Por: William França

BRASILIANAS | Oficial do Exército mata cadela da vizinha com arma de caça porque ela 'atrapalhava o sossego dele'

O militar do Exército, Cesar Ricardo Stoll, que usou uma arma de caça para matar a cadela Cristal | Foto: Arquivo pessoal/Internet

O militar, que está na reserva, foi preso em flagrante e a arma (de uso restrito e usada em caça) foi apreendida, mas ele não ficou muito tempo detido. Ontem foi solto pela Justiça Militar, na audiência de custódia. Se disse triste – não com o ocorrido, mas por estar sendo exposto na mídia

Macaque in the trees
A cadela Cristal, de 6 anos, que "perturbava o sossego" do militar | Foto: Internet/Divulgação

O oficial da reserva do Exército Cesar Ricardo Stoll, de 69 anos, deu tiros com um rifle - de uso restrito e usado para caça - e acabou matando a cadela Cristal, de 6 anos, uma SRD de pequeno porte que morava com o casal de tutoras no Condomínio Vivendas Campestre, em Sobradinho II. O crime aconteceu na segunda-feira pela manhã e ele foi preso em flagrante.

Inicialmente, após os disparos, o militar negou que tivesse feito qualquer ação contra o animal. Mas, a partir da denúncia de uma das tutoras - que viu o momento em que ele guardou a arma no carro -, a Polícia Militar (chamada para o caso) constatou que havia mesmo uma arma com ele.

Mas o oficial tentou dissimular o ocorrido. Primeiramente, negou que tivesse feito qualquer ação contra a cadela - mesmo quando a tutora da Cristal narrou à PM ter ouvidos os tiros e os gritos de dor e o choro dela. Depois, disse à PM que atirou com uma espingarda de chumbinho.

Quando da prisão, o oficial do Exército foi conduzido à 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho II), e a arma utilizada para efetuar os disparos também foi apreendida. Porém, a Polícia Civil constatou que a arma apresentada por Cesar Stoll era inoperante, o que levantou suspeitas sobre a veracidade da versão apresentada pelo oficial do Exército.

A PCDF, então, aprofundou as investigações e, com base no depoimento da tutora da cachorra - que descreveu a arma -, realizou buscas na residência do oficial, onde foi encontrado um rifle CBC calibre 22, arma que correspondia à descrição feita pela vítima e aos projéteis encontrados na Cristal.

Somente após ser confrontado com a nova evidência, o oficial confessou ter utilizado o rifle para atirar no animal. Em depoimento, ele disse que fez os disparos porque "o pet perturbava o sossego dele". Diante dos fatos, ele foi autuado em flagrante pela PCDF pelo crime de maus-tratos a animais, crime previsto no artigo 32 da Lei nº 9.605/98.

Por ser um oficial da reserva do Exército Brasileiro, Cesar Stoll foi encaminhado à prisão militar. Ontem à tarde, durante audiência de custódia, ele foi liberado e deve responder em liberdade.

Cristal levou dois tiros - um na barriga e outro no pescoço -, não resistiu aos ferimentos e morreu ontem, pela manhã, um dia após ser alvejada. Já tinha passado por uma cirurgia para retirar os projéteis.

A incrível incapacidade de desculpar-se

Segundo nota da defesa de Cesar Stoll, o militar quer "tornar pública a sua imensa tristeza" - mas não com o acontecido, que resultou na morte da Cristal. O oficial está triste "ao ver sua imagem estampada nas mídias" e alega presunção de inocência (apesar de todas as evidências e da confissão na delegacia).

"Brasilianas", deste Correio da Manhã, que tem como uma de suas pautas a defesa da causa animal, cumpre aqui o seu dever, dentro da missão constitucional de defender a atividade jornalística independente e livre. Está aí (acima e abaixo) a foto do responsável pela morte da Cristal.

Macaque in the trees
Segundo César Ricardo Stoll, Cristal perturbava o sossego dele | Foto: Internet/Divulgação