Crianças comem mais hambúrguer

Por Mateus Lincoln

O consumo de hambúrguer por crianças de 2 a 4 anos aumentou no Distrito Federal em 2023, segundo o Boletim de Vigilância Alimentar e Nutricional da Secretaria de Saúde (SES-DF). O estudo, que analisou dados de 35,5 mil pessoas, mostrou que 36% dessa faixa etária consumiram o alimento no ano passado, contra 28% em 2022. Entre os fatores apontados para o crescimento estão o aumento do uso de delivery e mudanças no estilo de vida.

A nutricionista Hellen Yohanna, especialista em nutrição comportamental, alerta para o impacto desses hábitos na saúde infantil. Segundo ela, a ingestão frequente de ultraprocessados contribui para o aumento da obesidade e prejudica a formação de hábitos alimentares saudáveis. "Essa prática habitua as crianças a não sentirem mais prazer em comer alimentos in natura, o que reduz o interesse por opções naturais", afirmou.

O relatório indicou ainda alta no consumo de hambúrguer entre adolescentes e adultos. Na faixa de 10 a 19 anos, o índice passou de 39% em 2022 para 50% em 2023. Entre adultos, o crescimento foi de 28% para 35%. Além disso, 77% dos adolescentes relataram o hábito de fazer refeições assistindo TV, prática que dificulta a percepção de saciedade.

Hellen citou que a dependência de delivery impacta negativamente a cultura alimentar familiar. "Quando a frequência de pedir comida por aplicativos aumenta, diminui o hábito de cozinhar em casa, o que afeta a transmissão de referências culturais de alimentação", disse.

Outro dado preocupante é o aumento da obesidade infantil. Mais de 9% das crianças de 2 a 4 anos apresentaram sobrepeso em 2023, enquanto 4% foram diagnosticadas com obesidade. A faixa etária de 5 a 10 anos foi a mais afetada, com 12% das crianças acima do peso.

Resultados indicam a necessidade de ampliar campanhas de educação alimentar nas escolas. Em 2023, o consumo de verduras e legumes ficou abaixo dos níveis de 2022, uma diminuição dos hábitos saudáveis.