Por: William França

BRASILIANAS | Ibaneis 'doa' estacionamento público ao STF e irrita a Câmara Federal

A área (até então pública) que está fechada é esta, ao lado do STF, na Praça dos Três Poderes | Foto: Brasilianas

Sem aviso prévio, área pública com 271 vagas está fechada. Ao que se sabe (até agora), por ordem de Ibaneis Rocha

Há uma semana, os servidores e o público que frequenta a Câmara dos Deputados se depara com um estacionamento - até então público - que foi fechado, sem aviso prévio. Ele tem 271 vagas e fica situado numa área pública, entre o prédio principal do Supremo Tribunal Federal e os anexos I e II da Câmara dos Deputados.

Mas, por que ele está fechado?

As respostas vão desde "O Ibaneis doou para o Supremo", passando por "O governador privatizou", até "O governador mandou fechar". Mas ninguém explica nada.

"Brasilianas" questionou o gabinete do governador Ibaneis Rocha (MDB) e não obteve nenhuma resposta. Questionou a Administração Regional do Plano Piloto, que disse não ter nada com a história, porque não tem gestão sobre a Praça dos Três Poderes.

Esta coluna questionou a Assessoria de Imprensa da Câmara dos Deputados, que não se posicionou, por não ter o que falar. Questionou também a Assessoria de Imprensa do Supremo Tribunal Federal, que afirmou não ter nenhuma resposta. O Iphan foi questionado, também, e disse que não tem informações sobre o acontecido.

O que se sabe, até este momento, é que somente veículos e pessoas autorizados pelo STF podem acessar o espaço (reitero, até então público). Quem contou um pouco do que é foi o vigia, que está encarregado de barrar os usuários do espaço: "O Supremo pediu e o governador deu a ordem", explicou.

Nos corredores da Câmara, já se levantou até mesmo a constitucionalidade da medida, uma vez que a área (até onde se sabe) é pública. "Onde está o Ministério Público, que não vê essa barbaridade contra o PPCUB?", afirmou um servidor da Câmara, ouvido por esta coluna, citando as regras do tombamento de Brasília.

Outros alegaram que a decisão está relacionada ao recente ataque à bomba ao prédio do STF, no último 14 de novembro, quando um desequilibrado mental se imolou após espalhar explosivos por toda a área.

Um dos potenciais prejudicados por essa decisão (não discutida com ninguém) é a Casa de Chá, administrada pelo Senac-DF, que agora passa a não dispor de nenhum estacionamento possível na Praça dos Três Poderes. Provavelmente, sentirá os impactos dessa restrição.

Além do bloqueio das vagas, a irritação dos usuários se torna ainda maior porque foi fechada a única saída da via S-2 para a Praça dos Três Poderes, o que dá um nó no trânsito da região. Não se conhece nenhum estudo sobre o impacto (negativo) com essa interdição do fluxo de trânsito.

Uma possível explicação foi dada pelo próprio Ibaneis Rocha, quando no último dia 27 compareceu ao Supremo Tribunal Federal para assinar o termo que autoriza a licitação de projetos para construção de um estacionamento subterrâneo no STF. A previsão é que o espaço tenha 600 vagas para veículos, das quais 500 serão reservadas para o efetivo do tribunal.

Sem citar o atual espaço (público), o governador afirmou: "Eu, que sou advogado de formação, sei a dificuldade que é para conseguir vagas nesse lugar. Então, teremos que atuar de forma conjunta para melhorar esses acessos e dar mais segurança para as pessoas, em parceria com o Governo Federal, para iluminar melhor essa região, trazendo mais segurança para os servidores, para os advogados, e para todos que circulam aqui e que muitas vezes precisam sair num horário mais avançado por conta do trabalho."

Dessa fala, depreende-se que foi mesmo o governador quem mandou fechar. Ele só não teve a gentileza de perguntar à Câmara dos Deputados o que achava dessa medida. Nem ao público, que usa(va) o espaço - público, reitero.

Mas, ele poderia fazer isso?

"Brasilianas" continua aguardando alguma explicação de alguém...