BRASILIANAS | Ibaneis 'doa' estacionamento público ao STF e irrita a Câmara Federal
Sem aviso prévio, área pública com 271 vagas está fechada. Ao que se sabe (até agora), por ordem de Ibaneis Rocha
Sem aviso prévio, área pública com 271 vagas está fechada. Ao que se sabe (até agora), por ordem de Ibaneis Rocha
Há uma semana, os servidores e o público que frequenta a Câmara dos Deputados se depara com um estacionamento - até então público - que foi fechado, sem aviso prévio. Ele tem 271 vagas e fica situado numa área pública, entre o prédio principal do Supremo Tribunal Federal e os anexos I e II da Câmara dos Deputados.
Mas, por que ele está fechado?
As respostas vão desde "O Ibaneis doou para o Supremo", passando por "O governador privatizou", até "O governador mandou fechar". Mas ninguém explica nada.
"Brasilianas" questionou o gabinete do governador Ibaneis Rocha (MDB) e não obteve nenhuma resposta. Questionou a Administração Regional do Plano Piloto, que disse não ter nada com a história, porque não tem gestão sobre a Praça dos Três Poderes.
Esta coluna questionou a Assessoria de Imprensa da Câmara dos Deputados, que não se posicionou, por não ter o que falar. Questionou também a Assessoria de Imprensa do Supremo Tribunal Federal, que afirmou não ter nenhuma resposta. O Iphan foi questionado, também, e disse que não tem informações sobre o acontecido.
O que se sabe, até este momento, é que somente veículos e pessoas autorizados pelo STF podem acessar o espaço (reitero, até então público). Quem contou um pouco do que é foi o vigia, que está encarregado de barrar os usuários do espaço: "O Supremo pediu e o governador deu a ordem", explicou.
Nos corredores da Câmara, já se levantou até mesmo a constitucionalidade da medida, uma vez que a área (até onde se sabe) é pública. "Onde está o Ministério Público, que não vê essa barbaridade contra o PPCUB?", afirmou um servidor da Câmara, ouvido por esta coluna, citando as regras do tombamento de Brasília.
Outros alegaram que a decisão está relacionada ao recente ataque à bomba ao prédio do STF, no último 14 de novembro, quando um desequilibrado mental se imolou após espalhar explosivos por toda a área.
Um dos potenciais prejudicados por essa decisão (não discutida com ninguém) é a Casa de Chá, administrada pelo Senac-DF, que agora passa a não dispor de nenhum estacionamento possível na Praça dos Três Poderes. Provavelmente, sentirá os impactos dessa restrição.
Além do bloqueio das vagas, a irritação dos usuários se torna ainda maior porque foi fechada a única saída da via S-2 para a Praça dos Três Poderes, o que dá um nó no trânsito da região. Não se conhece nenhum estudo sobre o impacto (negativo) com essa interdição do fluxo de trânsito.
Uma possível explicação foi dada pelo próprio Ibaneis Rocha, quando no último dia 27 compareceu ao Supremo Tribunal Federal para assinar o termo que autoriza a licitação de projetos para construção de um estacionamento subterrâneo no STF. A previsão é que o espaço tenha 600 vagas para veículos, das quais 500 serão reservadas para o efetivo do tribunal.
Sem citar o atual espaço (público), o governador afirmou: "Eu, que sou advogado de formação, sei a dificuldade que é para conseguir vagas nesse lugar. Então, teremos que atuar de forma conjunta para melhorar esses acessos e dar mais segurança para as pessoas, em parceria com o Governo Federal, para iluminar melhor essa região, trazendo mais segurança para os servidores, para os advogados, e para todos que circulam aqui e que muitas vezes precisam sair num horário mais avançado por conta do trabalho."
Dessa fala, depreende-se que foi mesmo o governador quem mandou fechar. Ele só não teve a gentileza de perguntar à Câmara dos Deputados o que achava dessa medida. Nem ao público, que usa(va) o espaço - público, reitero.
Mas, ele poderia fazer isso?
"Brasilianas" continua aguardando alguma explicação de alguém...