Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Lira adota escala 5x2 para votar temas pendentes

Arthur Lira decide apressar votações | Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

Arthur Lira (PP-AL) não quer saber de perder protagonismo nas três semanas que tem de poder real na presidência da Câmara dos Deputados (seu sucessor assuminará em 1º de fevereiro, na volta do recesso que começará no próximo dia 22).

Decidiu que, a partir da próxima semana, as sessões irão de segunda a sexta. O chamado esforço concentrado é para permitir votações importantes: do pacote econômico anunciado pelo governo, a outra parte da regulamentação da reforma tributária, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária.

Na noite de terça, ele se reuniu com lideranças partidárias para discutir o encaminhamento das medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

 

Pacote

O maior problema deverá ser a aprovação do pacote econômico. A oposição já fez críticas a algumas das medidas e tratou de surfar na onda da disparada da cotação do dólar. Mesmo assim, Lira avalia que haverá tempo para viabilizar a articulação de algum consenso.

Lula e Haddad

Quem conhece a cabeça de Lula avalia que a decisão do governo de convocar rede nacional para exposição do pacote por Haddad tem dois motivos: 1. terceirizar responsabilidades caso dê errado; 2. reforçar o ministro como eventual candidato à Presidência.

Zarattini: tentativa de golpe viabiliza mudança no 142

Deputado comemora apoio da bancada do PT | Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

Autor da Proposta de Emenda à Constituição que acaba com eventuais dubiedades do artigo 142 — que trata das Forças Armadas —, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) avalia que, desta vez, o projeto tem condições de conseguir o número de assinaturas. Isso, pelo detalhamento da participação de militares na tentativa de golpe de Estado.

Ele comemora o fato de a bancada do PT ter decidido adotar a proposta — ele ainda precisa de 26 apoios para que a PEC comece a tramitar.

A proposta quer retirar das funções das FFAA a defesa da lei e da ordem — hoje, qualquer dos três poderes pode convocá-las para este fim.

Congresso

À coluna, Zarattini afirma que, em mudanças que pretende fazer na PEC, incluirá um parágrafo que autoriza a mobilização das FFAA pelo presidente da República para resolver problemas internos — desde que seja previamente autorizado pelo Congresso Nacional.

Militares

Segundo ele, isso é para impedir que o mecanismo seja utilizado por um governante para perseguir adversários nos estados. O deputado apresentou a PEC para o ministro da Defesa, José Múcio, e para comandantes militares. Diz que não houve concordância absoltura.

Divergências

Diz que os comandantes concordam em criar mecanismos para afastar seus pares da atividade política, mas que resistem ao fim da possibilidade de convocação de GLO — Garantia da Lei e da Ordem, quando as FFAA são utilizadas na segurança pública.

Planalto

Ele admite que o Planalto não se entusiasmou com a PEC assim que ele começou a recolher assinaturas, depois do 8 de Janeiro. Reconhece também que o governo ainda não se move para apoiá-la. "Mas, agora, a iniciativa não é apenas de um deputado", frisa.