BRASILIANAS| Falta de qualificação e de experiência dificultam contratações no DF

De maneira inédita, Pesquisa Distrital por Amostra de Empresas (PDAE) indica que 43,5% das empresas do DF relatam dificuldades para contratar, especialmente pela falta de candidatos qualificados e com experiência

Por William França

Mão-de-obra na área de TI é uma das mais requisitadas e onde faltam mais profissionais

De maneira inédita, Pesquisa Distrital por Amostra de Empresas (PDAE) indica que 43,5% das empresas do DF relatam dificuldades para contratar, especialmente pela falta de candidatos qualificados e com experiência

O Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPE-DF) apresentou ontem (27), a Pesquisa Distrital por Amostra de Empresas (PDAE) de 2023. Ela traz uma visão ampla do mercado empresarial no Distrito Federal.

Dentre os vários dados apresentados, a pesquisa destacou a necessidade de alinhar melhor a formação técnica e superior às demandas do mercado de trabalho das empresas do Distrito Federal. A maior dificuldade relata pelas empresas é a falta de candidatos qualificados (61,4%) e os que tenham experiência (52,9%). Cerca de 43,5% das empresas entrevistadas indicaram que 43,5% têm dificuldades para contratar.

Dentre as atividades, funções de vendedores, atendentes, motoristas e profissionais de TI, por exemplo, são as mais difíceis de preencher, indicando uma lacuna entre a formação disponível e as demandas do mercado - segundo as empresas.

"Investimentos em capacitação profissional, ampliação de programas de inclusão e diversificação das estratégias de recrutamento são essenciais para superar as dificuldades relatadas pelas empresas", afirma o relatório.

A pesquisa utilizou uma amostra representativa de empresas de diversos setores e portes, incluindo serviços, comércio, construção civil, indústria e agropecuária. Abrangendo todas as Regiões Administrativas do DF, o estudo investigou práticas de contratação, capacitação e retenção de trabalhadores, por meio de entrevistas com responsáveis pelas contratações, como gerentes, chefes de Recursos Humanos e proprietários.

"Os resultados destacam desafios e oportunidades que podem guiar o desenvolvimento de políticas públicas e ações estratégicas para melhorar o mercado de trabalho e fortalecer a economia local", destaca

"Brasilianas" destaca os principais resultados:

  • Os jovens com até 29 anos representam uma parcela significativa do mercado de trabalho, com destaque para o setor de comércio, onde compõem 40,3% da força de trabalho. O setor de serviços também apresenta alta participação, com 37,2%, seguido pela indústria, com 35,9%
  • Trabalhadores com formação superior estão presentes em 63,4% das empresas, enquanto 46,1% possuem funcionários com qualificação técnica. Apesar de estagiários estarem presentes em 18% das empresas, apenas 6,8% contam com trainees, que demandam maior qualificação.
  • A contratação é predominantemente feita por indicações, seja de pessoas da própria empresa (62,7%) ou externas (37,8%). Ferramentas digitais, como sites de vagas (29%) e redes sociais (21,2%) ganharam espaço.
  • Poucas empresas adotam práticas de inclusão e diversidade. Apenas 17,6% possuem programas voltados para esses temas, sendo que as iniciativas são mais comuns em grandes empresas (69,5%), enquanto microempresas apresentam baixa adesão (13,2%).
  • Manter profissionais qualificados também é um desafio para 21,4% das empresas, principalmente por questões comportamentais, ou falta de preparo técnico. O comportamento inadequado foi apontado como a principal razão para dificuldades na retenção.
  • Empresas têm investido em treinamentos internos, com 60,2% das participantes adotando essa estratégia para mitigar lacunas de habilidades. Entre as principais deficiências estão o trabalho em equipe, a comunicação e o atendimento ao cliente. Apesar disso, 70% das empresas se declararam satisfeitas com a formação de seus funcionários, especialmente nos níveis superiores.
  • O teletrabalho ainda é pouco explorado no DF. Apenas 14,1% das empresas adotam regimes híbridos ou remotos, com maior adesão entre as grandes empresas. A principal justificativa para a baixa adesão é a natureza presencial das atividades, ou a percepção de maior eficiência no trabalho presencial.