BRASILIANAS | Morre anta resgatado das queimadas do Parque Nacional
O animal ficou 30 dias internado no Zoo Brasília para recuperação. Quando resgatado, estava desnutrido e com as quatro patas queimadas
O animal ficou 30 dias internado no Zoo Brasília para recuperação. Quando resgatado, estava desnutrido e com as quatro patas queimadas
“É com grande tristeza que o Zoológico de Brasília informa sobre o óbito do jovem macho de anta, resgatado das queimadas no Parque Nacional.” Essa foi a tônica da nota da Fundação Jardim Zoológico que anunciou a morte do animal.
O macho de uma anta, com aproximadamente cinco anos, chegou ao Zoológico no dia 18 de setembro, com um quadro grave de desnutrição, sinais de inalação de fumaça e queimaduras severas nas quatro patas.
O animal foi resgatado por agentes do Batalhão de Policiamento Militar Ambiental (BPMA) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Estava numa região de turfas do parque, em que o fogo se dá no subsolo (cheio de compostos orgânicos), apesar de ter sido apagado na superfície. O Parque Nacional sofreu com um grande incêndio, que durou cerca de quatro dias.
Experimento com pele de tilápia
A anta, que tinha 73 kg, foi encontrada no interior do parque. Após o resgate, o animal foi atendido por uma veterinária e encaminhado ao Zoológico de Brasília, para uma avaliação mais detalhada do estado de saúde. Ele trazia também sinais de inalação de fumaça, além da desnutrição e das queimaduras.
"Aos poucos, a equipe observou uma melhora significativa no estado geral e reversão do quadro de desnutrição. Ela se alimentava muito bem de folhas colhidas todos os dias, legumes e frutas, e bebia bastante água", disse o zoológico. No entanto, o animal não resistiu e morreu.
“Durante 30 dias, recebeu muito carinho traduzido em cuidados intensivos de tratadores, veterinários do Hospital Veterinário do Zoo, zootecnistas e apoio de veterinários parceiros”, diz a nota.
Foi feito até mesmo um transplante de pele de tilápia, para que as patas queimadas pudessem ter uma regeneração mais acelerada. O experimento foi conduzido pelo professor José Renato Junqueira, especialista em podologia veterinária da Universidade de Brasília (UnB).
Segundo o Zoo, a equipe esteve esperançosa quanto ao sucesso na recuperação das queimaduras e das hemoparasitoses e na regeneração dos cascos com resultados promissores.
“Mas, apesar de todo esforço e cuidado, o jovem macho não resistiu, sua trajetória foi encerrada de forma precoce no dia 18 de outubro, e agora a equipe aguarda o resultado da necropsia, realizada na Universidade de Brasília”, conclui.
Outros animais salvos do fogo
Segue a nota do Zoo, fazendo um alerta: “A perda desse animal – que ainda teria uma importante trajetória no nosso Cerrado, dispersando sementes e plantando florestas –, nos alerta para a gravidade das ameaças que a nossa biodiversidade enfrenta todos os dias.
A redução e a fragmentação do Cerrado, as colisões veiculares e, no caso deste jovem, as queimadas que devastaram o Distrito Federal, mostram o tamanho da nossa responsabilidade e reforçam a importância de continuarmos firmes na nossa missão de proteger e cuidar da nossa fauna.”
Apesar da perda, o Zoo afirma que “o trabalho precisa continuar”. Segundo a entidade, o Zoológico de Brasília atua neste momento na recuperação de outros animais resgatados dos incêndios.
Entre eles, os tamanduás-bandeira: Flora, resgatada da Floresta Nacional, que chegou com as patas queimadas e sinais de desnutrição; e o filhote Jatobá resgatado no Parque Nacional, seguem em recuperação. Além disso, o zoo cuida ainda de um urubu resgatado no Parque Nacional que, felizmente, está quase apto a retornar à vida livre.
No encerramento da nota, o Zoo Brasília agradeceu as mensagens de apoio que recebeu ao longo do tratamento da anta. “Estamos certos de que continuaremos empenhados na missão de receber e cuidar de todos os animais que chegam até nós, para que eles tenham uma nova oportunidade de retornar ao seu ambiente a que pertencem”, concluem.