Anúncio da compra de 248 painéis, ao custo de R$ 13,7 milhões, foi feito em site oficial
Hoje (19), completam-se exatos 100 dias desde que a Companhia do Metropolitano do DF (Metrô-DF) concluiu uma licitação, de R$ 13,7 milhões, para que os usuários que usam esse sistema de transporte urbano possam tem um item considerado básico no seu dia a dia: informação sobre o horário que o trem vai passar na estação.
Há quase um ano, "Brasilianas" vem cobrando respostas do Metrô-DF quanto ao sucateamento dos painéis que informam (ou deveriam informar) os horários de saída e chegada dos trens nas 27 estações que compõem a rede.
Quase nenhuma estação tem um painel. Eles foram sendo retirados à medida que pifavam. Atualmente, a que (ainda) possui mais painéis é a estação da Rodoviária do Plano Piloto, que tem dois - mas, dependendo por onde o usuário desça a escada de acesso à plataforma, não vê nenhuma informação. Eles estão de costas para o público.

Trens iguais confundem usuário
Para o leitor que (ainda) não usou o Metrô no DF, o problema é ainda maior no trajeto entre o terminal da Rodoviária do Plano Piloto e Águas Claras. Neste trecho, passam duas linhas (Ceilândia e Samambaia) e a única identificação possível para saber qual é o trem que está na estação é se o usuário tiver tido a oportunidade de ler o letreiro, que fica na frente do trem, quando ele se aproxima.
Se o usuário não olhou para qual linha era aquele trem no momento em que ele estava chegando... dançou! Os trens têm as mesmas cores. Confundem os usuários.
Segundo o Metrô-DF, foram comprados 248 equipamentos (telas de informação) no dia 9 de dezembro de 2024, por licitação. E, segundo promessa da própria empresa, no site oficial, eles seriam instalados em janeiro. Mas, estamos encaminhando para o final de março e, até agora, nada!
Ontem, questionada (mais uma vez) sobre o tema, a Assessoria de Imprensa do Metrô limitou-se a dizer "que os painéis já começaram a ser instalados". Mas não soube especificar onde, nem quantos.
Junta-se a isso uma outra falha operacional, ainda mais evidente por conta do "Vai de Graça", que liberou a catraca e não faz a cobrança do transporte público aos domingos e feriados. Cada vez menos é usada uma gravação que indica qual é a próxima estação.
Este colunista (que é usuário do Metrô) já se deparou com pessoas "completamente perdidas", sobre qual será a próxima estação e em qual ele deve descer. Até porque, a sinalização gráfica que se encontra na maior parte dos trens data do início do século... Várias das estações que hoje funcionam aparecem na comunicação gráfica como "em obras".
Quer saber uma curiosidade?
Lamentavelmente, não é a primeira vez que esta coluna tem de dedicar seu espaço para reclamações triviais de (mau) funcionamento do Metrô-DF.
Mas, talvez isso se explique por, digamos, "uma curiosidade": no início de outubro de 2024, "Brasilianas" entrevistou por quase duas horas o diretor-presidente da empresa, Handerson Cabral.
Entre várias considerações e anúncios de melhorias e obras, ele revelou - sem qualquer constrangimento aparente -, que desde a sua posse como presidente da empresa, em 8 de janeiro de 2019, ele só tinha usado o sistema de trens que preside POR DUAS VEZES. Isso mesmo que você leu, caro leitor: duas únicas vezes.
Ou seja: o presidente do Metrô-DF, durante mais de cinco anos, só usou os equipamentos da própria empresa em duas ocasiões. Disse que embora more em Águas Claras (mesmo bairro em que fica a sede da empresa), prefere usar o carro oficial.
É... talvez, se ele tivesse de pegar o trem na estação (e não soubesse em qual deles entrar), certamente o sistema de informação estaria funcionando. E há bem mais tempo, também.
