GDF gastou R$ 1,8 bilhão em obras públicas em 2023. O volume é 43% maior que em 2022. Ano passado, estiveram em curso 441 obras, sendo 47% delas ligadas a mobilidade urbana
O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) determinou que a Secretaria de Governo do Distrito Federal (Segov/DF) apresente, em 60 dias, um plano de ação para criação de um sistema de monitoramento de obras públicas.
Segundo o Tribunal de Contas, o GDF deverá listar cada etapa das obras concluídas, daquelas que estão em andamento e das que serão iniciadas. O portal também deverá indicar o prazo de conclusão para cada atividade, a unidade responsável pelas ações e as datas de entrega de etapas intermediárias.
Para que o leitor tenha ideia do volume de recursos destinados para obras, em 2023 foram destinados R$ 4,3 bilhões nesta ação - representando 7,5% do orçamento total do GDF, que foi de R$ 57,36 bilhões.
De acordo com a fiscalização do Tribunal de Contas, o atual sistema para acompanhamento das obras públicas, o InfObras, não apresenta com precisão as informações referentes ao andamento das obras e possui dados desatualizados.
O acompanhamento da gestão governamental pelo TCDF mostrou que a Segov/DF possui a relação da maior parte das obras realizadas pelo governo. O controle feito pela pasta permite verificar os órgãos responsáveis, o andamento da obra, a localidade e o eixo estruturante. Esse controle, no entanto, não apresenta dados referentes à execução orçamentária-financeira e não está acessível à população do DF.
"Apesar dessa gestão realizada pela Segov, ficou evidente a necessidade de aprimoramento do gerenciamento das informações relativas às obras públicas, visando a dar maior transparência e possibilitando melhores oportunidades de controle por parte da população do DF", diz o voto do relator do processo, conselheiro André Clemente - que foi secretário de Economia por três anos, na gestão do atual governador, Ibaneis Rocha (MDB).
A Decisão n. 3911/2024, que determinou a criação do plano de ação, foi tomada pela Corte de Contas após acompanhamento técnico das obras públicas realizadas no Distrito Federal. Essa fiscalização servirá de subsídio para o Relatório Analítico e Parecer Prévio sobre as Contas do Governo relativas ao exercício de 2023, disse a nota produzida pela Assessoria de Imprensa do Tribunal.
Em resposta à determinação do TCDF, o secretário de Governo do GDF, José Humberto Pires de Araújo, disse ontem à "Brasilianas" que já está em fase de implementação uma nova ferramenta, dentro do Sistema Gestão DF, que vai permitir a unificação e a padronização dos dados relativos à execução de obras públicas no DF.
"A Secretaria de Estado de Governo, sob minha responsabilidade, está finalizando esse trabalho em parceria com a Secretaria de Estado de Economia", afirmou José Humberto.
A maioria das obras foi concluída
Ao todo, o TCDF analisou a situação de 441 obras públicas no DF. Ao final do ano passado, 56,5% (249) das obras constavam como concluídas, 39% (172) estavam em andamento e outras 4,5% (20) encontravam-se suspensas ou paralisadas.
A maior parte das obras do DF estavam concentradas no eixo de mobilidade urbana (207), seguidas por infraestrutura e urbanização (88). O Eixo Educação contava com 45 obras e o de Saúde com oito.
Essas áreas têm sido monitoradas com frequência pelo TCDF. Recentemente, o tribunal realizou auditoria nas Unidades Básicas de Saúde e promoveu o monitoramento da implementação do Plano Distrital de Educação Básica.
Obras têm orçamento de R$ 4,3 bilhões
De acordo com a fiscalização da Corte de Contas, no final de 2023 foram gastos R$ 1,8 bilhão em obras públicas no DF. Houve um crescimento de 43,7% (R$ 546,8 milhões) em relação a 2022.
As despesas consideram os recursos dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, de Investimento e do Fundo Constitucional do DF (FCDF). No total, a despesa autorizada no orçamento era de 4,3 bilhões. O gasto no ano (R$ 1,8 bi) correspondeu a 41,9% do montante.
Segundo o monitoramento do TCDF, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) foi a unidade que mais gastou em obras públicas, com R$ 355,7 milhões ou 19,8% do total empregado.
O TCDF revelou ainda que, em dezembro de 2023, o Departamento de Estradas de Rodagens (DER/DF) era responsável por 147 obras públicas no DF (33,3%), das quais, 87,8% haviam sido concluídas, 9,5% estavam em andamento normal e 2,7% estavam paralisadas ou suspensas.
A Novacap estava gerindo 53 obras (12,0%) e a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) outras 42 (9,5%).