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CORREIO BASTIDORES | 'Taxadd': Memes tomam conta das redes sociais

Haddad tem sido chamado de 'Taxad' nas redes sociais | Foto: Reprodução/X @philliphonorato

Os memes sobre o ministro Fernando Haddad (Fazenda) não brotaram da noite para o dia: cresceram de modo orgânico até tomar redes sociais e aplicativos de mensagem. É o que sugerem análises feitas para uma reportagem de Felipe Machado Maia, da Folhapress, por empresas de monitoramento.

Conforme o jornalista, dados da plataforma Buzzmonitor indicam que há menções à expressão "Taxadd", como o chefe da equipe econômica vem sendo chamado, durante todo este ano.

Já no primeiro dia de 2024 um usuário do X (antigo Twitter) criticava a "sanha arrecadatória do Lula e seu vassalo Taxadd", em resposta a um post de uma conta oficial do governo sobre o reajuste do salário mínimo. Entre os dias 1º e 7 de janeiro, usuários da rede social usaram a expressão 339 vezes.

Poucos dias antes, Haddad havia divulgado um pacote com medidas para evitar perda de arrecadação e reforçar o caixa da União neste ano -entre elas, a reoneração gradual da folha de pagamentos, tema ainda sem solução, e o fim do Perse, do qual teve de recuar e negociar um meio-termo após pressões do Congresso e de empresários.

O uso do apelido se manteve em níveis baixos, com máximo de 833 menções em meados de maio, até começar a crescer na semana passada e chegar a 895. "São depoimentos de pessoas claramente alinhadas à direita, mas não de bots [robôs] ou de perfis que têm investimento de mídia", diz Breno Soutto, head de insights do Grupo Elife, responsável pela plataforma.

 

Aumento com aproximação da 'taxa das blusinhas'

O cenário era o mesmo no WhatsApp. Nos últimos meses até aparecia um "Taxadd" ou outro em 80 mil grupos públicos monitorados pela empresa Palver, mas nada muito relevante.

O cenário era esse até que veio a segunda-feira (15). Naquele dia, Haddad foi chamado de Taxadd 3.294 vezes na rede de Elon Musk (com memes como "Taxando Pobre Adoidado", inspirado no filme clássico dos anos 80, ou "Taxamento às Cegas Brasil", do sucesso da Netflix).

Uma das explicações para a insatisfação poderia ser, por exemplo, a aproximação da entrada em vigor da "taxa das blusinhas", que vai recair sobre as compras de até US$ 50 em sites internacionais a partir de 1º de agosto.

Mas, para o Soutto, o gatilho para essa explosão foi a publicação, no X, de nota na coluna Painel, da Folha de S.Paulo, em que o secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, dizia que o apelido "não vai pegar" e o ministro ficará conhecido por reduzir impostos. Um terço das publicações (1.084) era replicação dos perfis @folha ou @folhapainel.

Na terça (16), o número de menções subiu para 15.012, um salto de 355%. No WhatsApp, o rosto do ministro apareceu 58 vezes a cada 100 mil mensagens nos grupos públicos (a taxa era de 5 na véspera).

Dados apontam contrário

Esse aumento tão expressivo pode gerar suspeitas de ação coordenada, mas, para Soutto, os dados sugerem o contrário. "Os perfis [que publicaram os memes] abordam temas diversos e existem há bastante tempo, coisa que não costuma acontecer com bots", diz.

Luis Fakhouri, diretor de estratégia da Palver, vai na mesma direção: "As pessoas gostaram da piada, houve a participação de alguns perfis da direita e isso deu popularidade para o tema". Informações de Felipe Machado Maia (Folhapress).