Arnaldo Júlio Barbosa concorre ao prêmio pelo livro de poesias, escritas em cordel, "A jovem Margarida e as proezas do amor", originalmente manuscrito em 1947 e publicado só em 2023. Ele recebeu ontem o título de Cidadão Honorário de Brasília
No dia em que completou 106 anos, a Câmara Legislativa do Distrito Federal concedeu o título de Cidadão Honorário de Brasília ao pioneiro e repentista Arnaldo Júlio Barbosa, em sessão solene realizada ontem, no plenário.
Esta semana, ele foi anunciado como um dos finalistas do Prêmio Jabuti 2024, de literatura, na categoria “Escritor Estreante de Poesia”. Arnaldo Júlio publicou seu livro após seus 80 anos de idade. Ele chegou a Brasília em 1959 e, como pedreiro, ajudou a construir a nova capital.
Barbosa concorre ao prêmio pelo livro de poesias, escritas em cordel, “A jovem Margarida e as proezas do amor”, originalmente manuscrito em 1947 e publicado só em 2023. O livro tem 143 estrofes, estruturado em sextilhas, com versos metrificados em redondilha maior. A história conta o dilema de Margarida, uma jovem dividida entre dois amores, aquele com quem precisa se casar... e aquele com quem quer se casar.
O Prêmio Jabuti é o maior prêmio literário do Brasil, é um dos mais tradicionais e é concedido anualmente pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), desde 1959. Atualmente, são 22 categorias. A cerimônia de premiação acontecerá no dia 19 de novembro, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.
Homenagem na Câmara Legislativa
O autor da homenagem, deputado Gabriel Magno (PT), destaca que Arnaldo Júlio Barbosa é um artista multifacetado da cultura popular brasileira, com atuação como repentista, autor, cordelista, músico, letrista, compositor e intérprete, cuja “jornada é marcada por uma paixão incansável pela arte e pelo comprometimento com a família, valores que ecoam ao longo de seus 106 anos de existência”.
Da história de vida do agraciado, o distrital destaca que Arnaldo Barbosa é autodidata e aprendeu a tirar o ritmo e a métrica de ouvido ainda quando criança, ouvindo outros repentistas e lendo os folhetos de cordel. Segundo Magno, as obras literárias e composições musicais de Arnaldo são marcadas pela literatura de cordel e exploram temáticas que vão da ciência à religiosidade, revelando um artista sensível e comprometido com a preservação da tradição.
Pioneiro, Arnaldo Barbosa chegou em Brasília em 12 de julho de 1959, e participou da edificação das quadras 107 e 108 Sul, bem como da Escola Parque da 308 Sul. Foi funcionário público da antiga Sociedade de Habitação de Interesse Social (SHIS), hoje Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB), onde, por sua dedicação, recebeu a Medalha de Honra ao Mérito do Governo do Distrito Federal.