Por: Cláudio Magnavita

Coluna Magnavita: Brasília não compreende a decisão de Altineu Côrtes de racha o PL no Rio

Côrtes: críticas à delação feita por alguém preso | Foto: Agência Câmara

QUEM EXPLICA? - O mundo político de Brasília está perplexo com o que está acontecendo na política do Rio, principalmente com as ações das últimas 24 horas. O deputado Altineu Côrtes, presidente regional do PL — um dos partidos mais vitoriosos em outubro de 2022, elegendo a maior bancada do Senado, com suplente escolhido a dedo e o governador do Rio vencendo no primeiro turno —, resolveu implodir o status de vitorioso.

PERPLEXIDADE - Brasília não entendeu como o habilidoso Altineu resolveu se unir ao prefeito Eduardo Paes (PSD) e ao, ainda, presidente da Alerj, André Ceciliano, para derrotar o governador do próprio partido, na escolha do novo presidente da Casa Legislativa fluminense.

AÇÃO SUICIDA - Todos querem compreender a verdadeira razão deste movimento kamikaze. Pensar com o fígado é fruto de duas coisas: sexo ou conflito de interesses. O primeiro, claramente, está descartado. O que leva o presidente da legenda mais vitoriosa de 2022 colocar em risco o próprio espaço político partidário?

FOGO AMIGO - "Deus protegei-me dos amigos, porque dos inimigos eu cuido". Este mantra foi o mais usado neste início de semana. O movimento de oposição à eleição do deputado Rodrigo Bacellar surgiu no seio do próprio governo, com um secretário de Agricultura, um secretário de Ciência e Tecnologia e o detentor da Secretaria de Educação, se rebelando contra o governador. Todos alinhados. O cabeça da chapa de oposição, além dos secretários de Estado, é da mesma legenda de Cláudio Castro.

CASA NOVA - Consumado o motim, caberá a Castro deixar o PL. Juntos, vão uns oito deputados e, pelo menos, 23 prefeitos. E aí Altineu? O PL vai virar pigmeu? Para o governador, não restará outra alternativa. Deixará a legenda como a coluna antecipou, no dia 30 de janeiro.

MAIORIA - O grupo do governador contabiliza 41 votos e dois que não podem ser revelados. Impossível compreender como a Alerj tem um peso maior do que as secretarias que ficam vagas, além do próprio Detran.

FALTA JUÍZO - Uma raposa pacificadora da política fluminense fuzila: "Está faltando juízo na política fluminense e que alguns dirigentes pensem mais no estado do Rio do que nos seus interesses pessoais".

NÃO VIAJOU - A tomada da bastilha ocorreria com a ausência do governador Cláudio Castro em território nacional. Ele tinha uma viagem agendada para Lisboa e a tentativa de virada de mesa seria com ele no exterior. O movimento foi antecipado e Castro adiou a viagem. A sua palestra ocorrerá, agora, no sábado.

SEM CONSENSO - Uma proposta de conciliação foi apresentada, mas inaceitável. Até o nome indicado para a Secretaria Executiva foi recusado pelo próprio PT.

SÃO DIMAS - Os efeitos colaterais são previsíveis. Estão entregando São Gonçalo a Dimas Gadelha, do PT, eleito deputado federal. O PL vai ser reduzido e Altineu Côrtes perde espaço como líder nacional do próprio partido, por ter apunhalado correligionários e perdido o próprio governador, além de ter se aliado a adversários nacionais.

CARTA ESQUECIDA - Um novo governo do Rio nasce no dia 02 de fevereiro, com as bênçãos de Yemanjá. A rainha das águas vai trazer um novo retrato para um cenário no qual o protagonista está muito à vontade: o governador Cláudio Castro não concorre à reeleição. E está super 'a cavaleiro' para fazer as mudanças que o novo cenário impõe. Esta carta não está sendo lida.

ESTIMA - O que tem somatizado Cláudio Castro é o fato dele gostar imensamente de Altineu Côrtes e ser grato pela vitória. Ele tem confidenciado aos amigos que o que mais dói é a posição de antagonismo de uma pessoa a quem ele deposita alta consideração e gratidão.

GENEROSIDADE - Caberá ao vitorioso, agora, a generosidade para reconstruir um cenário pacificado e juntar os cacos que sobrarão nesta divisão partidária, depois da eleição da Alerj.  A unidade do Rio de Janeiro tem que ser a prioridade de todos.