regiões do país.
Com o aumento esperado de novos casos em 2024, especialistas alertam para a importância de políticas públicas que incentivem o rastreamento e diagnóstico precoce do câncer de mama. Neste Outubro Rosa, a mensagem é clara: detectar a doença cedo não apenas salva vidas, mas também reduz a sobrecarga financeira para o sistema de saúde.
