Sala Martins Pena será entregue sexta (20). Paisagismo do foyer e da área externa é repaginado, e segue o projeto modernista
A primeira etapa da obra do Teatro Nacional Claudio Santoro será entregue aos brasilienses na próxima sexta-feira (2o). Em fase de ajustes finos, o foyer da Sala Martins Pena e área externa receberam os trabalhos de paisagismo. Segundo a Novacap, foi feita a limpeza dos canteiros, além da manutenção e plantio de novas mudas.
O serviço segue o projeto paisagístico de Burle Marx, com adequações. "São 200 metros de canteiro que estão sendo repaginados. Tivemos que suprimir algumas espécies originais por não se adequarem, mantendo, claro, o projeto original de Burle Marx", disse à Agência Brasília, do GDF, o titular da Diretoria das Cidades da Companhia Urbanizadora da Nova Capital, Raimundo Silva.
"No foyer da Martins Pena, temos plantas pequenas e adequadas para as áreas sombreadas, como a estrelícia augusta. Já na área externa temos as yuccas", complementa. Ao todo, estão sendo plantados 85 novos arbustos e 10 palmeiras, além de ervas e folhagens.
Espaços reajustados e outros criados
Considerado um dos maiores complexos culturais do país, o Teatro Nacional Claudio Santoro conta com uma área de 500 mil metros quadrados. Por se tratar de uma estrutura tão grande, a edificação foi construída com alguns "vazios" que foram "descobertos" durante o processo de concepção dos projetos para a obra de restauro do equipamento público.
Essas brechas no projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer foram usadas para a inclusão de novos e importantes ambientes na primeira etapa da reforma.
"O Teatro Nacional foi executado meio que ao mesmo tempo da execução do projeto. Então algumas informações nas plantas não condizem com que foi feito. Quem nos abriu as brechas foi o projetista Bruno Contarini [engenheiro da obra original]. Ele nos deu a possibilidade de vasculhar", comenta a diretora executiva da Solé Associados, empresa responsável pelo projeto, Antonela Solé.
Sistema anti-Covid
É o caso do novo sistema de ventilação do teatro, que ocupa uma área embaixo da plateia da Sala Martins Pena, onde antes só havia terra. Agora, o espaço conta com uma estrutura para receber o ar da sala por meio de dutos de ventilação instalados debaixo das novas poltronas. O objetivo é garantir a troca de ar no ambiente.
"É feita essa sucção por baixo para ajudar no encaminhamento natural do ar para a área", explica a diretora-executiva da Solé Associados, empresa responsável pelo projeto, Antonela Solé. "Num caminho menor, o ar não sairia. Ele precisa desse equipamento que faz uma leve sucção para que o ar seja puxado e purificado."
Além de garantir a troca de ar no ambiente, o sistema de ventilação é um mecanismo importante em casos de incêndio, complementa a gestora: "Esses dutos também trabalham em momentos de sinistro fazendo o efeito reverso. Eles sugam a fumaça e a tiram do ambiente".
O novo sistema servirá de base para todo o teatro e terá as conexões feitas nas próximas etapas. É do modelo sugerido por especialistas para evitar o reuso do ar, o que favorece, por exemplo, o combate à proliferação do virus da Covid-19.
Outro espaço que foi aproveitado entre os vazios do teatro está no foyer da Sala Martins Pena. Uma área na sequência da bomboniere e da bilheteria deu lugar a novos banheiros, incluindo um acessível para pessoas com deficiência (PcDs) e um fraldário.
Nova etapa começa nesta quarta-feira
Nesta quarta-feira (18) o GDF pretende fazer o lançamento do edital de licitação da segunda etapa da obra de restauração. Serão investidos R$ 320 milhões na próxima fase da obra. Os projetos das demais etapas incluem a Sala Villa-Lobos, o Espaço Dercy Gonçalves, a Sala Alberto Nepomuceno, o anexo do Teatro e uma fase extra, denominada como a quinta, que prevê a instalação de elevadores de palco.
"Fiz o compromisso de revitalizar esses ambientes do Distrito Federal que estavam fechados há muitos anos e sem nenhuma providência. No que diz respeito ao teatro, vencemos a primeira etapa da obra e vamos entregar dia 20 a Sala Martins Pena e aguardamos com isso dar sentido de retomada para a sociedade e para o setor cultural do DF", afirmou Ibaneis Rocha.
Segundo o governador, "os recursos estão assegurados".
Sobre a Reforma
O Teatro Nacional Claudio Santoro foi fechado em 2014 após determinação do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) e do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT). Na época, foram enumeradas mais de 100 irregularidades, reunidas em 13 grandes grupos - tais como falta de acessibilidade e de rotas de fuga.
Em 2022, o governador Ibaneis Rocha (MDB) decidiu usar recursos diretos do Governo do Distrito Federal (GDF), após infrutíferas tentativas de usar recursos federais ou de incentivo culturais para a obra.
A viabilidade da reforma só ocorreu depois que o GDF decidiu fracionar o projeto em quatro etapas. Em dezembro daquele ano, foi iniciada a primeira dela, a obra de restauração pela Sala Martins Pena e seu respectivo foyer.
Inicialmente orçada em R$ 43 milhões, o projeto foi ajustado e resultou no custo de R$ 70 milhões por meio da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF)
Esta primeira etapa, que será entregue esta semana, resultou na adequação da infraestrutura, como sistema de refrigeração, de ar-condionado e de prevenção de incêndios - que será utilizada, também, nas demais áreas do complexo.