Em 'Minha miragem', o artista puxa inspiração de danças que abordam o slow motion como o Butoh japonês e o Animation norte-americano para dar vida a um videoclipe curiosamente simples e intenso ao mesmo tempo
Nascido em 1998 em Fortaleza e criado no DF desde 2001, Giovanni Garrido Cruz, também conhecido como "Abú, o Curupira", participa e administra trabalhos criativos envolvendo dança, música e cinema em Brasília desde 2011.
Ao compreender a dança como a primeira arte que o tornou artista, é dela que ele garante a marca registrada do seu balanço musical e do ritmo cinematográfico das obras que o solidificam como um artista multifacetado. O codinome “Abú” representa sua dança, “O Curupira” representa sua personalidade no Rap e “Abú O Curupira” representa aquilo que une todas as suas facetas artísticas: o cinema. “Meu cinema é a dança das imagens, minha música é a dança dos decibéis e a minha dança... é a minha dança", afirma Abú, o Curupira.
“Minha Miragem” é a música que o artista até o momento considera a mais pessoal e sentimental de todos os anos de sua carreira. “Efeito colateral de uma infância longe dos meus pais, minha primeira paixão platônica foi bem cedo, sem ter o meu amor maior por perto, aprendi a projetar esse amor dentro da minha mente e por pessoas distantes. Aconteceu muitas vezes, mas tornar essa música real virou uma chave em mim que me fez detectar essa fantasia com mais facilidade e não cair na depressão que ela me provoca. Eu vomitei o que estava me matando através dessa música. Por isso ela é tão real.” Diz o artista.
Em seu último lançamento, chamado “Minha Miragem”, o artista puxa inspiração de danças que abordam o Slow Motion como o Butoh japonês e o Animation norte-americado para dar vida a um videoclipe curiosamente simples e intenso ao mesmo tempo.
O videoclipe da música
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O videoclipe da música “Minha Miragem” acontece em um delicado jardim à beira de um penhasco que nos leva a ver um belo e gigantesco vale. Um metro antes do limite do penhasco, duas lindas deusas personificadas na imagem de jovens negras se observam à dois metros de distância uma da outra, no ângulo perfil para a perspectiva do espectador. À esquerda está Zânia com uma roupa de tecido leve e transparente da cor azul bebê e à direita está Ísis, com uma roupa de tecido leve e transparente da cor roxa.
Desde o início há uma tensão romântica na troca de olhares entre essas duas deusas. Por três minutos e meio, elas se aproximam muito lentamente juntamente com a câmera que aos poucos chega perto de seus rostos. Chega o momento em que elas estão à beira de um beijo que, antes de se concretizar, as deusas paralisam, a visão do espectador fica turva e brilhosa, pequenas bolas de luz se materializam de dentro dos corpos de Ísis e Zânia e gradativamente o corpos delas somem como uma miragem,
jamais se tornando real o tão esperado beijo no final da caminhada.
Essa cena é composta por apenas um take, enquadrado em um único plano geral frontal que se fecha gradativamente, se aproximando das personagens através de um traveling frontal até o momento final.
Comentário das atrizes
Dançarina profissional e produtora de conteúdo digital Monique Milanês(@demonique), intérprete da personagem Zânia, comentou sobre o processo de criação do clipe: “Esse é um dos clipes mais profissionais que eu já participei, desde a ideia à execução, ao profissionalismo da equipe. Por mais que a proposta era fazer “pouca coisa”(afirma com sarcasmo), esses movimentos bem lentos exigiam muita interpretação e muito controle corporal também. Tive que ter uma calma que eu não estava acostumada a ter como dançarina, eu geralmente sou aceleração pura, então isso foi um aprendizado pra minha vida.” Disse a atriz bailarina.
Atriz, modelo e também dançarina, a intérprete da personagem Ísis, mais conhecida como Sabota(@sabota._), também ficou surpresa após conseguir interpretar sua personagem diante dos desafios apresentados nos primeiros ensaios. Ao fim da gravação do videoclipe, Abú a relembra: “você mesma disse que tinha dificuldade de olhar no olho sem se desconcentrar”. “Nem parece, na hora ficou profissional mesmo”, confirmou a artista.
Dando preferência ao elenco de dançarinos, Abú escolheu a dedo as respectivas atrizes justamente por assim conseguir aplicar melhor as vivências que possui desde 2011 como dançarino ativo. Uma tarefa que o diretor já sabia que as dançarinas tirariam de letra era o desafio de se mover lentamente por dois minutos e meio, o que facilitou o foco nas expressões faciais que foram dirigidas com êxito através de 4 intensos ensaios que variaram entre 2 e 4 horas de duração cada. “No dia ele falou: você já sabe o que fazer, agora sente. Aprendizado pra vida, porque geralmente eu sou muito racional.” Afirmou Monique.
A letra e a música
Ouça a música clicando aqui
Aoo
Pois é, acabou, né?
O foda é que acabou
Sem mais amor a dois
E os planos já se foram pelo cano
Em uma semana cê já tinha
Uma mansão na minha mente
E agora adivinha só quem tá desmoronando
Só eu
Enquanto a sua imagem se mantém intacta
Nem sequer
Uma rachadura na figura dessa Deusa
Que pesa minha cabeça
Com toneladas de por favor não me esqueça
Eu vou lembrar desses momentos
Apesar daqueles sentimentos
Só o que vivemos é o que sempre temos
Sei lá quanto tempo ainda tenho
Eu não aguento mais pensar
No que nós nem vivemos
Foda que eu só penso no que nem vivemos
No que nós nem vivemos
Porra
Caralho eu só queria ser seu homem
Que que eu faço da minha vida?
Ah ah
Não vai não, não vai não
Não
Caralho, eu só queria ser seu homem
Que que eu faço da minha vida?
Ah ah
Não vai não, não vai não
Não
Caralho, eu só queria ser seu homem
Que que eu faço da minha vida?
Ah ah
Não vai não, não vai não
Não
E agora
Depois de me entregar sem limitações
Só me resta abortar minhas emoções
Danço eu, sem saber de você
Sem saber de você
Danço eu no meio das desilusões
Você foi tudo que eu sempre quis
Desde que eu te vi
Desde que eu senti
Desde que eu sorri pra ti
Eu me iludi
Confundi minhas vontades com verdades
Olhei pra um sonho como se olha pra realidade
Você foi a minha miragem
No meio do deserto
Enquanto meu suor descia por meus poros,
Na íris dos seus olhos
Eu vi algo tão belo
Foi como a luz divina
Que Ísis deu à Hórus
O nascimento de um Deus eu vi, eu vi
Na nossa junção de eus, eu vi, eu vi
O nascimento de um Deus, eu vi, eu vi
Na nossa junção de eus, eu vi
O nascimento de um Deus, eu vi
Na nossa junção de eus, eu vi
O nascimento de um Deus
Porra
Caralho eu só queria ser seu homem
Que que eu faço da minha vida?
Ah ah
Não vai não, não vai não
Não
Caralho, eu só queria ser seu homem
Que que eu faço da minha vida?
Ah ah
Não vai não, não vai não
Não
Caralho, eu só queria ser seu homem
Que que eu faço da minha vida?
Ah ah
Não vai não, não vai não
Não
Eu só queria ser seu homem
Eu só queria ser seu hoEu só queria ser seu
Só queria ser seu
Ãh ãh ah ah
Ei ãh ah ah
Ãh ah ah
Ei ãh ah ah
Ãh ah ah
Ah ah, ah ah, ãah ah
Ah ah ah ah
Hm hm hm hm
Créditos
Audiovisual
Direção Geral: Abú O Curupira
Assistente de Direção: Guilherme Guimarães
Direção de Fotografia: Zeca Sena
Assistência de Fotografia: Leonardo Mastrangelli
Cenografia: Valentina Penner e Ca Ignez
Assistência de Cenografia: Victoria Vanmunster
Figurino: Ana Oazem e Geovana Leila
Design Gráfico: Isis Lopes
Direção de Produção: Abú O Curupira
Assistência de Produção: Artur Coutinho, Arthur Paiosi e Julia Rosa
Pós-Produção: Vitor Cipriano e Abú O Curupira
Orientador: Érico Monnerat
Apoio: Recanto de Maria Flor
Agradecimentos: Daniel Vicente, Nate Braga, Juanis, Odair Telles e Marcelo Garrido
Produção musical
Composição e Voz: O Curupira
Produção Musical: ronchi