BRASILIANAS | GDF mantém tarifas de ônibus congeladas até 2026
A promessa é do governador Ibaneis Rocha. As passagens mantém os valores de 2020. Ano passado, o subsídio custou R$ 1,608 bi ao GDF
A promessa é do governador Ibaneis Rocha. As passagens continuarão com os valores vigentes desde janeiro de 2020, o que significa que o GDF pagará a diferença. Ano passado, esse subsídio custou R$ 1 bilhão e 608 milhões
Numa decisão política do governador Ibaneis Rocha (MDB), os usuários do transporte público vão continuar pagando os mesmos valores das passagens de ônibus urbano e de metrô que eram vigentes em janeiro de 2020, quando ele iniciou o segundo ano do seu primeiro mandato.
E a promessa dele, agora, "tem validade": até o fim deste seu segundo mandato, em janeiro de 2026 - ainda que ele deixe o GDF em abril de 2025 para concorrer ao Senado, como ele mesmo já havia informado.
O anúncio do congelamento foi feito ontem pelo secretário de Transporte e Mobilidade do DF, Zeno Gonçalves. "É uma determinação direta do governador, pensando no trabalhador, no pai de família e em todos os usuários do transporte público", afirmou Zeno.
Em entrevistas a outros veículos de comunicação, o próprio Ibaneis Rocha tratou os subsídios que o GDF paga às cinco empresas que atendem o transporte público, além do Metrô-DF, como "transferência de renda para os que mais precisam".
No comunicado oficial do não-reajuste, a nota do GDF tem um tom quase irônico: "Enquanto sete capitais brasileiras iniciaram o ano de 2025 com reajustes nas tarifas de ônibus...", em referência ao anúncio de reajustes nas tarifas de Florianópolis (SC), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), São Paulo (SP), Natal (RN), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE). "... o Distrito Federal optou por manter os valores atuais", conclui a primeira frase da nota à imprensa.
Sem subsídio, passagem a R$ 13
Se fossem feitos os reajustes devidos e se o GDF não pagasse a diferença entre os custos reais e a arrecadação - ou seja, se não houvesse subsídio às cinco empresas, as passagens que hoje custam R$ 2,70, R$ 3,80 e R$ 5,50 (dependendo da distância percorrida pela linha) poderiam custar até R$ 13. Mais do que o dobro do valor pago hoje.
"Brasilianas" apurou que, em 2024, esse subsídio foi de R$ 1 bilhão e 608 milhões. Esse é o valor que o GDF pagou diretamente pelos cofres públicos, por meio do caixa geral do governo. Todos pagam, mesmo quem não usa os ônibus no DF.
Segundo o GDF, essa é a chamada "tarifa técnica" - política que beneficia os usuários do transporte coletivo ao evitar que o custo total do sistema recaia integralmente sobre os passageiros.
Nesse total, está incluindo o custo da operação (que incluem, por exemplo, a folha de pagamento dos motoristas e cobradores, além dos gastos com combustíveis e manutenção, além da renovação da frota) e o pagamento da Dívida de Exercícios Anteriores (DEA). Em 2024, R$ 380 milhões foram repassados a título dessa dívida.
Subsídio em 2024 foi o menor em 3 anos
"Brasilianas" obteve o valor que o GDF pagou, para cada uma das empresas, a título de compensação, de 2021 a 2024 (veja a tabela). No ano passado, num comparativo, pode-se constatar que o subsídio foi o menor desde 2022.
Vale ressaltar que esses valores listados na tabela não levam em conta eventuais pagamentos de dívidas anteriores (DEA).
O valor total pago às empresas de ônibus nos últimos quatro anos foi de R$ 5.293.792.619,11 (cinco bilhões, duzentos e noventa e três milhões, setecentos e noventa e dois mil seiscentos e dezenove reais e onze centavos).
A empresa Pioneira foi a que mais recebeu repasses do GDF, seguida pela Piracicabana.