BRASILIANAS | Brasília é vice-campeã em venda de carros elétricos

Em 2024, a cidade emplacou 16.061 carros eletrificados em 2024. Crescimento de 250% em relação a 2023. Mudança em regra do IPVA pode frear esse crescimento

Por William França

Os carros elétrificados ainda não são fabricados no Brasil. Maioria é de origem chinesa

Em 2024, a cidade emplacou 16.061 carros eletrificados em 2024. Crescimento de 250% em relação a 2023. Mudança em regra do IPVA pode frear esse crescimento

O mercado de carros elétricos continua aquecido no Distrito Federal. Dados consolidados de vendas de veículos elétrificados fornecidos à "Brasilianas" pela Associação Brasileira de Veículos Eletrificados (ABVE) colocam Brasília na vice-liderança de vendas em todo o país.

Em 2024, foram emplacados 16.061 veículos eletrificados no DF. Esse número é duas vezes e meia maior (ou 250%) que o registrado em 2023. Que, por sua vez, já tinha sido 261% maior que em 2022, quando saltou de 2.450 emplacamentos em 2022 para 6.401 em 2023.

Os números de eletrificados se referem à soma de veículos elétricos híbridos plug-in (PHEV), elétricos 100% a bateria (BEV) e elétricos híbridos convencionais sem recarga externa (HEV). Incluem automóveis, SUV e comerciais leves.

No país, a cidade de São Paulo continua na liderança, com 24.435 emplacamentos. Depois de Brasília (a segunda colocada), aparece a cidade do Rio de Janeiro (7.864 veículos), Belo Horizonte (6.226 emplacamentos) e Curitiba, com 6.182 emplacamentos.

Dos modelos mais emplacados no DF, os cinco primeiros são da montadora BYD (modelos Song Plus e Dolphin), seguidos pela GWM (Haval H6) e Toyota (XRX Hybrid).

Impulso para a compra do eletrificado

Segundo dados do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), no total o DF tem pouco mais de 31 mil veículos eletrificados em circulação - pouco mais de 1,5% de toda a frota hoje licenciada, que é de pouco mais de 2 milhões de veículos.

Vários são os fatores que estimulam o crescimento do mercado de veículos elétrificados no DF. O alto poder aquisitivo (a frota de veículos do DF é a mais nova do país) associado à utilização de painéis de energia fotovoltáica nas residências (o que reduz o custo com o "combustível" - no caso, a energia elétrica) estão entre eles.

Também pesa o fato de o Distrito Federal ser a única unidade federativa que oferece 100% de isenção do IPVA para carros elétricos e todos os tipos de híbridos registrados no seu território, ao longo de toda a vida útil do veículo. Segundo dados da Associação Brasileira de Proprietários de Veículos Eletrificados (Abrave), dez outros Estados (além do DF) também oferecem isenção do IPVA, mas apenas de forma parcial.

Mudança nas regras pode atrapalhar

Mas, uma mudança nas regras, feita pela lei 7.601/2024, proposta pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) e aprovada na Câmara Legislativa do DF em dezembro do ano passado, faz um ajuste que pode dificultar na manutenção desse crescimento aqui na cidade.

A questão é relacionada à emissão da nota fiscal. Para efeito da isenção do IPVA para os veículos eletrificados, a nota tem de ser emitida por uma concessionária no DF e com endereço fiscal também aqui.

A grande maioria das revendedoras, no momento, apesar de estarem instaladas em Brasília emitem a nota fiscal da empresa-mãe, a importadora, que normalmente é baseada no Estado de São Paulo. Fazem a fatura (emissão) diretamente para o consumidor, sem citar a empresa local.

Assim, para o Governo do Distrito Federal, a partir da novas regras, "a nota não vale" para a isenção. Segundo o Detran-DF, cerca de 11% dos veículos emplacados no DF tiveram nota emitida em outros Estados (cerca de 3.500 veículos). Para esses, não haverá mais isenção.

Dentre as novas regras, o GDF também exige que, no momento do emplacamento, o titular do veículo não esteja com o CPF no cadastro de Dívida Ativa do fisco local. Se for CNPJ, a empresa tem de estar em dias também com as suas obrigações sociais - inclusive federais - além das obrigações fiscais.