Por: Joaci Góes*

Dionísio Cerqueira, herói ignorado

O baiano Dionísio Evangelista de Castro Cerqueira (1847-1910), nascido na Fazenda Curralinho, no município de Castro Alves, foi um dos maiores heróis brasileiros, além de notável estadista, com marcantes contribuições para a manutenção da grandeza territorial nacional, através da superior qualidade técnica e jurídica da assessoria que prestou ao Barão do Rio Branco, nos contenciosos de fronteiras com a Argentina, Venezuela, Bolívia e França, com a última na fronteira com a Guiana Francesa. Sobrinho neto do Periquitão, herói do Dois de Julho de 1823, Dionísio teve como mãe Ana Fausta, prima carnal e amiga inseparável de Clélia, que viria a ser a mãe do maior poeta do Continente Americano, Antônio Frederico de Castro Alves, apenas 19 dias mais velho do que ele.

De família abastada, Dionísio seguiu para estudar no Rio de Janeiro, enquanto CastroAlves optava pelo Recife, afamado centro jurídico nacional, ao lado de São Paulo.

Quando Dionísio cursava o segundo ano do curso superior, estourou a guerra com o Paraguai, em 1865, fato que o levou, imediatamente, a apresentar-se como "voluntário da Pátria", antes mesmo de completar a idade mínima para o alistamento militar.

Sucessivamente laureado como Herói de Guerra, em cada uma das batalhas contra o ditador Solano López, Dionísio emergiu do palco da luta como um dos nossos grandes combatentes, ainda no verdor dos 23 anos de idade.

Daí em diante, Dionísio Cerqueira empreendeu vitoriosa carreira militar e política, reformando-se como General de Brigada, antes de empreender carreira política nos poderes Legislativo e Executivo, por três vezes como deputado federal pela Bahia, a primeira das quais como Constituinte, em 1891, reelegendo-se duas vezes mais, após o que ocupou as pastas das Relações Exteriores, Ministério da Guerra e Viação e Obras Públicas.

Esta personalidade solar da vida brasileira morreu em Paris, a 15 de fevereiro de 1910, pouco antes de completar 63 anos, quando cumpria o papel de Ministro Plenipotenciário dos interesses brasileiros, na França. No instante mesmo de sua morte, revisava os dois livros que nos deixou "Reminiscências da Campanha do Paraguai" e "Reminiscências da Fronteira".

Amanhã, 12 de agosto, atendendo a convite do presidente do TJBA, Desembargador Nilson Castelo Branco, falaremos sobre a vida e obra de Dionísio Cerqueira, como etapa final das atividades alusivas à reinauguração do Forum do Município de Castro Alves, berço do Chefe do Poder Judiciário da Bahia, que estará acompanhado de integrantes de nossa Côrte Superior de Justiça, inclusive da sua esposa, Desembargadora Federal Suzane Castelo Branco.

Também estarão presentes o Comandante da Sexta Região Militar, General de Divisão Marcelo Arantes Guedon, estudioso da vida e da obra de Dionísio Cerqueira, e o Coronel Paulo Coutinho, Comandante da Polícia Militar da Bahia.

É imperioso que aprendamos a honrar a memória de nossos heróis. Para começar, nada como tomar a decisão moralmente norteadora de não votarmos em ladrões.

*Jornalista

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