Bolsonaro diz que estatuto da Petrobras não está acima da Constituição e que há mais 'para acontecer' na empresa
O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou, nesta segunda-feira (16), mais uma vez, a política de preços da Petrobras. Ele disse que o estatuto não está acima da Constituição e sinalizou mudanças na estatal.
Na semana passada, o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, realizou o primeiro reajuste do diesel de sua gestão, desagradando o chefe do Executivo.
"Todo mundo tem que colaborar, não é ganhar mais dinheiro na crise. É o que infelizmente alguns setores fazem, como a própria Petrobras. 'Ah tem o estatuto'. Estatuto esta acima da lei, não esta acima da Constituição. Então, tem o fim social da empresa", disse Bolsonaro a apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada.
O presidente já evocou antes o "fim social" da empresa, e criticou a política de preços da Petrobras, que motivou a troca no comando há cerca de um mês. Coelho já é o terceiro executivo desde que Bolsonaro assumiu o governo.
Ele já classificou como "estupro" aumento no preço da gasolina. Nesta segunda-feira, disse não ser possível lucro de 30% da Petrobras e, sem detalhar, indicou que vai intervir.
"Com toda certeza vamos entrar na Petrobras nessas questões também. Não é possível uma petrolífera dar 30% de lucro enquanto as outras, no máximo 15%, para atender interesse não sei de quem", afirmou.
"Tem mais coisa pra acontecer na questão da Petrobras. Já sabem o que está acontecendo. Não vou entrar em detalhes, está sempre fazendo alguma coisa para buscar alternativa".
O aumento do preço médio do diesel de 8,87% nas refinarias da Petrobras. A alta era esperada pelo mercado, diante da escalada das cotações internacionais nas últimas semanas, mas isso não impediu a irritação de Bolsonaro.
No governo, foi considerado um agravante o fato de o reajuste ter sido anunciado quatro dias depois da divulgação de um lucro de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre de 2022. O resultado, divulgado na quinta-feira (5), foi o terceiro melhor da história da companhia.
Dois dias depois de a estatal ter anunciado o reajuste, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, deixou a pasta. A troca, como o jornal Folha de S.Paulo mostrou, deixou Coelho fragilizado frente à Petrobras.
Segundo relatos, há dois principais motivos para a situação delicada: além de ter perdido seu padrinho político, Coelho despertou a antipatia do presidente Jair Bolsonaro (PL) após anunciar um novo reajuste do preço do diesel.
Pesa a favor de Coelho, contudo, o fato de que uma nova troca no comando da estatal poderia trazer mais desgaste para a Petrobras e para o governo.