A “democracia” da XP só vale para a oposição a Bolsonaro

Confira o editorial da edição 24.006 do Correio da Manhã, de 3 de maio de 2022

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A “democracia” da XP só vale para a oposição a Bolsonaro

Dono da XP classifica “beijar a mão de Lula” como atitude sensata e pragmática

Por Cláudio Magnavita*

A postura de Guilherme Benchimol, fundador da XP, ao contrapor os ataques que sofreu nas redes pelo seu encontro com Lula, considerou normal se curvar para um presidente que pilotou o maior escândalo de corrupção do país. Uma pena que o Compliance da XP não tenha o refinamento de impedir o seu líder e fundador em se contaminar com incursões nada republicanas.

O histórico do PT no Governo pode ser traduzido no crescimento a jato da JBS ou ainda de banqueiros que estiveram no centro de operações, como André Esteves, do Pactual. Na sua resposta a um beija mão, Benchimol respondeu “Meu papel não é ficar esbravejando nas redes sociais, mas falar com todos os candidatos isonomicamente e tentar lhes demonstrar o caminho da prosperidade”. Ele chegou ao ápice ao afirmar que encontros com Lula são “em alguns momentos, sensatez e pragmatismo”. Nada demais para uma empresa que tem relação com o Itau, instituição da acionista Milu Vilela, que sempre esteve de mãos dadas com o petismo.

Se a incursão de Guilherme Benchimol com Lula é uma realidade, não há, porém, nenhum pedido de encontro com o atual presidente da República, e também pré-candidático à reeleição. O midas da XP limita a sua agenda a oposição ao bolsonarismo. Esteve com João Doria e Eduardo Leite. Faz parte do coro do sistema que deseja tirar Jair Bolsonaro a qualquer custo da presidência.

Em Brasília, existe um presidente que luta contra um sistema e trouxe para o país o expurgo da corrupção. Como cidadão, Benchimol vota e fala com quem quiser. Como gestor de uma instituição financeira, eleger com quem fala traduz muito as preferências que podem afetar o seu negócio.

Beijar a mão de Lula, ou render a sua articulação pré-eleitoral é um ato político. Assuma o seu gesto e não o camufle como interlocução democrática, já que ela é seletiva e só abre a porta para o lado da oposição. Fica cada vez mais evidente as forças que Bolsonaro enfrentará nas urnas em 2022.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã