BRASILIANAS | Zebrinha (enfim) chega à Ceilândia. Outras RAs reivindicam

A mais populosa Região Administrativa do DF é a terceira a receber os icônicos miniônibus listrados, além das áreas próximas ao Plano Piloto. Objetivo é, também, o de alimentar as linhas de metrô

Por William França

Os zebrinhas da linha 0.019 são equipados com ar-condicionado, motor menos poluente e elevador para embarque e desembarque de pessoas com deficiência

A mais populosa Região Administrativa do DF é a quarta a receber os icônicos miniônibus listrados, além das áreas próximas ao Plano Piloto. Objetivo é, também, o de alimentar as linhas de metrô

Após 43 anos de operação no Plano Piloto, começam a circular hoje os miniônibus Zebrinha para atender os usuários do transporte público coletivo do Setor P Sul, de Ceilândia. Com um total de 42 viagens por dia, a linha 0.019 – P Sul / Metrô (Estações Ceilândia Sul, Guariroba e Ceilândia Centro), será mais uma opção de transporte coletivo, buscando a melhor mobilidade dos passageiros da região.

A linha 0.019 será operada inicialmente com três veículos miniônibus e a tarifa custará R$ 2,70. Os veículos sairão do Setor P Sul, de segunda a sexta-feira, com intervalos de 22 minutos entre as partidas e conectará o Setor P Sul às estações Ceilândia Sul, Guariroba e Ceilândia Centro do Metrô-DF.

A expansão das linhas do Zebrinha começa a atender a mais populosa das RAs. Ceilândia tem 220 mil habitantes e a região do P Sul – que pode ser considerado um bairro, dentro de Ceilândia – é abarcado pelos pela região do Pôr do Sol, Sol Nascente e a Área de Desenvolvimento Econômico (ADE) Centro Norte, e abriga uma população de mais de 130 mil habitantes.

O Serviço de Transporte de Vizinhança – nome oficial do Zebrinha – circulam desde o seu princípio nas linhas no Plano Piloto, Sudoeste, Cruzeiro e SIA. Há vários anos, outras Regiões Administrativas reivindicam o modal, sobretudo aquelas que são atendidas ou próximas às linhas do Metrô.

Os miniônibus que vão circular em Ceilândia são veículos novos que fazem parte da renovação de frota da empresa Viação Marechal. São equipados com ar-condicionado e motor Euro 6, menos poluentes. Os veículos possuem acessibilidade e elevador para embarque e desembarque de pessoas com deficiência.

Até janeiro deste ano, o Modal não circulava além das regiões próximas ao Plano Piloto. Naquele mês, Águas Claras passou a contar com a linha 0.008, que inicialmente era atendida com dois miniônibus. Em setembro, oito ônibus Zebrinha começaram a atender a região de Arniqueira e Areal (em Taguatinga, próxima a Águas Claras), circulando em duas linhas e a linha de Águas Claras recebeu mais veículos.

"O intuito desse tipo de transporte é fazer trajetos onde um ônibus convencional não passa, pequenos trajetos. É um serviço complementar que tem um atendimento diferenciado. Por isso, estamos passando por uma reformulação e criando um sistema de integração para maximizar os trajetos", afirma o secretário de Transportes e Mobilidade do DF, Zeno Gonçalves.

Divulgação/ Semob-DF - Os novos zebrinhas, adquiridos pela Viação Marechal, começam a circular em duas linhas que atendem passageiros de Arniqueira e em uma de Águas Claras

A curiosa história dos Zebrinhas

O ônibus compacto, oficialmente nomeado de Serviço Especial de Transporte da Vizinhança, integra o sistema de transporte público e foi lançado em 1980, começando a operar em 30 de abril de 1981.

A iniciativa foi do ex-governador Aimé Lamaison e do secretário de Serviços Públicos, José Geraldo Maciel. O lançamento contou com uma campanha para que o brasiliense deixasse o carro em casa e utilizasse o transporte público para ir ao trabalho.

Considerado um transporte complementar, o ônibus diferenciado tinha como objetivo ligar as vias internas da Asa Sul, Asa Norte (W1 e L1) e Lago Sul aos locais de trabalho da Esplanada dos Ministérios e setores de Autarquias, Comerciais e Bancários da capital federal.

Durante as décadas de 1980 e 1990, os Zebrinhas foram bastante utilizados, apesar de sua tarifa ser quase o dobro da cobrada nos ônibus convencionais. Era uma opção para os brasilienses que moravam ou trabalhavam nessas áreas e um incentivo para utilizarem as linhas públicas.

Os modelos originais tinham cores que contrastavam com a dos outros ônibus do início da capital. O Zebrinha ganhou esse nome por causa das listras que cruzam sua lataria. A escolha do nome foi por meio de um concurso popular.

Primeiramente, foi pintado em laranja e depois em vermelho. Os miniônibus listrados com uma dessas cores e com o branco circularam até 2012. A partir daquela data, as cores mudaram para verde e amarelo, quando a nova licitação do Sistema de Transporte Público Coletivo do DF determinou a colorização dos veículos de acordo com cada área de operação.

Somente em 2021, os ônibus voltaram a circular nas cores originais. Mas ainda eram os veículos antigos. A nova frota, que circula hoje no Plano Piloto e nas três RAs, são coletivos zero-quilômetro, que fazem parte de um total de 78 da Viação Marechal que recentemente foram entregues à população.

"A ideia era criar algo que se destacasse no cinza de Brasília, por isso o laranja e depois o vermelho. Antigamente todos os ônibus eram cinza ou brancos", explica o antigo diretor da Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) que comandou a pasta à época, Adonis Ribeiro Gonçalves.

Além da tarifa, os Zebrinhas também se diferenciavam por não ter cobrador, então o próprio motorista recebia o dinheiro das passagens. Os miniônibus também não circulavam aos sábados, domingos e feriados.

Os atuais Zebrinha fazem parte do Sistema Integrado de Transporte Público. A integração é permitida aos usuários que utilizam cartões da bilhetagem automática para pagar as viagens (como o Cartão Mobilidade) que podem ser adquiridos nas estações do Metrô-DF e nos diversos postos disponibilizados pelo Banco de Brasília (BRB).

Com o Cartão Mobilidade ou o Vale-transporte, o passageiro pode fazer até três embarques no mesmo sentido, no período de três horas, e pagar a tarifa máxima de R$ 5,50.